Brasil importou quase 4 milhões de toneladas de resinas commodities em 2024

Aumento da barreira tarifária não cumpriu objetivo reduzir compras externas
Aumento da barreira tarifária não cumpriu objetivo reduzir compras externas

Receptivo ao argumento de preservar um patrimônio industrial e surdo às avisadas  consequências do gesto protecionista, como alimentar a inflação e piorar o custo de vida, o governo brasileiro elevou, na segunda metade de 2024, as alíquotas de importação de resinas de 12.6% para 20%. A intenção de dar um respiro à petroquímica nacional em meio à super oferta mundial saiu pela culatra. Rastreio da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) expõe que o ano passado acumulou 3.717.697 toneladas de polímeros commodities internados versus 2.724.535 desembarcadas em 2023, avanço atribuído à demanda interna superior a estagnada capacidade produtiva local. Todos os materiais em foco acusaram, no ano passado, importações acima dos volumes anotados em 2023. Do outro lado do balcão, mesmo com a escora do dólar nas nuvens, as exportações brasileiras de resinas convencionais também não desencabularam: apenas 936.067 toneladas em 2024 contra 928.150 anteriores.

No compartimento das poliolefinas, PP liderou os desembarques em 2024 com 722.912 toneladas, aferiu o banco de dados da Abiquim,situando as importações em 2023 em 509.467 toneladas. Em polietilenos, a resina de alta densidade (PEAD) anotou 695.758 toneladas trazidas. Bem acima das 449.794 internadas em 2023. Ainda em 2024, as três principais origens de PP internado aqui foram Arábia Saudita (197.919 toneladas), China (115.758) e Colômbia (103.654).  Quanto a PEBD e PEBDL, 2024 totalizou 530.561 toneladas importadas pelo Brasil contra 417.462 projetadas para 2023. Por fim, no nicho dos copolímeros de etileno e alfa-olefina, foram descarregadas no país 636.477 toneladas no último exercício perante 499.944 um ano antes. De volta a 2024, as três maiores origens das importações brasileiras de PE foram os EUA (1.374.730 toneladas); Argentina, pelo complexo da Dow (208.970) e Canadá (121.843).

A limitada capacidade instalada de PVC (nominalmente fixada em 710.000 t/a) explica a envergadura das importações brasileiras de 580.086 toneladas em 2024, à frente das 425.981 aferidas em 2023. No balanço de 2024, as três principais origens dessas compras externas do vinil foram Colômbia (231.955 toneladas); EUA (127.668) e Egito (71.761 – uma arrancada singular, com base nas 7.759 toneladas aqui desembarcadas em 2023).

O problema financeiro do Grupo Unigel, com constantes paradas de produção, contribui para elucidar os saltos nas importações brasileiras de estirênicos. No flanco do monômero, a Abiquim calcula em 225.985 toneladas os desembarques de estireno no ano passado, versus 215.988 em 2023. Em termos de PS, foram trazidas 115.000 toneladas em 2024 perante 91.547 em 2023. Por fim, na seara de PET, os desembarques no Brasil totalizaram 150.918 toneladas internadas no último período contra 114.352 no ano anterior.

A performance nas exportações também mostra o Brasil como um fornecedor internacional mirrado, quase simbólico de resinas commodities. No plano dos estirênicos, os embarques do monômero foram em 175 toneladas  em 2024 versus meras 70 em 2023.  Em PS, foram exportadas 41.455 toneladas no ano passado contra 57.279 anteriores. No cercado de PET, as exportações em 2024 totalizaram 88.823 toneladas e, em 2023, limitaram-se a 61.127 toneladas. Em PVC, o Brasil remeteu 18.099 toneladas no último período e 31.507 em 2023. No caso de PP, o Brasil  despachou ao exterior 200.785 toneladas em 2024 contra 240.191 um ano antes. No nicho de PEs, foram exportadas 255.006 toneladas de PEAD em 2024 versus 221.439 em 2023. Em termos de PEBD e PEBDL, foram despachadas 331.295 toneladas no ano passado contra 316.461 precedentes. Por fim, no reduto dos copolímeros de etileno e alta olefina, as exportações em 2024  somaram 429 toneladas versus apenas 76 em  2023.

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