Container da salvação

Setor de máquinas não pode mais depender do mercado interno
Paulucci Jr.: exportadores menos chamuscados  pela crise.
Paulucci Jr.: exportadores menos chamuscados pela crise.

À parte o entrosamento no processo, resinas e equipamentos são negócios diferentes entre si. Em 2016, no entanto, o balanço nacional dos termoplásticos evidenciou ao menos um ponto em comum com o das máquinas para transformação. No plano geral, quem conseguiu exportar com desenvoltura escapou do vermelho imposto pela desgraceira doméstica, avalia nesta entrevista Gino Paulucci Jr., presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Acessórios para a Indústria de Plástico (CSMAIP), subordinada à Associação Brasileira de máquinas e Equipamentos (Abimaq), e dirigente da Polimáquinas, fera nacional em equipamentos de corte e solda de embalagens flexíveis. Um crônico calcanhar de Aquiles da CSMAIP é sua absoluta falta de indicadores sobre o parque industrial dos clientes e das vendas anuais dos segmentos de máquinas disputados por seus filiados. Apesar dessa lacuna, a bagagem de Paulucci Jr. no setor qualificam suas estimativas como sinais confiáveis da direção dos ventos.

PR – Tal como em 2015, os transformadores brasileiros atravessaram 2016 com ociosidade preocupante, queda na produção e crédito tão limitado quanto capital de giro. No plano geral, como avalia os reflexos desse quadro sobre o desempenho dos fabricantes de máquinas e periféricos no ano passado?
Paulucci – O setor de transformação experimentou em 2016 uma oscilação muito grande de humores e de volumes de vendas. Os segmentos de injeção e sopro trabalharam com alguma ociosidade, em menor grau no reduto de embalagens flexíveis. Em decorrência desse quadro, os fabricantes de máquinas e equipamentos para moldagem de plástico e focados apenas no mercado interno acusaram no último período redução de até 20% nos pedidos. Quem não exporta, enfrenta momentos muito difíceis. Já no caso de fabricantes que vendem no exterior, o saldo de 2016 foi estável em relação ao exercício anterior. Ainda não temos os números consolidados de todos os setores cobertos pela CSMAIP, mas, apenas no âmbito das máquinas ligadas a embalagens flexíveis as exportações subiram no ano passado por volta de 60% sobre o patamar de 2015. A propósito, todas essas projeções referem-se a equipamentos novos em folha. Nem os filiados nem o banco de dados da CSMAIP possuem qualquer informação sobre o mercado de linhas usadas ou retrofitadas.

PR – E quanto às importações de máquinas no ano passado?
Paulucci – Não temos como estimar a queda no desembarque de linhas importadas, mas, com certeza, ela aconteceu. O dólar não anda em níveis civilizados, mas está melhor que algum tempo atrás e sempre que isso ocorre, a máquina nacional avança sobre as linhas importadas.

PR – Como justifica o nível excepcional das vendas internas e externas em 2016 da sua empresa, a Polimáquinas, em meio ao mau momento vivido pelos transformadores de sacolas?
Paulucci – Os constantes lançamentos de famílias de máquinas de corte e solda de flexíveis nos asseguram com condições de atender os transformadores em todos os tipos de embalagens nesse segmentos. Exportamos há mais de 25 anos e para mais de 20 países; mantivemos a presença nesses mercados mesmo quando o câmbio esteve desfavorável às exportações brasileiras e hoje colhemos os frutos dessa estratégia. Discordo quanto à menção de crise entre as indústrias sacoleiras. O mercado continua bastante demandado e quem acredita no contrário está ficando para trás.

PR – Como avalia as expectativas dos expositores de máquinas na feira Plástico Brasil tendo em vista transformadores arredios a investir na conjuntura atual?
Paulucci – O setor é maduro e sabe que o mercado deve, em algum momento, retomar os níveis anteriores e até superá-los. Além do mais, o parque transformador brasileiro está envelhecido e investimentos serão necessários a curto e médio prazos. Grande parte das empresas transformadoras brasileiras manteve-se em dormência em 2016 e isso, por si só, nos traz a expectativa de que 2017 seja o reinício da modernização de seus parques industriais.•

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