Carros chineses: Brasil pulsa no plano de exportações pelo México

Sacada de comércio exterior visa reagir ao protecionismo de Trump
BYD Dolphin Mini: compacto elétrico importado da China a US$18.000 no México.
BYD Dolphin Mini: compacto elétrico importado da China a US$18.000 no México.

Não bastassem os calafrios com a perda de muitas aplicações automotivas, efeito da transição do motor a gasolina para o elétrico, o reduto de plásticos de engenharia no Brasil periga ser puxado para uma zona tempestuosa por uma reviravolta no México, noticiou em 9/12 o New York Times (NYT). O ponto de partida da guinada é a aversão de Trump ao acordo de livre comércio entre México, EUA e Canadá. A aliança será renegociada em 2025 e o presidente eleito quer piorar a já pesada carga tarifária dos EUA para carros chineses. Em decorrência dessa ameaça às indústrias de todos os setores atraídas ao México pelo bloco de livre comércio, custos produtivos e proximidade dos EUA, as montadoras da China estão se reposicionando. A sacada é utilizar o México como mola propulsora para compensar a perda do mercado seu vizinho com exportações maiores de autos ali montados para África, Europa, Ásia e o restante da América Latina.

O primeiro passo dessa escalada vem sendo o desembarque maciço de carros chineses elétricos e a gasolina no México. Ao mesmo tempo, montadoras como a BYD (presente no Brasil com planta na Bahia) já apalpam as condições de localidades mexicanas para erguer fábricas, Entre os destinos visados para suas futuras exportações dali – exclusive EUA e Canadá – o artigo do NYT  exemplifica com Tailândia e Brasil, país que, aliás, mantém acordo comercial bilateral com o México e tem na China seu maior cliente internacional.

A título de referência de competitividade, o atualizado compacto elétrico de quatro portas Dolphin Mini, trazido da China pela BYD, custa no México US$18.000, indica a matéria do NYT. O preço é US$10.000 inferior ao do mais barato carro elétrico montado e vendido nos EUA. Por enquanto, a produção mexicana de autos por fabricantes chineses ainda não é expressiva para firmar exportações que não para a América do Norte, atesta a matéria do jornal. Na retaguarda, porém, o governo de Pequim subsidia as montadoras do país para se tornarem exportadoras de alto calibre.

Hoje em dia, a presença das montadoras chinesas toma vulto em países onde tem produção local ou onde seus desembarques desfrutam de poucas barreiras tarifárias. A reportagem do NYT exemplifica com o Brasil estimando que, nos últimos cinco anos, a participação de marcas da China nas vendas domésticas de carros subiu de 1% para 9%, mesma parcela detida hoje no México, enquanto na Tailândia o índice já atinge 18%.

As facilidades do acordo de livre comércio com a América do Norte contemplaram o México com a credencial de sétimo produtor mundial de autos, atrás da Coreia do Sul e Alemanha. Em seu parque de montadoras cintilam verbetes como GM, Ford, Stellantis e Volkswagen, descreve a matéria do NYT. Muitos desses vips utilizam no México autopeças de sistemistas chinesas, caso de componentes como parachoques injetados pela Minghua em unidade defronte ao complexo da BMW nos arredores da cidade de San Luis Potosi.

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