Depois de nove anos servido por embalagens de terceiros, o Grupo Algar, um conglomerado de peso em áreas como o agronegócio, trilou o apito final. O grito de independência veio na roupagem de R$ 40 milhões aplicados na verticalização da empresa em garrafas de PET para seu óleo de soja. “O empreendimento foi aprovado por zerar a dependência do desenvolvimento de supridores, por reduzir em perto de 58% o nosso custo de embalagens e por gerar ganhos com logística, estocagem e transferências entre as fábricas, com otimização de impostos”, justifica Edney Valente Lima Filho, coordenador de projetos estratégicos do Algar. Também pesou na balança uma reverência ao desenvolvimento sustentável. “Após dois anos de desenvolvimento com a canadense Husky, a fornecedora das injetoras, e a Sidel, fabricante francesa das sopradoras, chegamos a um desenho de pré-forma para uma garrafa 4 gramas mais leve que a verão anterior, revertendo em 25% a menos de emissão de resíduos sólidos”, calcula o executivo.
Pelo esquema precedente, já desativado, o Algar adotava a modalidade do sopro in-house, próximo da linha de envase. “O transformador contratado remetia do Rio e Recife as pré-formas para duas máquinas, cada uma com capacidade da ordem de 24.000 garrafas/h, alojadas nas plantas do grupo em Uberlândia (MG) e Porto Franco (MA)”, descreve Valente. Com a verticalização, as duas injetoras adquiridas da Husky rodam na unidade mineira. “A Algar Agro é líder em participação do mercado (cerca de 28%) de óleo em Minas e Uberlândia tem logística favorável, por sua proximidade dos grandes polos de consumo do país, sem falar na facilidade para contratar mão de obra, maior ali que em Porto Franco”. Por seu turno, como ele deixa claro, duas sopradoras Sidel Matrix SBO 12 operam nas fábricas mineira e maranhense. Além dos predicados de produtividade e estabilidade na injeção e sopro, explica Valente, pesou em especial na preferência pelas duas marcas a assessoria pós-venda. “Husky e Sidel dispõem de grande estrutura no país em termos de atendimento comercial e peças de reposição”. Pelo flanco da resina, emenda o coordenador, suas duas injetoras de pré-formas somam condições de consumir 520 t/mês de PET suprido com exclusividade pela M&G, que não deu entrevista. A única lacuna nesta verticalização, confirma o executivo, refere-se às tampas de polipropileno. “Temos contrato de fornecimento exclusivo com o transformador espanhol Mirvi, com fábrica de injeção em São Paulo”.
A Algar Agro utiliza lata apenas no envase de óleo de soja em recipientes de nove litros. No mais, toda a produção é acondicionada em frascos de 900 ml em PET. Pelas contas do CEO Murilo Braz Sant’anna, a embalagem incide em 25% dos custos do óleo. Os estudos costurados pela Algar Agro com Husky e Sidel tiveram baldeações nos EUA e México para desembarcar na garrafa de 14 gramas. “Ela é o novo benchmarking mundial no gênero, suplantando a marca anterior de 16,3 gramas”, comemora Valente. A propósito, adianta, já correm diversos desenvolvimentos no grupo para PET botinar a lata de nove litros e para avaliar a viabilidade do reciclado bottle to bottle como material para o envase de óleo. •