Pela voz corrente no campo, o mercado de defensivos saiu da seca no ano passado e deve manter o molejo no exercício atual. Estimativas cravam as vendas no platô de US$ 10 bilhões em 2018 contra US$ 8,9 bilhões em 2017. Mas o salto não eclipsa a parada de extrair lucro dos volumes comercializados. Greve dos caminhoneiros à parte, as margens dos produtores de defensivos foram molestadas no último período por estorvos como a volatilidade cambial e o fornecimento intermitente de determinados insumos da China. Com esse torniquete na rentabilidade e a dificuldade de repassar os reajustes recebidos, os fabricantes de agrotóxicos voltam-se mais ainda para podar custos. Dos ângulos da logística e do foco no negócio original, o clima é propício para delegar a terceiros especialistas o sopro in house (anexo à linha de envase) de embalagens de polietileno de alta densidade para defensivos. Na selfie atual, o setor alinha no país três plantas in house e outras operando bem próximas do cliente, aponta Gabriel Pires Gonçalves, presidente da Unipac, transformadora nacional pioneira, nos anos 1960, no reservatório plástico para pulverizador costal de agroquímicos. Hoje em dia, a Unipac forma opinião no segmento, dianteira acentuada ao final de 2018 com a inauguração da planta de sopro dentro da fábrica de defensivos da australiana Nufarm em Maracanaú, Grande Fortaleza, Ceará. Gonçalves detalha o empreendimento nesta entrevista.
1Qual a bagagem acumulada pela Unipac no sopro in house?
A Unipac já possui experiência em produção in house desde a década de 1990, quando implementou este modelo junto às empresas Kodak e Alimentos Wilson. Em 2009, expandiu a atividade para produtores agroquímicos, como a Syngenta, com planta de sopro in house em Paulínia, interior paulista. Em 2018 foi a vez da fábrica da Nufarm em Maracanaú, na qual investimos investiu mais de R$ 15 milhões e sua construção consumiu em torno de 12 meses, com inauguração oficial em 11 de dezembro último.
As estruturas das nossas unidades na Syngenta e Nufarm são similares. Porém, cada projeto contém particularidades demandadas pelo cliente. Ou seja, seguimos um padrão de modelo de operação in house com as devidas customizações, de acordo com as necessidades de cada parceiro.
2 Por que a Nufarm Brasil decidiu repassar à Unipac a produção interna de suas embalagens?
O modelo de sopro in house não era novidade para a Nufarm, pois manteve por 10 anos contrato de suprimento de recipientes mono e coextrusados com outra empresa. No entanto, viemos construindo ao longo do tempo um bom relacionamento e atendendo o cliente com pontualidade e convencendo-o de nossa competitividade e capacidade técnica. A decisão da mudança da operação in house para a Unipac aconteceu após o vencimento do contrato com a transformadora concorrente. No parque fabril que instalamos em Maracanaú, estão sendo produzidos desde frascos de um litro até bombonas de 20 litros com capacidade para envasar o portfólio quase completo de defensivos (fungicidas, herbicidas, inseticidas /acaricidas e produtos para tratamento de sementes). A operação também dispõe de controle das especificações dos materiais e estrutura para testes como os destinados a assegurar a qualidade na linha de produção.
3Como o agronegócio prima pelo crescimento linear e uma operação in house envolve estratégias de médio e longo prazo, em quanto tempo acha que a planta da Unipac em Maracanaú tende a ser ampliada?
Pelo fato de o modelo de sopro in house exigir uma visão de longo prazo, tivemos que trabalhar com a Nufarm na construção de um plano de negócio para a viabilização desse o projeto num cenário para os próximos cinco anos. Dentro dele, estão planejados mais investimentos. •