China: novo pacote econômico ainda não muda petroquímica global

Incerteza marca mercado equivalente a 40% da demanda global de polímeros
China: novo pacote econômico ainda não muda petroquímica global

Sinal piscante dos possíveis desfechos do empacado excedente mundial de resinas, a China angustia investidores com a nuvem de incerteza sobre a política de estímulos à debilitada economia interna, anunciada em setembro pelo presidente Xi Jin Ping, percebe artigo postado em 15/10 pelo Wall Street Journal (WSJ). O nervosismo do mercado de capitais decorre da constatação de mudança alguma por ora, desde a decretação das medidas, passado o júbilo inicial com o comunicado.

A palavra oficial, traduz o WSJ, é de que os estímulos visam tirar do sufoco municípios endividados e soerguer a bolsa de Xangai, mas sem desvirtuar o mando do Estado para determinar a transformação da China em potência industrial e tecnológica. Do seu lado, segue o artigo, a iniciativa privada busca decifrar qual o exato estímulo da nova política que deflagrará a volta por cima da economia chinesa, ponto não esclarecido Na mídia pelo governo após a excitação gerada nos pregões pela novidade. Desse modo, conclui a matéria, investidores que apostavam na vinda de um pacote financeiro do calibre do decretado pela China durante a crise global de 2008 não discerniram ainda o que torna a estratégia atual a mola-mestra para uma retomada. A manufatura chinesa ainda não acusa ganho de tração e, no bojo dela, se contorce a cadeia plástica.

A partir de 2022 ,primeiro exercício após o fim do superciclo mundial de investimentos petroquímicos (1992-2021), o consenso dos economistas enxergava na fragilizada China o término da era dos saltos de dois dígitos no PIB e a permanência a longo prazo em crescimento limitado a 6-8% ao ano, expectativa agora reduzida a 1-4%, expõe em análise de 22/10 John Richardson, blogueiro da consultoria Icis. O gap entre as duas expectativas explica o nível recorde da mega oferta de resinas no planeta, ele arremata.

Não há como remover a China das saídas elucubradas. Os algoritmos do banco de dados da Icis situam a demanda global de polímeros em 305 milhões de toneladas, este ano, Desse total, 84 milhões  cabem ao I Mundo, 98 aos países em desenvolvimento (exclusive China) e 123 à China. A Icis também constata o desabamento das margens de PE (todos os tipos), o polímero mais consumido, no mercado da Ásia Oriental, China Inclusa. De 2015 a 2022, as margens foram calculadas na média de US$ 435/t e 1 de setembro a 18 de outubro deste ano, o índice caiu a US$ 25/t. Na 58ª edição do encontro anual da European Petrochemical Association, realizado no início de outubro em Berlim, John Richardson comenta ter deparado com o consenso de que uma recuperação da China pode levar de três a nove anos. Mas também transpareceu a percepção de que o mercado pode nunca mais voltar ao  êxtase embriagador do superciclo de investimentos, gerador aliás do atual excedente global de resinas, fruto de um planejamento hoje contestado e esconjurado pelos investidores.

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