Corta, solda e dura

São Carlos 700 e Heceform 400: máquinas de estreia no setor plástico.

Titular do Brasil em linhas de corte e solda e termoformadoras, a trajetória de 55 anos da Hece engrossa aquele time de indústrias nacionais que entraram em campo sem nada a ver com o plástico, mas, lá pelo meio do caminho, acharam nele a sua vocação.

O começo não poderia ser mais familiar. O nome Hece provém das iniciais da mãe, Helena, e da esposa, Cecília, do fundador, Augusto Rui de Oliveira Pinto, explica o diretor Luiz Fernando do Valle Sverzut. Engenheiro e professor universitário estabelecido em São Carlos, interior paulista, Oliveira sentiu vento a favor para fabricar ferramentas destinadas aos setores de mecânica e usinagem. Juntou os cobres e constituiu em 2 de março de 1962 a Hece Máquinas e Acessórios Indústria e Comércio Ltda. O negócio engrenou a ponto de três anos depois, atrair sócios como a família Sverzut.

Na largada, o mix incluiu itens como retífica para tornos, cossinetes, pontas fixas e rotativas, estas últimas campeãs de vendas iniciais. “Logo depois veio a fabricação de ventiladores de teto, incluso um modelo com alto falante para som ambiente”, encaixa Sverzut. Foi à esta altura do campeonato que pintou uma desvalorização do cruzeiro barateando as importações concorrentes da Hece a ponto de forçá-la a mudar o foco para outros produtos. “Amigos que tinham uma fábrica de embalagens plásticas despertaram a Hece para a necessidade de um equipamento de corte e solda nacional e lhe venderam a tecnologia de manufatura”. Em 1973, a Hece debutava no ramo com a máquina 100% mecânica São Carlos 700. “Operava na faixa de 120 sacos/min enquanto nosso modelo eletrônico atual SC-700 III, munido de servomotores, roda na casa de 350 sacos/min”, confronta o diretor. “Hoje em dia, as linhas de corte e solda detêm 90% da produção e 80% do faturamento da empresa”. Ainda na seara dos sacos, um divisor de águas no portfólio foi a construção da máquina wicket. “Um cliente nos encomendou 10 dessas linhas para produzir sacos de embalar frangos e o desenvolvimento resultou no modelo SCW-700FR, aliás pioneira mundial no fornecimento de sacos blocados de fundo redondo”, ressalta o diretor.

Mais uma vez por interferência de clientes e sem recorrer a acordos tecnológicos internacionais, a Hece incorporou em 1979 a montagem de termoformadoras. “Constatou-se a necessidade de uma opção nacional desse tipo de equipamento para copos descartáveis”, justifica o porta-voz da Hece. Visitas a feiras européias e a importação de determinadas peças convergiram para a construção da máquina Heceform 400. “Foi a primeira termoformadora brasileira”, sustenta Sverzut. “Equipada com molde de copo de 200 ml e seis cavidades, ela produzia na faixa de 15 ciclos/min”. Por sinal, as primeiras termoformadoras despachadas da planta em São Carlos dispunham de área de formagem muito pequena e com moldes de uma fileira, assinala o diretor. “Produziam seis copos de 250 ml a 15 ciclos/min”.

Hoje em dia, empoleiradas na eletrônica e na evolução das resinas, atribui o especialista, as maiores termoformadoras da Hece trabalham com moldes de 40 cavidades a 28 ciclos/min. O modelo HF-750 DCT PP, por exemplo, produz copos descartáveis de polipropileno em até 30 ciclos/min na operação com molde de 70 cavidades.

Em 55 anos de ativa, a Hece viu de tudo na economia brasileira, de planos econômicos a trocas de moeda, congelamento de preços, confisco de bens em conta corrente e uma sucessão de crises e voos de galinha. Sverzut comenta que, escaldados com os juros e sustos, os controladores têm seguido à risca uma receita para atravessar zonas de turbulência. “Nosso mantra sempre foi fazer as coisas com os pés no chão e nunca assumir dívidas exageradas”. Nos dias de hoje, agir ao contrário só tem funcionado para inspirar investigações da Polícia Federal.•

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