Tão incomum quanto emitir relatórios anuais de sustentabilidade é uma transformadora de plástico ser vista como musa inspiradora em termos de política de recursos humanos (RH). Em ambos os casos, reluz a catarinense Termotécnica, bússola do setor de poliestireno expandido (EPS), e o mais recente polimento nessa imagem foi dado pela inserção da empresa num tipo de ranking em geral considerado uma sala de estar para múltis e maiorais nacionais: o guia 2014 “As melhores empresas para você trabalhar”, da revista “Você S/A”.
Integrada do EPS às embalagens e peças técnicas e com sede em Joinville, uma fábrica filial em Santa Catarina, uma no Rio Grande do Sul, uma no Paraná, duas em São Paulo, uma em Goiás e uma em Pernambuco, a Termotécnica totalizou 1.226 empregados, com oito anos em média de casa, à época do levantamento nacional para o guia. O pente fino mimoseou a indústria presidida por Albano Schmidt com índice de 60,9 relativo à qualidade na gestão das pessoas e seus funcionários a contemplaram com 75,5 no quesito de qualidade de ambiente de trabalho, desembocando na nota final de 71,1 para o denominado índice de felicidade no trabalho.
Em momentos como o atual, da economia brasileira no estaleiro, a serventia de uma política de RH mostra-se particularmente providencial, ilustra a estratégia da Termotécnica. “O papel da liderança tem sido fundamental para não deixar a peteca cair”, expõe a gerente de gestão de pessoas Clea Biscaia. Em reuniões mensais de divulgação de resultados, a cúpula informa a situação de forma clara e objetiva aos funcionários “para que também entendam porque determinadas ações são ou não realizadas”, ela completa. Outro motivador do pessoal, ainda mais milagreiro em tempos bicudos, é o programa de participação nos resultados. “A cada mês, todos ficam sabendo quais indicadores cobram mais atenção para o cumprimento das metas”, explica Clea, encaixando como elemento fundamental a comemoração conjunta dessas conquistas. As metas dos indicadores por áreas da empresa são definidas por diretores e gerentes. Além da diretoria, os objetivos são validados por um comitê de empregados das áreas envolvidas e representantes sindicais dos trabalhadores. Os resultados são atualizados num mapa estratégico, detalha Clea, e seu monitoramento é norteado pela metodologia Balanced Score Card (BSC), a cargo da área de gestão de pessoas. “O programa é contabilizado de janeiro a dezembro do ano vigente e os resultados são auditados no início do exercício seguinte e divulgados a todos pela diretoria em março”, esclarece a gerente. A iniciativa prevê o pagamento máximo anual de 1,1 salário a cada funcionário e as metas são compostas pelo resultado econômico da Termotécnica e indicadores operacionais (alcançados em cada área). “Além disso, a empresa dá um bônus de segurança de 10% caso o ano vigente tenha transcorrido em acidentes”, ela distingue. Em 2013, exemplifica, o programa de participação de resultados contemplou 90% do quadro de pessoal com o pagamento de até 60% do salário nominal, saldado em parcela única em março de 2014.
O programa de participação de resultados consta do pacote de benefícios. Entre outros pontos altos dele, Clea pinça o plano de saúde sem mensalidade, extensivo ao cônjuge e filhos e com subsídios a partir de 60% para exames, consultas e cirurgias eletivas. “Em casos de operações de emergência, a cobertura é de 100%, inclusa a internação”, ela completa. Na mesma trilha, a gerente cita o convênio com farmácia, para desconto do valor da compra em folha de pagamento; o seguro de vida em grupo, válido para morte por qualquer causa, e o auxílio funeral extensivo à família. Quanto à alimentação, a porta voz da Termotécnica enaltece o restaurante interno, sob acompanhamento de nutricionista. “Ele oferece opções diárias de menu light e, duas vezes por semana, a Parada Gourmet – um cardápio especial, elaborado mediante agendamento prévio”. Clea arremata os principais benefícios com o auxílio educação. “É concedido após o funcionário completar um ano de casa e abrange a realização de cursos técnicos, de especialização ou nível superior, além do aprendizado de idiomas”.
Também para burilar o potencial do quadro de pessoal, a Termotécnica sobressai por duas ações para formar líderes. Uma delas, parceria com a Fundação Dom Cabral, é o chamado programa de desenvolvimento de dirigentes. “Visa fortalecer a visão estratégica de coordenadores e gerentes, motivando-os para a contínua melhora dos processos e resultados da empresa”, traduz Clea. Já o programa de desenvolvimento de líderes é tocado a quatro mãos pela Termotécnica e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). “Ele prepara funcionários envolvidos em projetos estratégicos e identificados como potenciais lideranças, em prol do desenvolvimento de atividades com foco no desenvolvimento de equipes”, sumariza a executiva. Ainda para coordenadores e gerentes, ela emenda, a Termotécnica dispõe de um programa de avaliação anual de competências e subsidia a participação dos gestores em cursos, workshops e seminários no gênero.
O zelo pelo entrosamento e bem estar da equipe estende-se aos familiares. Entre as ações de incentivo a essa integração, Clea exemplifica com as reuniões mensais de café dos aniversariantes, a festa de fim de ano, a prática de ginástica laboral, presentes para os funcionários em datas temáticas, áreas de recreação, campanhas de vacinação e de cuidados com a saúde e o evento denominado Semana Interna de Prevenção de Acidentes, Meio Ambiente e Qualidade.
A escassez de mão de obra qualificada e a declarada preferência da nova geração pelo setor de serviços hoje embola o jogo da competitividade na indústria. As vagas abertas na Termotécnica têm captado esse vento contrário. “Desde 2012 a empresa encontra dificuldades para repor, de forma rápida e eficaz, algumas posições para cargos executivos”, reconhece Clea. “Por atuarmos em diferentes segmentos, necessitamos de profissionais de formação e conhecimentos específicos, além de mobilidade suficiente para atender as demandas das unidades da empresa, abrangendo todo o território nacional”. A saída do enrosco, ela conta, foi criar mais canais de recrutamento e intensificar os investimentos em novas tecnologias e ações de treinamento e desenvolvimento. “Também passamos a buscar elementos que conheçam as expectativas de nossos clientes devido à experiência acumulada em posições similares à do cargo oferecido pela Termotécnica”, assinala Clea. “Por exemplo, abrimos a posição de coordenador comercial considerando currículos com passagens pela área de compras e suprimentos”. •
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