“Brasil e Argentina passam um mau momento, mas o mercado latino-americano vai crescer e não estamos aqui atrás de resultados a curto prazo, mas para trabalhar a quatro mãos com transformadores de produtos inovadores”. Michael Lacey, gerente de desenvolvimento de mercado da ExxonMobil Química, sublinha assim a meta de abrir caminho na região para sua aguardada produção de polietilenos (PE) de vanguarda nos EUA, derivados de eteno resultante do etano extraído do gás natural, obtido das reservas de xisto (shale gas) e fontes convencionais.
Há 103 anos em campo no Brasil, a ExxonMobil conhece de trás para diante o mercado doméstico de gás, energia e químicos. Porém, dada a insuficiente produção norte-americana de PE antes da explosão da rota do shale gas, a empresa não atuava com vigor em resinas por aqui. A situação, como demonstra Lacey, virou de ponta cabeça com a corrida de investimentos em eteno e poliolefinas nos EUA, deflagrada pelos custos mais baratos na exploração e preços competitivos do gás de xisto perante nafta. Com essa guinada, os EUA conquistaram a sonhada autonomia no petróleo e, entre os efeitos colaterais, o shale gas aliciou uma multidão de projetos de crackers de eteno e complexos de PE com término de construção originalmente previsto até 2018 e responsáveis por um acréscimo total da ordem de 8 milhões de toneladas à capacidade norte-americana de PE. Como o volume adicional supera de longe a demanda doméstica e sobra encanto nos preços de poliolefinas base shale gas, as petroquímicas dos EUA vão entrar com tudo no comércio internacional de PE, de olho em especial em mercados considerados não maduros no consumo da resina e com demanda consistente, caso da América do Sul, com Brasil à frente. “Nos últimos dois anos, temos procurado aprender melhor peculiaridades do mercado brasileiro como as regulamentações, burocracia e carga tributária”, afirma Lacey.
Pela sua linha de raciocínio, fatores como a volatilidade dos preços do barril e seus reflexos sobre a rentabilidade da petroquímica norte-americana alimentam a possibilidade de reduzir as dimensões do esperado volume total adicional de PE base shale gas, assim como de retardar alguns empreendimentos anunciados ou já em construção para produzir eteno e PE nos EUA. Em contraste o cronograma da ExxonMobil, deixa claro Michael Lacey, segue sem pontos fora da curva para seus investimentos no Texas. Em Baytown, a companhia ergue um cracker de 1.5 milhão de t/a de eteno, destinado a alimentar ativos como duas novas fábricas de PE, cada uma com potencial para 650.000 t/a, na localidade de Mont Belvieu, onde a empresa opera uma fábrica de 1 milhão de t/a do termoplástico, por sinal também produzido por ela no Estado da Louisiana. Apoiada nessa retaguarda, esclarece o gerente, a ExxonMobil pretende desovar no exterior o grosso de sua futura produção de 1.3 milhão de t/a de PE via shale gas.
Para arranjar um lugar ao sol do Brasil para sua resina, Lacey tem feito o dever de casa.Escalou como agentes a Cromex e Vinmar, ambas munidas de centros de distribuição no país e, no embalo, a ExxonMobil armou um time de vendas diretas com suporte para transpor para cá desenvolvimentos internacionais lastreados, de imediato, em duas poliolefinas metalocênicas: os polietilenos lineares das séries Exceed e Enable e os copolímeros Vistamaxx. “Nossa filosofia de venda não é questão de preço, mas de incorporar valor ao produto desenvolvido com o transformador”, explica Lacey. Ele põe na mesa um exemplo já na rua dessa visão do negócio: o blend de Exceed com Vistamaxx para extrusão de stretch. “Permite a redução de espessura sem perda de propriedades mecânicas, além de aprimorar o desempenho da camada de pega”, justifica Lacey. Custo/benefício, a ExxonMobil sabe de sobra, sempre pega bem. •
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