Em berço esplêndido

Alheio aos solavancos da economia, o conglomerado alemão Freudenberg colocou para rodar em seu complexo fabril em Jacareí, interior de São Paulo, mais uma linha para produção de nãotecidos. O mercado em foco é o de descartáveis higiênicos, um segmento por sinal imune ao viés de baixa sobre o PIB do país. Segundo a consultoria Nielsen, as vendas de fraldas infantis e absorventes femininos cresceram dois dígitos em 2013 e, no ano passado, elas seguiam rumo ao bis. Além de acompanhar a expansão em quinta do setor, o aumento da capacidade da planta paulista foi justificado com a necessidade de diversificar o portfólio e oferecer produtos a nichos premium, assinala Klaus Homberg, diretor de operações da Freudenberg Nãotecidos no Hemisfério Sul.
Além do mais, clientes de nãotecidos da empresa anunciaram incrementos de produção ao longo de 2014. “Vimos ainda a chegada de fábricas de grupos internacionais ao Brasil”, lembra Homberg. Exemplo disso foi a instalação de uma planta da japonesa Unicharm em Jaguariúna (SP), visando abocanhar mercado das gigantes Kimberly-Clark e Procter & Gamble. Para o executivo, este ano será desafiador, mas a companhia põe fé no crescimento sustentado do setor.
Na mão oposta das líderes Providência e Fitesa, de estratégias em grande parte calcadas no suprimento de nãotecido de polipropileno (PP) em grandes volumes, a Freudenberg coloca fichas em segmentos menores e de alto valor agregado, distingue Homberg. Os nãotecidos produzidos em Jacareí são ofertados com base em fibras de poliéster, polietileno (PE) ou de PE/PP. “Na maior parte, são misturas”, resume sucinto o porta-voz. Com o investimento, que elevou a capacidade da planta a 8.000 t/a, o grupo alemão incluiu no mix produtos que entram, por exemplo, na parte de fechamento de fraldas infantis, bem como em coberturas que conferem maciez e suavidade a absorventes femininos. Esses itens se unem às consolidadas capas de distribuição feitas pela Freudenberg há, no mínimo, 10 anos, encaixa o diretor. Trata-se de um componente de nãotecido alojado dentro do artigo descartável, junto do gel absorvente e embaixo do topsheet. “Serve para melhorar a distribuição de líquido”, esclarece o diretor.
O aporte em São Paulo integra plano de investimentos de R$ 40 milhões, referente a todas as unidades do grupo e conduzido em 2014. A partida da linha de nãotecidos, aliás, ocorreu em novembro e fechou o primeiro bimestre de 2015 em plena carga. A expansão de capacidade proveio de customizado equipamento alemão, adepto da tecnologia denominada staple fibers e construído pela Freudenberg com elementos de diversos fornecedores. “A montagem foi realizada de forma a incluir diferenciais cruciais para gerar nãotecidos com propriedades muito específicas”, pontua Homberg, acrescentando que o trabalho consumiu perto de simbólicos nove meses.
Com isso, sublinha Homberg, o grupo fica mais apto a marcar de perto a evolução de hábitos de consumo em descartáveis higiênicos. “Percebemos sofisticação da demanda em anos recentes”, reitera o diretor. Atributos como toque suave e respirabilidade, proporcionados por tecnologias top em nãotecidos, ele ilustra, têm se fortalecidos e, uma vez adotados, não são abandonados mesmo com a economia no acostamento.

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