Alta mundial dos fertilizantes ricocheteia na cadeia plástica

Oferta menor e encarecida dos alimentos contamina as embalagens mas produzidas
Alta mundial dos fertilizantes ricocheteia na cadeia plástica

Veia jugular do consumo de termoplásticos e suas embalagens, a produção de alimentos sofre com a inflação fora das metas, no Brasil e no mundo, e com o declínio de sua oferta sem virada à vista, alerta no portal Icis o blogueiro Paul Hodges, CEO da consultoria New Normal. A subsistência de metade da população mundial, ele aponta, depende de fertilizantes nitrogenados e seu suprimento claudica por fatores como a redução na produção europeia (70% em 2022 ) de um derivado do gás natural, a amônia. “O recuo da oferta da amônia reflete o corte do suprimento racionado de gás natural imposto ao continente por Putin, com consequente disparada nos preços do gás”. Hodges aproveita a deixa para encaixar em sua argumentação recente aviso do Banco Mundial: “os preços dos fertilizantes aliviaram um pouco no início de 2023, mas seguem em patamares elevados por causa da demanda fraca e dos cortes promovidos no plantio por agricultores com acesso reduzido e encarecido aos fertilizantes. Por extensão, a indústria alimentícia europeia  acusa dificuldades de suprimento”.

Hodges também recorre ao banco de dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Conforme cita o consultor, o declínio mundial na produção de cereais, atestam os indicadores da entidade, continua em cena desde 2020, resultado do cruzamento dos seguintes  fatores essenciais: pandemia, guerra na Ucrânia, alta dos preços e mudanças climáticas, a exemplo do flagelo da seca brava na Europa no ano passado.  O blogueiro do Icis lembra ainda a advertência postada na mídia pelo Banco Morgan Stanley: quando consumidores pagam a mais por comida, gastam menos em outros itens discricionários com sérias implicações para uma retomada da economia global. A FAO, por sua vez, já emitiu alerta de que a atual crise mundial de preços em alimentos possa tornar-se uma crise de oferta. Risco de um pisão daqueles no calo da cadeia plástica e, como sempre, quem acaba arcando com a conta será o consumidor final.

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