Na esteira do consumo interno, noticiado então como super aquecido e com alto nível de emprego, a indústria de embalagens plásticas flexíveis produziu 2.332 milhões de toneladas em 2024. Embora tenha crescido 2,5% sobre 2023, o setor rodou com 73 % de ocupação, um nível minimamente aceitável, do ponto de vista econômico, para uma conjuntura tão favorável. Qual a explicação?
Não vimos um consumo superaquecido em 2024; diria que esteve moderado e com último trimestre em declínio. Nós estimávamos poder repetir 2023 com um crescimento ao menos 1 ponto % maior e, consequentemente, com uma capacidade de taxa de ocupação também melhor. O quarto trimestre do ano passado nos mostrou um desaquecimento que, por sinal, deve ter afetado o desempenho do nosso setor no primeiro trimestre de 2025.
A indústria de embalagens plásticas flexíveis aproveitou a demanda em 2024 para investir na expansão da capacidade instalada ou deve fechar 2025 no mesmo patamar de 3.2 milhões de t/a registrado no ano passado?
Em 2024, o consumo per capita de flexíveis chegou ao recorde de 11 kg ou 1.2 kg a mais que 10 anos antes. 2024 foi um ano regido por política econômica voltada para ampliar renda num ambiente sem ganhos de produtividade – um fator alimentador da inflação. Trata-se de um cenário sólido e confiável para a indústria de flexíveis cogitar investir na expansão de sua produção?
Nos últimos anos, o setor de flexíveis presenciou uma corrida de transformadores mais capitalizados do Sul/SE para montar filiais em Manaus, para desfrutar os benefícios fiscais e aduaneiros da Zona Franca. Esse movimento já enfraqueceu ou não em 2024 ou a tende ou não a esvaziar em 2025?
Nos últimos anos, agrofilmes têm sido o reduto de flexíveis de maior pique de crescimento. Embora ele permaneça na linha de frente em termos de demanda por segmento, sua produção caiu 2,1% em 2024 versus 2023, pela aferição da Abief. Foi o único nicho de flexíveis a acusar queda na produção no ano passado. Por que isso aconteceu?
Ainda em termos de market share do consumo por segmento de mercado, o reduto do varejo, tão robusto no passado, fechou 2024 com participação reduzida 3,9% ou 74.000 toneladas. O declínio, notado nos levantamentos recentes, configura tendência resultante do repúdio ambientalista a sacolas plásticas descartáveis no autosserviço?
Não acredito mais, sinceramente, que esse fator do repúdio tenha afetado o segmento de flexíveis para o varejo. Há uma variação natural de mercado e estoques na cadeia produtiva e nos clientes que não entra nessa conta. Nos últimos anos, a performance desse segmento tem alternado dentro de um sobe e desce. Prefiro atribuir também uma parte do resultado aos efeitos climáticos que afetaram algumas regiões no ano passado, em particular o Rio Grande do Sul.
Apesar da envergadura menor, pet food foi, em 2024, o segmento que mais cresceu (24%) em market share do consumo de flexíveis por segmento. Por que ele conseguiu superar o desempenho acima de setores ligados a bens essenciais ou embalagens industriais?
Pet food é outro segmento ascendente, à medida em que os jovens estão tendo menos filhos e adotando mais pets. Na mesma perspectiva, o consumo de agrofilmes terá sempre crescimento expressivo.