Em contagem regressiva para emplacar 10 anos, em fevereiro de 2024, a paraibana Donapack construiu sem alarde a reputação de estrela guia na produção de sacos de lixo no mercado do Nordeste. A ascensão em escala e excelência nessas embalagens de PE virgem e resistência assegurada pela solda de fundo estrelado resulta da calculada ampliação e modernização da fábrica da transformadora em Cabedelo e do aval dado por órgãos públicos à qualidade dos seus sacos para lixo hospitalar, para coleta seletiva, envase de resíduos convencionais e para atendimento específico das exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A Donapack é comandada pelos sócios fundadores Robinson Tavares de Andrade Cunha, na diretoria financeira, e Rodrigo de Lima Pereira, na diretoria comercial, e o controle acionário fecha com o sócio e diretor industrial Jorge Rodrigues Chaves que, na entrevista seguir, destaca a evolução e a ambiciosa estratégia da empresa.
Qual o volume médio mensal de consumo de PE em 2022 e no primeiro trimestre deste ano?
Em 2022 a média mensal foi de 87 toneladas e, de janeiro a março último, 91 toneladas. Este gráfico mostra a evolução da nossa produção de flexíveis desde 2016.
Quantas linhas tem o parque de extrusão da Donapack e quantos anos de ativa elas têm?
São três extrusoras; um equipamento Carnevalli, em atividade desde 2015, e duas máquinas HGR, que partiram respectivamente em 2019 e 2022.
Qual a motivação para investir no recente aumento de 100 para 180 t/mês na capacidade instalada da empresa?
Um dos motivos é poder dar emprego a mais pessoas, pois o trabalho é parte de extrema importância na sociedade e contribui com a economia estadual e nacional. Outras razões são a busca por novos mercados de flexíveis e o fato de dispormos de um produto de qualidade e entrega rápida, o que hoje nos diferencia da concorrência e, mesmo não sendo a alternativa mais barata, nossas vendas crescem.
O aumento da capacidade foi obtido com a compra de uma ou mais máquinas?
Foi proporcionado pela compra de mais 1 equipamento, a coextrusora blow HGR Dual ABA, com capacidade para gerar 100 t/mês de filmes, totalizando 180 t/mês com as três máquinas. Com este potencial de produção, a intenção inicial é ampliar o fornecimento de sacos de lixo convencionais e dois tipos infectante e para coleta seletiva. A nova coextrusora Dual ABA reúne economia de energia, alta produção e qualidade do filme, além da possibilidade de utilizar reciclado na mistura com PE virgem sem perda de qualidade e material no processo.
Desde a entrada em campo da Donapack, em 2014, qual linha de saco de lixo tem crescido em vendas com mais intensidade?
O maior percentual de crescimento cabe, desde a fundação da empresa, à demanda da linha infectante. A propósito, a Donapack também se distingue no mercado com todas as certificações exigidas pelos órgãos fiscalizadores, a exemplo da Agência nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT). Para esclarecer melhor o salto nas vendas da linha infectante, o ponto-chave da arrancada aconteceu em 2020, com a largada da primeira onda da pandemia no país.. Os sacos de lixos infectantes foram essenciais para manter a limpeza e higienização de locais de forma segura sob a vigência da infestação da covid 19.
Como avalia a possibilidade de, com a capacidade expandia, comercializar a curto prazo seus sacos de lixo no mercado do Sudeste, o maior do Brasil?
Temos uma avaliação positiva sobre essa oportunidade e já entramos na busca por espaço no Sudeste, pondo primeiro um representante comercial na região mais próxima, o Sul.
Donapack compra PE direto da Braskem, dos seus distribuidores ou de vendas autônomas de resina importada e nacional?
Temos comprado da Braskem e de revendas de importados, mas iniciamos este ano o processo de comprar diretamente a matéria- prima vinda do exterior.
Quais os diferenciais em custo/benefício e características técnicas dos sacos de lixo da Donapack perante a concorrência?
Nosso produto tem acabamentos/qualidades diferenciadas do que o mercado oferece, e a nossa principal diferença diz respeito ao prazo de entrega, temos disponibilidade de atendimento imediato, isso traz para nossos clientes maior segurança para atender uma venda imediata. Trocando em miúdos, nosso diferencial está basicamente em dois pontos. Para começar, os sacos são fabricados com polietileno de alta densidade bimodal, resina virgem que viabiliza a produção de uma embalagem fina, resistente e de baixo custo. Para manter a devida qualidade, as matérias-primas passam pelo crivo de testes do nosso corpo técnico. O outro ponto diferenciador refere-se ao modelo do comercialização. Vendemos para distribuidoras que, em sua maioria, suprem órgãos públicos e precisam de entrega rápida para atender as licitações. Os distribuidores não querem manter estoque de produtos e a Donapack os apoia com entregas em tempo recorde; realizamos o faturamento em até 48h enquanto os concorrentes consomem até 30 dias nessa etapa.
Quais etapas/funções do processo da empresa estão automatizadas e quais delas ainda dependem da intervenção manual?
O setor das extrusoras, já opera com sistemas automatizados de alimentação e controle de produção. No entanto, o setor da corte solda dos sacos ainda depende da interferência manual.
Qual o saco campeão de vendas da Donapack e por quais motivos técnicos e econômicos?
A liderança é da linha institucional, de sacos pretos convencionais para lixo em geral, de baixo preço e sem mercado específico, pois são utilizados em setores que vão de repartições, escolas e limpeza urbana até condomínios e hospitais.
Como avalia a possibilidade de, em função da pressão ambiental, usar este ano ou em 2024 teores de PE reciclado em seus sacos de lixo?
Estamos investindo em tecnologias que possibilitem o uso de material reciclado na industrialização dos sacos. Por sinal, foi devido também às exigências ambientalistas que compramos a coextrusora Dual Aba, pois admite trabalho com resíduos reciclados. Temos testado essa produção e devemos em breve incorporá-la em definitivo à nossa manufatura.
Qual a expectativa para o movimento da Donapack este ano?
Abrimos 2023 com vendas similares às de 2022, mas o novo filme produzido com a extrusora Dual Aba, possibilitou um salto maior na qualidade e economia do processo e, com base nesse fator, prevemos um avanço nas vendas a partir do segundo semestre.
Donapack completa 10 anos em 2024. Quais os fatos marcantes dessa trajetória?
Um deles foi a compra da primeira monoextrusora, nos permitindo produzir as próprias bobinas, em lugar de adquiri-las de terceiros. Com isso, conseguimos mais qualidade do produto e competitividade no preço. Outro fato marcante foi a criação da linha de sacos infectantes e cuja adequação a todos os requisitos normativos da saúde pública, normas técnicas e e Boas Práticas de Produção. Levou cerca de um ano. No Nordeste, poucas fábricas do nosso segmento possuem registro homologado pela Anvisa.
A empresa também cresceu com a parceria do Banco do Nordeste, de grande ajuda na compra das extrusoras e da primeira máquina de corte e solda.
Quais as novidades e lançamentos previstos para este ano e para 2024, em termos de aprimoramentos/expansões/automação na planta e em termos de novos tipos de flexíveis no mostruário?
Iniciamos 2023 com a ampliação do parque industrial. Aumentamos em 30% a área ocupada, reformamos pisos e instalações elétricas, compramos uma coextrusora e mais um equipamento de corte e solda. Também organizamos o armazenamento de produtos acabados, colocando estante de aço paletizada. Para o ano que vem, estamos estudando o mercado para inserir no portfólio estas novidades: sacos reciclado de lixo, sacolas de PE virgem e sacos picotados. E já cogitamos comprar duas coextrusoras Dual Aba para aposentar duas linhas monocamada. A meu ver, essa tecnologia está ultrapassada.
Filmes de arte na coextrusão blow
Três anos de observação em tempo integral da sua extrusora HGR convenceram a transformadora paraibana Donapack não só a substituí-la por coextrusora blow da mesma marca, mas a considerar comprar mais dessas linhas de três camadas para abolir de vez suas máquinas de filme mono. Ricardo Rodrigues, diretor comercial da HGR para a América Latina, sumariza assim a troca do seu modelo mono Nitrus EVO60 pela coex Nitrus Dual ABA que já turbina a produção de sacaria flexível na planta em Cabedelo, a 18 km de João Pessoa. “A linha blow de três camadas ampliou ainda mais a performance de trabalho e nivelou o produto da transformadora a um nível ‘A+’”, ele situa. “O desempenho resulta de atributos do equipamento como baixo consumo energético, possibilidade de trabalho com altos teores de (40%) de carbonato de cálcio na coextrusão de polietileno, redução de espessura e aumento da resistência mecânica da película e da produtividade nas tiragens”. Rodrigues rememora que a HGR introduziu a linha coex ABA em 2015, empoleirada em tecnologia que ele sustenta ser pioneira no gênero. Entre os pontos altos na performance da coextrusora blow, ele cita o exclusivo sistema de IBC giratório para cabeçote rotativo. “Tempos atrás, ele só estava disponível na versão imutável para trabalho em cabeçotes fixos”, assinala. Na mesma trilha, ele destaca o recurso do sistema MultFuse. “Facilita a troca da composição de camadas ABA por ABB para produção de filmes em preto e branco cuja apliação clássica são os envelopes de segurança”. No passado, ele comenta, a obtenção desses filmes com a necessária qualidade era provida apenas por máquinas ABC, marcadas por considerável diferença, em termos de valor de investimento, em relação aos processos para películas ABA ou ABB. “Estou convicto de que o sistema ABA revolucionou o acesso à ferramenta de coextrusão no país” acentua o diretor da HGR. “Além do baixo índice de manutenção do seu grupo extrusor e da alta flexibilidade para operar com grades mais exclusivos de resinas, a coextrusora ABA requer investimento próximo ao de uma monocamada e corresponde ao apelo sustentável mundial por filmes cada vez mais rígidos, para viabilizar o uso de materiais reciclados em sua composição”.