A construção civil ruma para seu quinto ano seguido de hemorragia no balanço. Mas, nas adjacências, um mercado tem ignorado a crise, crescido acima de 10% ao ano, movimento edulcorado inclusive pelo charme do plástico com aura verde, evidencia a arrancada em dois anos da goiana Vasap Design (www.vasap.com.br). “Em conversas com grandes varejistas de materiais de construção, ouvi que um dos raros segmentos em ascensão nos home centers era o de jardinagem e decoração”, conta o empresário João Paulo Roriz, dono da empresa sediada em Aparecida de Goiânia. “O crescimento provém, em especial, da popularização do conceito de jardinagem e paisagismo, antes restrito às classes mais altas”. Roriz uniu as pontas e entrou em cena com acessíveis vasos rotomoldados de polietileno reciclado, assinados por designers da nata, como Marcelo Rosenbaum, Léo Romano, André Lenza, Maurício Arruda e os integrantes da equipe da própria Vasap. “As pessoas começaram então a perceber o paisagismo como uma forma barata para transformar a decoração das casas”, conta o empreendedor.
A Vasap começou, conforme divulgado na mídia, trabalhando com PE virgem, mas o apelo da sustentabilidade logo conduziu à resina reciclada. “Ao pesquisar o mercado de vasos, notei a falta de diferenciação na concorrência, adepta dos mesmos produtos e cores e voltada apenas à briga de preço”, rememora Roriz. A propósito, ele alinha entre as missões da Vasap democratizar o design e torná-lo acessível ao grande público. “O design não justifica o encarecimento dos nossos produtos”, ele sustenta. “Por sinal, os designers são contemplados com contratos personalizados envolvendo uma remuneração satisfatória e sem impacto significativo nos preços dos vasos”.
A Vasap opera em parcerias com cooperativas de reciclagem em todo o país. “Dispomos de moinhos, aglutinadores e extrusoras capazes de reciclar em torno de 200t/mês”, situa o proprietário. “O processo compreende a captação e separação do plástico descartado, moagem, aglutinagem, extrusão, pigmentação e fecha com a rotomoldagem do vaso”. Roriz comenta que, em regra, o segmento de vasos recorre a três cores neutras – bege, marrom e cinza. “São as mais vendidas e os concorrentes se acomodaram a elas para otimizar a produtividade”, ele assinala. “Percebi interesse no mercado por mais opções e acertei ao ofertar cores mais vivas e alegres, caso de azul, verde, vermelho e laranja”.
O vaso mais caro do portfólio da Vasap, pinça Roriz, é o modelo colonial grande, orçado para o cliente final em torno de R$ 500. “O preço se explica por tratar-se do nosso maior vaso, com 80 cm de diâmetro, e é indicado para o plantio de grandes árvores frutíferas, como jabuticabeira”. De prato cumbuca a vasos integrantes de 12 coleções, todas as criações da Vasap são de PE reciclado. “Elas vêm com um tag que informa o cliente sobre sua escolha sustentável e outro contendo a história de cada coleção e uma apresentação de cada designer”, conclui Roriz. •