Engatada em quinta marcha, a proliferação de gasodutos nos EUA baixará a probabilidade de reprise de um choque sentido na pandemia: a extrema depressão dos preços de gás natural e etano extraídos na Bacia do Permiano, campo de petróleo a sudoeste do país que lidera a produção nacional diária de barris do óleo cru. À época recessiva da covid-19, o galão de etano esteve cotado a US$ 0.12, rememora artigo postado em 11/12 no site Icis. Ao fim de 2024, o preço andava em US$ 0.20, mérito de uma relação mais palatável entre armazenamento e demanda desse insumo e da temporada de baixas temperaturas no Hemisfério Norte requerendo, como combustível gerador de aquecimento habitacional, do uso mais intenso do gás natural, do qual o etano é extirpado para a produção de eteno para termoplásticos por petroquímicas.
Daí a relevância do gasoduto Hugh Brinson que a empresa Energy Transfer pretende partir ao final de 2026 no campo Waha Hub, no oeste texano, considerado o principal indicador de preços para o gás natural obtidos dos poços da Bacia do Permiano, informa a matéria publicada pela consultoria Icis. O gasoduto vai bombear 1.5 bilhão de pés³ (1 m³ = 35.3 pés³) por dia para Maypearl, ao norte do Texas. Por sua vez, a joint venture Targa-WPC responde pela implantação do gasoduto Blackbomb, desenhado para remeter 2.5 bilhões de pés³ de Waha Hub à área de Agua Dulce, ao sul do Texas, esclarece a análise da Icis. As duas instalações efetuarão o transporte do gás natural originário da Bacia do Permiano evitando que os preços regionais do produto descambem para níveis negativos. No passado, esse desconforto pintou em momentos em que a capacidade dos gasodutos então disponíveis era insuficiente para desovar a contento o suprimento intenso e crescente de gás natural, em linha com o frenesi notado na mineração de óleo e derivados na Bacia do Permiano. Antes também dos projetos do Backbomb e Hugh Binson virem à tona, a partida do Matterhorn Express, outro gasoduto, já contribuiu para incrementar o transporte do gás natural de Waha Hub, impedindo a queda abrupta de suas cotações num patamar rubro.
Outra boa nova é o esforço em curso para ampliar as exportações americanas de etano, outra escora para estabilização do seu preço em níveis aceitáveis. A companhia Enterprise, por exemplo, anuncia o acréscimo de 120.000 barris/dia à capacidade exportadora disponível em 2025 do seu terminal Neches River e o segundo passo do projeto vai aflorar em 2026, com a incorporação de capacidade exportadora adicional de 180.000 barris/dia de etano. Já a empresa Energy Transfer também informa estar acrescentando infra para aumentar em 250.000 barris/dia a capacidade de seu terminal para exportar etano a partir da metade final de 2025. No âmbito do mercado interno, a reportagem no site Icis relata que apenas um cracker de etano deve partir em 2026 na petroquímica dos EUA – o investimento a quatro mãos no Texas das petroleiras Chevron Phillips e Qatar Energy.