A petroquímica norte-americana Eastman agendou para este último trimestre o início da operação, em Kingsport, no estado do Tennessee, da sua unidade de depolimerização de PET pós-consumo, cujo encargo de estreia será processar um lote de 25.0000 toneladas de resíduos. A planta de reciclagem molecular roda com tecnologia patenteada de metanólise e deve gerar em 2024 ganhos da ordem de US$ 75 milhões antes de impostos, juros, amortização e depreciação (Ebitda), assinala a empresa em artigo postado no site Resource Recycling.
Sem abrir o montante investido, a Eastman solta como referência o gasto superior a US$ 800 milhões apenas na unidade de metanólise e, conforme postado no site Resource Recycling, a empresa já cogita implantar mais uma unidade simular nos EUA e outra na França. O CEO Mark Costa sublinha que a tecnologia de metanólise rompe a estrutura molecular do poliéster pós-consumo, resultando em duas matérias-primas: dimetil tereftalato (DMT ) e monoetileno glicol (MEG). Vale lembrar que a atual rota dominante no processamento de PET, à base de ácido tereftálico purificado (PTA) e MEG, suplantou há bom tempo, por custo/benefício, a rota rival do DMT e MEG. No Brasil, por sinal, a Braskem chegou a investir na rota do DMT disponível em Camaçari para produzir na Bahia e o projeto não decolou por falta de competitividade em escala e custos. No caso da Eastman, Costa desvenda um enfoque diferente. Ele sustenta que o DMT resultante da depolimerização de PET pode ser aproveitado na produção de copoliésteres como os de sua linha Tritan, voltados para aplicações como containers para alimentos, componentes de eletrodomésticos e eletroeletrônicos e frascos soprados como os isotônicos e suplementos. Quanto ao MEG resultante da reciclagem por metanólise tem oportunidades na polimerização de PET virgem e em formulações como as de plastificantes, tintas e papel.
Na seara da rentabilidade desses reciclados, Mark Costa frisa o empenho da Eastman em apartar esses produtos dos poliésteres reciclados mecanicamente, cujos índices de qualidade a desejar têm surpreendido clientes da Eastman nos EUA e destinados esses materiais ao despejo em aterros, inicineração ou aplicações de valor agregado chinfrim. A estratégia da Eastman é ofertar a preços premium os produtos obtidos de sua reciclagem química para aplicações vip, inclusas as dependentes de grades de poliéster de grau alimentício.