Acordo entre China e Irã agitará petroquímica mundial

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Uma estratégia conduzida sem alarde pode, uma vez concretizada, transfigurar o jogo de forças da petroquímica mundial, com intensidade comparável ao advento do petróleo extraído do gás de xisto nos EUA. A reviravolta toma vulto com o esboço, divulgado pelo jornal New York Times, de uma parceria econômica tricotada entre China e Irã.

No plano das intenções a caminho da materialização, o acordo antevê a expansão da presença chinesa no Irã em setores como bancos, telecomunicações, portos e ferrovias. Antes mesmo do acordo ser gestado, a publicação Petroleum Economist alardeava o plano da China de investir no Irã US$280 bilhões na extração de petróleo e gás e na implantação de complexos petroquímicos. Em troca da enxurrada de verbas no país engatilhada pelo governo de Pequim, o Irã supriria com seu petróleo a China por 25 anos, revela o esboço publicado da proposta de parceria, ideia colocada pela China em 2016 e aprovada pelo governo iraniano em junho último.

A propósito, o Irã possui 10% das reservas globais de petróleo e gás natural. De acordo com o New York Times, o acordo golpeia pesado a agressiva política de Trump contra o Irã, desde que abandonou o acordo nuclear firmado com os EUA e seis outros países em 2015. Na esfera dos termoplásticos, John Richardson, analista do portal especializado Icis, chama a atenção para crescente autonomia chinesa na produção de poliolefinas. Ele também destaca que, em 2019, o Irã foi o segundo supridor internacional de polietileno de alta densidade (PEAD) para a China, perdendo apenas para a Arábia Saudita.

As importações chinesas da poliolefina iraniana somaram então 1.5 milhão de toneladas e, também no ano passado, a China importou 3.2 milhões de toneladas de polietileno de baixa densidade (PEBD) do Irã. Para Richardson, o Irã ambiciona há bom tempo expandir sua capacidade em petroquímicos e a oficialização do acordo com a China poderá concretizar este sonho e, no embalo, os produtores de PE nos EUA, hoje atolados em mega excedente, tendem a ser varridos do mercado chinês e sua zona de influência, ficando sem canal alternativo de desova à altura do maior importador mundial de polímeros.

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