A química da conciliação

LyondellBasell nada de braçada em soluções para aliar polímeros incompatíveis em recicláveis estruturas monomaterial
LyondellBasell nada de braçada em soluções para aliar polímeros incompatíveis em recicláveis estruturas monomaterial

Nos estertores de 2022, a petroquímica LyondellBasell, casa de força global em PP e PE, efetuou uma jogada estonteante no tabuleiro de masterbatches no Brasil. Ao comprar por montante não aberto a componedora nacional Colortech da Amazônia, a corporação holandesa tornou-se a única múlti no país com fábrica de concentrados na Zona Franca, no aconchego dos incentivos fiscais e importações pelo porto livre de Manaus.Com isso, ampliou de forma abrupta sua capacidade e fôlego para expandir, junto com sua outra planta em Sumaré (SP), a atuação no cenário interno de masters brancos, pretos, coloridos e de aditivos. Com nome feito no Brasil em concentrados para PEAD e para flexíveis como BOPP, a LyondellBasell abre os olhos agora para o potencial para masters enxergado no crescente interesse notado aqui por embalagens pós-consumo à base de um único tipo de material, ideais para reciclagem mecânica, detalha nesta entrevista Roberto Castilho, diretor de negócios para o mercado sul-americano de concentrados e especialidades em resinas e pós.

Roberto Castilho: brandowners cobram composições monomaterial para embalagens de poliolefinas.
Roberto Castilho: brandowners cobram composições monomaterial para embalagens de poliolefinas.

A superoferta global baixa, desde 2021, os preços de PP e PE virgens, a ponto de aproximá-los das cotações das resinas recicladas, comprometendo assim rentabilidade e viabilidade econômica de indústrias de reciclagem no Brasil e no mundo. Diante disso, como justifica o fato de a demanda por plásticos de perfil monomaterial, mais simples de reciclar mecanicamente, permaneça no Brasil entre os segmentos que mais busquem masters da LyondellBasell para compatibilizar as propriedades de polímeros pós-consumo diferentes entre si?
Além de a regulamentação internacional enfatizar a questão da sustentabilidade, existe, nessa mesma direção, uma demanda dos brand owners por soluções monomaterial. A embalagem não deve apenas manter os alimentos frescos e protegidos, mas deve permitir ser facilmente classificada e reciclada para proporcionar a circularidade.
Essas soluções já existem, passam por combinações de produtos com diferentes funcionalidades mas do mesmo tipo de poliolefina, seja base PE ou PP, podendo ser utilizados na substituição de estruturas multimaterial, assim simplificando o processo e melhorando a qualidade da reciclagem mecânica. Nossos produtos visam aumentar a taxa de reciclagem das embalagens e, nesse sentido, o design delas deve estar focado em facilitar a reciclagem dos materiais de sua composição, o que inclui maximizar os componentes recicláveis nas estruturas e eliminar elementos irrecicláveis.

Qual é o master da LyondellBasell mais procurado(s) no Brasil para compatibilizar polímeros pós-consumo diferentes entre si, evitando o encarecimento da reciclagem pela necessidade de delaminação prévia desses materiais?
Polybatch® BAR é o concentrado mais procurado. Ele está em fase avançada de desenvolvimento e substitui copolímeros de eteno e álcool vinílico (EVOH) para prover barreira ao oxigênio em embalagens monomaterial. Outros desafios vencidos na troca da embalagem multi por monomaterial incluem selagem, mecânica, resistência, processabilidade e característica ópticas. A propósito, a LyondellBasell dispõe do copolímero random Moplen RP410M HP, projetado para uso em camada de selagem de estruturas monomaterial para aplicações retort de alta performance. Ainda na seara de PP, destaco o homopolímero Adstif HA622M, de altíssimas rigidez e estabilidade térmica, e outro copo random de fácil remoção (easy peel), Toppyl PB 8220 M. Cabe menção também as resinas especiais Adsyl para baixar a temperatura de selagem e aumentar a velocidade de processamento das embalagens. Por fim, em relação à barreira ao vapor de água, dispomos em masters dos grades Polybatch® M6020, NC44 e CPS 606, sendo que este último também melhora transparência e brilho da embalagens.

Em termos de plásticos rígidos e flexíveis, quais são os setores de produtos finais que mais demandam no Brasil soluções da LyondellBasell para tornar compatíveis os plásticos de suas embalagens pós-consumo de modo a viabilizar a reciclagem mecânica delas?
É abrangente a gama de setores finais usuários dessas soluções nas embalagens, como agroquímicos, sacaria lisa, cuidados pessoais e cosméticos. A demanda é maior para recipientes rígidos. Em cosméticos, por exemplo, o master Polybatch® Easy Pour facilita a saída dos cremes e géis dos frascos, contribuindo assim para a reciclagem mecânica, pois a contaminação por material orgânico dificulta muito o processo de recuperação do resíduo plástico. Esse master também faz com que o head space (vão livre para dar espaço ao conteúdo dentro do frasco) de embalagens transparentes fique limpo, tornando-os mais atraentes aos clientes. Essa funcionalidade também é adequada a flexíveis como stand-up pouches.
Entre os agentes compatibilizantes, indico a resina Adflex, para conciliar propriedades entre PP e PE pós-consumo, e master em desenvolvimento Polybatch® CA 10051, para materiais menos compatíveis entre si, como PE ou PP com PA 6 e EVOH. Por sinal, Adflex e Polybatch® CA 10051 reduzem a tensão interfacial, criando uma dispersão de fase mais fina; geram morfologia não destruída durante aplicação de alta tensão e deformação e melhoram a performance mecânica dos materiais.

Cosméticos: master Polybatch® Easy Pour facilita saída dos cremes e géis dos frascos.
Cosméticos: master Polybatch® Easy Pour facilita saída dos cremes e géis dos frascos.

Como avalia as perspectivas para estas suas soluções quando deslanchar no mundo a reciclagem química, que dispensa a compatibilização prévia de polímeros pós-consumo diferentes entre si?
Nossas soluções para embalagens monomaterial de PP e PE possibilitam que a sucata seja reciclada de forma mecânica. A LyondellBasell também recorre à reciclagem química, quando a mecânica não se aplica. Por exemplo, a empresa oferece os polímeros CirculenRevive, resultantes de resíduos submetidos à reciclagem avançada e recomendados para estruturas complexas, multimaterial, caso de laminados flexíveis integrados por BOPP.

Como reparte entre as fábricas da LyondellBasell a produção de masters no Brasil?
Quase todos os nossos masterbatches estão nacionalizados. Produtos em desenvolvimento, como Polybatch BAR são importados e revendidos. No entanto, quando sua demanda atingir o nível de escala industrial, passarão a ser produzidos na planta em Sumaré (SP). Em essência, a unidade da Zona Franca roda focada nos masters coloridos, embora atenda algumas demandas locais de pretos, brancos e concentrados de aditivos. Por sua vez, a filial de Sumaré fornece brancos e todos os tipos de masterbatches de aditivos.

LyondellBasell lançou este ano no mercado internacional a série de masters Polybatch® Effects FROST para frascos e garrafas PET. Quais as vantagens que ele proporciona a recipientes como os de cosméticos, produtos de limpeza e alimentos?
Muitos brand owners pretendem aumentar a percentagem de material reciclado em suas embalagens PET. Entra em cena, então, o desafio de manter uma boa aparência da embalagem em razão da qualidade inconstante do poliéster reciclado. Os masters Polybatch® Effects FROST cumprem os requisitos FDA para uso em contato com alimentos e cosméticos e foram projetados para contemplar recipientes de PET com requintado acabamento fosco. Estão disponíveis em dois estilos nos grades BX510836 e BX512117. Ambos minimizam a aparência do PET reciclado em prol de uma estética premium e adequam-se à triagem de resíduos recicláveis pelo sistema de sensores infravermelho próximo (NIR). Atendemos os brand owners de forma global mas a produção no Brasil se justificará se houver necessidade e escala.

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