Linha do tempo: de 2006 a 2018, a chinesa Borche desovava suas injetoras via distribuidores no Brasil. Em 2019, o negócio alcançou uma envergadura a ponto de trocar o varejo independente pela constituição de uma filial com sede e um estoque em Novo Hamburgo (RS) e outro armazém em Iraquari (SC). “Temos para pronta entrega injetoras de até 600 toneladas e R$ 4 milhões em peças para reposição, fora podermos colocar máquinas customizadas no cliente entre 40 a 60 dias depois do pedido contra a média de cinco a sete meses da concorrência europeia”, compara Gustavo Müller, diretor comercial da Borche Brasil. Na entrevista abaixo, ele detalha a margem de manobra no país dessa marca na ativa desde 2002 com matriz em Guangzhou (Cantão) , três plantas, injetoras de 50 a 6.800 toneladas e potência da Ásia em manufatura inteligente.
O mercado brasileiro de injeção é disputado por marcas nacionais e importadas. Qual a sua estratégia para competir aqui com concorrentes domésticos mais acessíveis pela fabricação local, e importados com economia de escala?
As injetoras nacionais perderam mercado; na prática, resta apenas um competidor. Nos últimos 10 anos, boa parte da indústria nacional, inclusa a de maquinário para o plástico, não foi incentivada. Com esse enfraquecimento do setor, foi deixada a porta aberta para o desembarque de marcas, a nossa entre elas.
Em relação a concorrentes asiáticos e europeus, entre pequenos e grandes, eles acabam vendendo poucas máquinas a poucos clientes pela questão de reparos técnicos exigidos pela tecnologia com servomotor. Assim, no momento em que problemas surgem no Brasil, em regra não se tem suporte técnico qualificado em nível nacional e são poucos os engenheiros daqui com suficiente domínio do inglês para o relacionamento com as fábricas dessas linhas importadas. Quanto às grandes indústrias de injetoras que competem conosco (a Borche está entre as cinco maiores da China no gênero), algumas já tentaram baixar custos e características técnicas de determinados modelos de injetoras para poder ter preços competitivos no Brasil, em especial na região sudeste. Nossa atuação destoa desse perfil, pois focamos uma configuração de máquina que garante ao cliente um bom desempenho por pelo menos 10 anos. Os modelos mais procurados no mercado interno vão de 80 a 1.500 toneladas para aplicações extensivas de autopeças a utilidades domésticas e trabalho com materiais difíceis de adequar a injetora à configuração ideal. Um diferencial é o uso standard em todas as máquinas Borche do controlador austríaco Keba, responsável pelas respostas rápidas e precisas.
Quais os pontos altos do portfólio global?
A Borche monta desde 2010 máquinas com servomotor, ou seja, o motor principal com bomba hidráulica acoplada. Temos, então linhas adeptas do conceito que agrega servomotor e fuso esférico, com parte da máquina elétrica e outra hidráulica. Essa é a nova característica de injetoras híbridas. Por seu turno, a Borche dispõe desde 2003 de máquina multicomponente (multicolor). Temos ainda máquinas com vários tipos de posição de unidades injetora auxiliar. Nosso core business está nas linhas de médio a grande porte, mas também nos especializamos em injetoras de duas placas. A propósito, instalamos recentemente máquinas para pré-formas com injeção de pelo menos 2,8 kg de PET, mérito da combinação de força de fechamento na configuração adequada ao molde e destaque para a unidade injetora dotada de engenharia bem aplicada por conta da plastificação exemplar requerida.
Outra vedete do catálogo é um equipamento com pelo menos três anos de mercado, integrante da linha BI (Borche Interconectada). Vem pronto com soluções 4.0, programação de periféricos e até mesmo robôs monitorados por controlador, administrando também seus alarmes. Esta linha BI é multiuso, atende demandas de 260 a 400 toneladas de força de fechamento e confere economia energética e repetitividade por conta da unidade de injeção robusta com guias lineares. Hoje em dia, somos reconhecidos como um fabricante de tecnologia embarcada e ticket médio acima de concorrentes como os asiáticos.