Quando o corona se alastrou, os distribuidores de resinas embarcaram na reação generalizada no empresariado de podar o trabalho presencial, para abortar a ameaça de contaminação. A digitalização da vida privada e profissional avançou cinco anos em um e tornou rotineiro o home office. No varejo nacional do plástico, quem leva mais longe essa ruptura é a Piramidal, lenda viva da distribuição oficial, que fechou sua sede física e não sente saudade, como deixa claro nesta entrevista o sócio executivo Wilson Cataldi.
1Por que a Piramidal se desfez este ano de sua sede física, colocando em home office os 70 funcionários que ali trabalhavam?
Quando a pandemia ganhou corpo, no final de março, a primeira preocupação que veio à mente foi proteger nossa equipe contra o risco de contaminação. Como em todas as empresas, mandamos os funcionários para casa, munidos de 70 laptops novos, comprados para fortalecer a operação que deixava de ser presencial. Foi apenas tempos depois, quando o teletrabalho havia se firmado, que tive noção dos custos relacionados à sede física, caso do aluguel de uma área grande num andar na Vila Olímpia, nobre zona central de São Paulo, e das despesas com faxina, condomínio, vales transporte e refeição, manutenção do sistema de ar condicionado e dos hardwares de TI etc etc. Após mudarmos os softwares do data center para a nuvem, entregamos ao inquilino a chave do imóvel em 30 de julho. Por precaução com eventuais falhas na rede, reservamos no CD de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo, uma sala com 22 posições rotativas de trabalho para situações que demandassem encontros ao vivo de setores como o financeiro. Até hoje, não foi utilizada.
2Quais as principais conveniências proporcionadas à sua equipe e aos clientes pela imersão digital?
A equipe anda feliz e segura com o trabalho em home office e o consequente aumento do convívio em família. Todo mundo está na rede quando abre o expediente. Quanto aos clientes, uma análise a rigor requer uma visão da nossa estrutura de atendimento. A Piramidal, hoje com 35 anos, se relaciona com mais de 10.000 clientes por ano, período em que vende para cerca de 2.500 compradores mais frequentes e, no geral, atende a mais de 5.000 transformadores de todas as regiões, com respaldo de 10 centros de distribuição. Um efeito da pandemia em combinação com a operação virtual foi atrair clientes até então afastados de nós, por diversos motivos, e com dificuldades no suprimento de matérias-primas. Isso ocorreu com todos os distribuidores autorizados, mas, no nosso caso, a disponibilidade do acesso digital tornou a Piramidal facilmente encontrável por esses transformadores e estreitou nossos laços com eles.
3O que mudou na sua rotina de trabalho sem a sede física?
Bem, eu montei um escritório numa sala aqui de casa e uma outra ficou para o ensino virtual dos meus filhos. Durante o expediente, só vejo a família na hora do almoço. No geral, o trabalho em home office garante mais eficiência, mas ele não deve se firmar após a pandemia como uma solução completa e definitiva, como muita gente imagina. Eu me sinto trabalhando numa concha, dando conta das atividades que têm rotinas bem traçadas, mas o lado da criatividade é refreado pelo isolamento, pois meu natural é de me locomover com liberdade e com bastante convívio pessoal no dia a dia. Por isso, tudo eu acho que, quando o vírus for erradicado, a sede física da Piramidal tende a voltar num modelo menor e híbrido. Deverá funcionar com cerca de 20 funcionários e, digamos que um dia por semana, os integrantes de cada área sairão do home office para reuniões presenciais ali, para manter o engajamento e preservar o espírito de equipe. •