Bio-ion estuda produção de resina verde em São Paulo
Em parceria com a holding brasileira de participações Moore Capital, a italiana Bi-on planeja dispender um ano avaliando a conjuntura para decidir se bate o martelo na montagem de uma unidade paulista de poliéster formulado com base em insumos como etanol proveniente do amido da cana de açúcar. Orçado em 80 milhões de euros na planta e mais 5 milhões no licenciamento tecnológico repassado pela Bi-on, o investimento foi trombeteado por Otávio Pacheco, dirigente da Moore Capital, na edição de 15 de setembro do jornal “Valor Econômico”. Conforme foi divulgado, o poliéster verde, que não é biodegradável, pode substituir poliolefinas em aplicações como componentes automotivos. A capacidade inicial divulgada restringe-se a 10.000 t/a, de modo que, rodando a pleno, a produção acalentada seria um cisco perante o consumo doméstico de polipropileno e polietileno convencionais. Além do mais, a oferta global maciça dessas resinas commodities de origem fóssil, aliada a fatores como seus preços internacionais com viés de baixa, sob pressão das cotações do barril de petróleo em queda, da desaceleração econômica da China e da consolidação do eteno obtido do gás de xisto nos EUA, convergem para a inviabilidade econômica de bioplásticos que se propõem a desalojar polímeros petroquímicos. Afinal, o segmento de plásticos lastreados em fontes renováveis, em especial os biodegradáveis, é mundialmente caracterizado por baixas escalas, custos altos e assédio a aplicações centradas em nichos premium. Por essas e outras, o reduto brasileiro dos biopolímeros é marcado por empreendimentos que caem em regra no mutismo após o anúncio das suas boas e sustentáveis intenções, a exemplo de uma recentemente acenada unidade paranaense de plástico biodegradável formulado com amido de milho – aliás, um caso que vale a pena a Bi-on estudar.
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