Como avalia o impacto da volatilidade cambial e da retração econômica internacional sobre as metas delimitadas para exportações respaldados pelo Think Plastic Brazil este ano?
Como este quadro de 2024 influi nos rumos deste ano?
“A IA oferece benefícios em toda a cadeia de valor, incluindo áreas muitas vezes negligenciadas”
Quais os ajustes na gestão do Think Plastic Brazil requeridos pela incerteza econômica atual?
Porto de Chancay: entrada facilitada de produtos chineses no maior mercado internacional para transformados brasileiros.
A China é sócia majoritária do megaporto ultra automatizado de Chancay, em operação regular na costa do Peru a partir de junho. Com vantagens logísticas, ele vai escoar manufaturados chineses como artefatos plásticos na América Latina. A China tem excedente de resina virgem acessível e domina as exportações mundiais de produtos acabados. Como o Think Plastic enxerga o aumento da concorrência chinesa na região que mais importa transformados plásticos do Brasil?
Hoje em dia, os países latino-americanos representam o principal destino dos nossos transformados plásticos – uma parcela por volta de 82% das exportações das empresas apoiadas pelo portfólio tem a região como mercado final. Isso significa que qualquer avanço local da presença chinesa afeta a competitividade das indústrias brasileiras. No Peru, a inauguração do porto de Chancay ilustra essa tendência de intensificação: trata-se de um complexo portuário de última geração que permitirá à China distribuir seus manufaturados com mais agilidade e menor custo em todo o Pacífico sul-americano. Com a China detendo excedente de resina a preços competitivos e sendo líder global na exportação de bens industrializados, a combinação de escala produtiva, custo baixo e agora vantagem logística cria um desafio inédito para os exportadores brasileiros na região. Em outras palavras, nossos fabricantes enfrentarão concorrentes chineses cada vez mais presentes, ofertando produtos a preços agressivos e com prazos de entrega reduzidos.
Diante desse cenário, o Think Plastic Brazil avalia que competir apenas em preço não é uma estratégia viável – é preciso apostar em diferenciação e inteligência de mercado. A concorrência chinesa, embora formidável, reforça a importância de evoluirmos do paradigma de competição por custo para uma competição por valor agregado. Nossa resposta concreta passa por potencializar os atributos únicos dos produtos brasileiros e intensificar ações promocionais e de posicionamento na América Latina. Em termos práticos, isso se traduz em várias frentes de atuação.
Primeiro, estamos focados em incentivar as empresas a desenvolver produtos com design diferenciado, alto desempenho técnico e aderentes às preferências regionais, de forma que se destaquem frente aos importados genéricos. Iniciativas como o núcleo Global Green Design (conecta nossas empresas a centros internacionais de excelência em design), a promoção do selo Color Trend® e as histórias particulares do Brasil representadas pelas cores nas embalagens visam exatamente agregar valor estético e de marca aos produtos, aumentando sua atratividade.
O mercado global – inclusive o latino-americano – está cada vez mais atento a critérios ESG. O Brasil possui cases de economia circular e uso de materiais reciclados que podemos alavancar. Ao comunicar melhor esses diferenciais ‘verdes’ dos nossos transformados plásticos, buscamos ocupar um espaço onde a China ainda não domina completamente, criando uma percepção de valor maior para o produto brasileiro.
O Think Plastic Brazil intensificou sua inteligência comercial para monitorar de perto os movimentos dos concorrentes estrangeiros (inclusive chineses) na região. Analisamos dados de importação em mercados-chave, preços praticados e evoluções nas preferências de compradores, gerando relatórios e alertas para as empresas associadas ajustarem suas estratégias em tempo real. Este ano, por exemplo, conduzimos um ranqueamento detalhado de mercados-alvo nas seis vertentes verticais do nosso portfólio, para identificar oportunidades e nichos menos expostos à concorrência asiática. Essa informação será compartilhada com as indústrias participantes que se engajarem no planejamento do próximo ciclo.
Outro pilar da reação do Think Plastic Brazil é reforçar a presença comercial brasileira nos países vizinhos. Continuaremos organizando missões comerciais e participações em feiras estratégicas na América do Sul e Central, garantindo que o comprador latino-americano veja e experimente o nosso produto brasileiro, fortalecendo laços de confiança e parceria que muitas vezes superam a mera competição por preço. Por sinal, o Brasil, já estabeleceu parcerias institucionais robustas na região (via ApexBrasil, setores comerciais das embaixadas e até adidos agrícolas) e essas conexões serão cada vez mais acionadas para abrir portas a nossas empresas em novos canais de distribuição e projetos governamentais locais.
Em resumo, a concorrência chinesa na América Latina impõe uma evolução na nossa estratégia de internacionalização. O Think Plastic Brazil reage combinando estratégia ofensiva e defensiva. No primeiro caso, investindo em inovação, branding e expansão para novos mercados (explorando também oportunidades fora das Américas para diluir riscos, como África e Oriente Médio). Quanto à ação defensiva, tratamos de proteger nosso terreno principal com inteligência de mercado e apoio institucional.
Como o Think Plastic Brazil analisa as possibilidades de investir em inteligência artificial (IA) para aprimorar seu conteúdo e atividades, reduzindo tempo, mão de obra e custos?
IA é uma aliada promissora para elevar a eficiência e a qualidade de suas atividades-fim e meio. Em nossas análises internas, identificamos diversas frentes em que as plataformas de IA podem trazer ganhos de produtividade, economia de recursos e aprimoramento do conteúdo que entregamos às empresas. Por exemplo, no campo de inteligência de mercado, já trabalhamos com um volume massivo de dados (estatísticas de comércio exterior, estudos setoriais globais, tendências de consumo) que demanda muitas horas de processamento humano.
Com ferramentas de IA, seria possível automatizar a coleta e análise inicial desses indicadores, permitindo detectar padrões de comércio, oportunidades emergentes e riscos (como variações súbitas de demanda ou preços) de forma quase imediata. Uma plataforma de IA bem treinada poderia vasculhar bases de dados internacionais e gerar, em minutos, um relatório preliminar de tendências para um determinado segmento plástico – algo que manualmente poderia levar dias.
Isso acelera a obtenção de resposta e libera nossa equipe para se concentrar na interpretação estratégica das informações e no desenho de ações concretas, em vez de gastar a maior parte do tempo em tarefas repetitivas de garimpo de dados.
Outra aplicação clara para IA: a produção de conteúdo e comunicação. O Think Plastic Brazil gera regularmente materiais ricos em informação: relatórios técnicos, newsletters e press releases, além de conteúdos trilíngues (português, inglês, espanhol) como o International Yearbook. A adoção de ferramentas de IA generativa pode agilizar etapas dessa produção. Por exemplo, podemos usar IA para redigir esboços iniciais de textos a partir de pontos de dados fornecidos – um relatório de fechamento de feira ou um resumo de indicadores de desempenho pode ser gerado automaticamente a partir dos números, seguindo uma linguagem pré-definida. Essa automação não elimina a curadoria humana (continuaremos revisando, ajustando o tom institucional e garantindo a precisão), mas acelera o fluxo de trabalho e reduz a carga operacional sobre a equipe. Da mesma forma, recursos de tradução automática neural avançada podem auxiliar na criação das versões em inglês e espanhol dos nossos materiais, preservando terminologias do setor, o que hoje consome horas de tradutores e revisores. Com a IA, espera-se cortar custos de terceirização linguística e diminuir o tempo de lançamento de conteúdos multilíngues, sem comprometer a qualidade – pois a revisão final permanecerá feita por especialistas do portfólio.
Além disso, vislumbramos a utilização de chatbots ou assistentes virtuais inteligentes em nossas plataformas de atendimento às empresas. Imagine integrar uma IA treinada com o conhecimento acumulado do Think Plastic Brazil para responder instantaneamente às dúvidas mais frequentes das empresas associadas. Essa funcionalidade 24/7 pode reduzir a necessidade de mobilizar pessoal para questões corriqueiras e agilizar o suporte ao exportador, especialmente fora do horário comercial ou em fusos diferentes – algo valioso dado o alcance internacional do nosso portfólio. Por exemplo, uma empresa poderia perguntar em nosso portal: “Como participar da próxima missão comercial para a África?” e o assistente de IA, munido dos dados dos editais e critérios, forneceria a resposta detalhada de imediato, inclusive indicando links de inscrição. Isso não só economiza tempo da equipe como melhora a experiência do usuário.
“A concorrência chinesa na América Latina impõe uma evolução na nossa estratégia de internacionalização” lto desempenho e aderentes às preferências regionais”
O que pode adiantar quanto a decisões tomadas de implantação de IA na estrutura do Think Plastic Brazil?
“Expandir nossa atuação para o Oriente Médio sinaliza diversificação de mercados para os transformados brasileiros”
Quais as novidades nos serviços e projetos do Think Plastic programados para entrar em vigor no segundo semestre deste ano?
A metade final de 2025 terá uma série de novidades. Por exemplo, graças a um planejamento proativo e a parcerias institucionais, conseguimos viabilizar – via termo aditivo com a ApexBrasil e apoio do Ministério das Relações Exteriores – sete projetos não originalmente previstos no início do biênio. Eles entrarão em vigor entre julho e novembro. Um dos destaques é a estreia da parceria com o Programa + Feiras da ApexBrasil, pela qual o Think Plastic Brazil apoiará as associadas na ASD Market Week, em Las Vegas, uma das maiores feiras de bens de consumo dos EUA. Outra novidade relevante é a inclusão de ações voltadas ao Oriente Médio: o portfólio confirma a participação brasileira na feira The Big 5, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), voltada ao setor da construção civil e materiais de construção. Essa presença será viabilizada em coordenação com a embaixada do Brasil no país. Ela está articulando um estande institucional, enquanto as empresas dividirão os custos de montagem. Expandir para o Oriente Médio logo após o nosso grande evento anual (World Plastic Connection Summit, realizado em SP em 8-10/4) sinaliza uma estratégia de diversificação de mercados no segundo semestre, aproveitando janelas de oportunidade em regiões menos tradicionais para o plástico brasileiro. Com isso, ao final de 2025 teremos executado 57 projetos no convênio, dos quais impressionantes 58% foram fruto de ações não planejadas originalmente, mas de decisões empreendedoras adotadas no meio do caminho.
No mais, planejamos para o segundo semestre a realização de um curso especializado de design em plástico em colaboração com o professor Dijon de Moraes e possível interface com o Instituto Politécnico de Milão, aproveitando a estrutura do Cazoolo (hub de design e inovação da Braskem). No front do marketing internacional, uma inovação é a difusão do selo Think Plastic Brazil e do selo Color Trend®: incentivamos as empresas para utilizarem esses selos em seus materiais promocionais, sites e até nas embalagens de produtos. A ideia é criar identidade e storytelling unificados – por exemplo, as cores do Color Trend® vêm acompanhadas de narrativas de macrotendências globais, e ao destacá-las nas embalagens, o exportador brasileiro conta uma história alinhada com o que há de mais atual em consumo, agregando valor percebido lá fora. Essa sinergia entre branding setorial e produto individual é inovadora na forma como promovemos o Brasil: não mais apenas cada empresa por si, mas todas reforçando uma marca setorial forte e coesa, o que é especialmente crucial para competir com players de fora.
Por fim, do ponto de vista de gestão e expansão do portfólio, o segundo semestre de 2025 traz a conclusão e aplicação de um ranqueamento atualizado de mercados-alvo para orientar as ações de 2026-2027, bem como um esforço intensivo de prospecção de mais empresas para aderir ao Think Plastic Brazil. Ou seja, enquanto entregamos os projetos e serviços inovadores mencionados, já estaremos colhendo dados e firmando parcerias que garantirão a safra de novidades além de 2025.