Produção global bate a demanda e o crescimento da capacidade desestabiliza o mercado, sob pressão de preços e vendas ladeira abaixo. Este drama assim sintetizado não mais se aplica, na seara do plástico, apenas a resinas commodities, como PP, PE e PVC. Em transformados, o bicho também pega em filmes biorientados de PET (BOPET), escancara recente relatório da consultoria norte-americana Applied Market Information (AMI). De 2017 a 2022, situa o estudo, a procura mundial por BOPET foi ampliada de cinco milhões de toneladas para sete milhões. José Bosco da Silveira, presidente da brasileira Terphane, com plantas de BOPET em Pernambuco e EUA, declara no site da Tredegar, controladora de sua empresa, que se projeta acréscimo de dois milhões de toneladas na capacidade mundial entre 2022 e 2023. Na pesquisa da AMI, o descompasso entre capacidade e produção mostra-se crescente a partir de 2017 e atingindo nível máximo (por enquanto) de ociosidade no fatídico exercício atual, com perspectivas de melhora gradativa na ocupação até 2027, desde que imprevistos não atravessem a pista. Ainda assim, pela lupa da AMI, o desnível acentuado entre capacidade e produção deve permanecer nos próximos quatro anos.
Desde 2017, mostra a pesquisa, cerca de 70% dos investimentos na capacidade mundial de BOPET transcorrem na China e, quanto aos 30% restantes, encontram-se pulverizados no planeta, puxados por novas produções na Índia e sudeste asiático, sob o chamariz do consumo esbraseado de embalagens de alimentos. O xis mais atual da questão é que, em 2017, a pujança da economia da China despertava admiração mundial, enquanto hoje desperta exasperação, pois sua anemia sem final previsível contribui para engordar a já rotunda oferta internacional de BOPET. A consequente conjuntura de excedente crônico com erosão das margens de lucro tem os efeitos colaterais de, segundo o levantamento da AMI, levar transformadores do filme a adiar encomendas de máquinas e de animar a temporada de fusões e aquisições no ramo, como mostra o recente anúncio da encaminhada aquisição da Terphane pela múlti peruana Grupo Oben, manda chuva em BOPET e polipropileno biorientado (BOPP) na América Latina.
