Os dados para a construção civil este ano não são animadores. O Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP) projeta estagnação do setor, enquanto a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) estima redução do faturamento de seus associados. Alheia à depressão sugerida por esses números, a unidade brasileira do grupo alemão Rehau comemora expansão das vendas de seus perfis de PVC em 2014. O aumento estará em linha com o avanço geral do mercado de esquadrias vinílicas, situado entre 25% e 30% ao ano, taxa aferida desde 2009, confirma Thomas Goerigk, gerente de vendas técnicas da empresa no Brasil.
Em sua planta em Cotia (SP), a Rehau produz fitas de borda para a indústria e perfis de PVC para linha branca, segmentos à parte das esquadrias para construção. Estas, devido ao ainda baixíssimo volume movimentado domesticamente, são importadas de unidades na Argentina, Alemanha, China, França e Inglaterra, com as duas primeiras na dianteira dos embarques para cá. No país vizinho, a empresa gera 160 t/mês em duas extrusoras instaladas na planta de Rosario. “Um parque de 300 t/mês, ou quatro máquinas, seria o necessário para nacionalizar a produção”, estima Goerigk. Mas este não é um plano de curto prazo. “Linhas no Brasil não saem antes de cinco anos, pelo menos”, ele acrescenta.
Por aqui, perfis de PVC há décadas se arrastam para ganhar espaço entre concorrentes de alumínio e madeira, porém, pela percepção de Goerigk, a clientela começa a conhecer melhor o produto e entender seus benefícios em comparação aos outros materiais. Isso, em parte, explica as elevadas taxas de crescimento, bem acima da economia nacional. Ainda assim, a participação do vinil no mercado local de esquadrias está em tímidos 2,5%, o executivo calcula. Antonio Rodolfo, executivo da Braskem, durante a conferência LAPPC em setembro, estabeleceu o consumo de 7.400 t/a da resina para o reduto de perfis, volume que deve chegar a 70.000 t/a em 2024.
A base de clientes da Rehau no Brasil conta hoje com 50 fabricantes em relação a apenas cinco em 2009. Do contingente atual, 58% estão no Rio Grande do Sul, primeiro Estado a utilizar itens do mostruário do grupo alemão. As esquadrias fazem sucesso no Sul devido à cultura e ao clima. “O principal diferencial dos perfis de PVC é promover isolamento térmico e acústico. Em locais de temperaturas mais extremas, seja frio ou calor, o produto tem mais êxito”, encaixa Rafael Navarro, supervisor de comunicação da empresa. No Brasil, ele insere, muitos hotéis já estão substituindo esquadrias de alumínio, mais barulhentas e que não protegem de forma eficaz o ambiente de intempéries. Além do mais, os perfis de PVC dispensam pintura, não oxidam e requerem baixa manutenção, ele complementa.
Apesar dessas vantagens, as esquadrias de vinil engasgam devido ao seu custo. “O perfil de PVC agrega valor à construção e, por isso, é um produto premium”, lembra Navarro. A Rehau até lançou algumas linhas mais acessíveis, mas sem popularizar demais o artefato. “Isso tiraria o apelo do PVC”, atesta Goerigk. O perfil de plástico consegue apenas ser mais barato quando utilizado em grandes vãos, como em shopping centers, ele exemplifica.
Depois do Rio Grande do Sul, São Paulo aparece na sequência da lista de principais compradores, seguido por Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e, por fim, pelo Nordeste. Essa base sólida assegura à fabricante fatia de 11% de participação no mercado, embora todo o atendimento seja feito via importações com alíquota de 16%. “São 40 dias corridos desde que o pedido é colocado até a instalação da janela”, assinala Goerigk. Diversidade no portfólio e assistência técnica local também ajudam a manter a Rehau em posição vantajosa sobre seus competidores, ele assegura. A norma NBR 15.575 é outra esperança para alavancar o uso do PVC em esquadrias. A regulação institui desempenho mínimo para diversos elementos de construções, incluindo aqueles que conferem conforto acústico e térmico. “Ela trará benefícios para as vendas dos perfis de PVC”, confia o gerente.•
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