Hipermercadistas de primeira linha no Reino Unido, as redes Tesco e Sainsbury’s foram encostadas contra a parede por uma investigação sem alarde nos últimos anos, informa a edição digital de outubro da revista Plastics Recycling World. Conduzido pela ONG Everyday Plastics e o órgão Environment Investigation Agency, o levantamento confirmou a prática de marketing enganoso das duas cadeias sobre reciclagem das embalagens flexíveis pós-consumo acumuladas nos postos de deposição voluntária à frente de lojas da Tesco e Sainsbury’s.
O lance de greenwashing remonta a 2022, situa relatório da ONG, quando hipermercados britânicos decidiram reagir ao crescimento das embalagens flexíveis pós-consumo de produtos que comercializavam mediante implantação de pontos de coleta ou reembolso dos resíduos devolvidos pelos usuários, a seguir remetidos à reciclagem. Em outubro de 2022, chegava a 6.027 o contingente de lojas do autosserviço adeptas da iniciativa. Por sua vez, Tesco e Sainsbury’s contrataram em 2021 os préstimos da empresa Eurokey Recycling Ltd. para exportar, separar e descontaminar, numa unidade de reprocessamento em Zielona Góra, Polônia, as embalagens flexíveis armazenadas pelos consumidores nos postos comunitários de devolução. Mais tarde, veio à tona a informação de que o exportador selecionado pela Eurokey fora temporariamente suspenso por irregularidades, descritas em relatório de novembro de 2021 da entidade Environment Agency, na descrição da origem das sucatas embarcadas.
Entre junho de 2023 e fevereiro de 2024 a Environment Investigation Agency e Everyday Plastics instalaram 40 rastreadores (Apple AirTags) distribuídos por voluntários em todas as regiões da Inglaterra. Foram embalados com cuidado em pacotes de sacos plásticos e invólucros coletados nos postos de devolução de flexíveis defronte a lojas do autosserviço. Os resultados mostram que os destinos finais de 17 dos 40 pacotes rastreados foram possíveis de confirmar – e nenhum deles terminou na reciclagem. De acordo coma investigação, sete deles serviram de matéria-prima para combustível. Quatro fardos em outros países e um no Reino Unido foram encaminhados para recuperação de um material plástico a seguir empregado na composição de um produto acabado de baixo valor agregado. Por fim, três fardos foram incinerados na Grã Bretanha e dois no exterior. Cara a cara com a realidade dos números da pesquisa, a Eurokey bateu o pé: “Não enviamos material pós-consumo para aterro e apenas uma pequena percentagem é determinada para não ser reciclada e encaminhada como lixo para gerar energia”.