Apesar de lacunas momentâneas como a insuficiente geração de energia, maravilhas como o Tratado de Livre Comércio da América do Norte, mão de obra abundante e barata, a querela EUA x China e a porta de entrada franqueada para o maior mercado do planeta, alçaram o México a sinônimo de “reshoring” – a realocação de fábricas da China, hoje em recuo político e econômico – para outros países integrantes de cadeias produtivas globais. A sexagenária componedora portuguesa Cabopol Polymer Compounds colocou estes pesos na balança e o resultado é o anúncio da partida em dezembro, no México, de sua primeira planta em continente americano. Sem abrir o montante investido, a empresa informa que a fábrica será ativada com capacidade instalada de 25.000 t/a em área de 10.000 m² na zona industrial de Monterey. Até o momento, a Cabopol conta com duas plantas em Portugal, uma na Sérvia e outra no Marrocos, totalizando potencial para produzir 100.000 t/a de especialidades. Segundo o site da Cabopol, 80% de sua produção é exportada a mais de 2.000 clientes num efetivo superior a 70 países. Entre os segmentos de atuação da Cabopol, o México mostra-se particularmente atraente em termos de embalagens, para as quais a empresa fornece compostos de poliolefinas, e em autopeças. Este último compartimento embute um desafio para a Cabopol, pois suas linhas de especialidades como elastômeros e poliuretano termoplásticos focam usos como cabos de veículos com motor a combustão, já colocados em contagem regressiva pela transição energética, em especial na América do Norte.
Pelos dados arrolados pelo governo imerso em euforia, o México fechou 2022 com 47 parques industriais inaugurados. Por sua vez, o montante de investimento estrangeiro direto no país mereceu rodada comemorativa de tequila: aumentou 12% no ano passado perante o exercício anterior.