A perfeição é uma meta

Matriz em Joinville: automação da resina à extrusão dos tubos.

Talvez não haja, no setor plástico brasileiro, um reduto com divisão de classes tão nítida quanto a indústria de tubos de PVC. No primeiro andar, Tigre e Mexichem cobrem cerca de 70-80% do mercado, atesta o consenso dos analistas. No mezanino, coexistem apinhadas em torno de 15 empresas vistas como relevantes. Por fim, no piso térreo, alastra-se o mundaréu incontável de marcas de tubos com raio de alcance estadual, no máximo regional. Nos últimos anos, esse perfil tem sido pisoteado pela catarinense Krona, ao tornar-se sarada demais para continuar a caber na classe média, como ilustra seu nome listado, na pesquisa Anamaco/Ibope 2013, entre os três maiores fabricantes de tubos e conexões de vinil para água fria e esgoto no país. Por trás da fama colhida por sua veia empreendedora, pesa muito o esmero da lapidação da infra industrial, a partir da matriz em Joinville.
“Nosso parque fabril tem idade média de seis anos e sua produtividade é assegurada por manutenções preventivas bianuais”, explica Edson Fritsch, gerente industrial corporativo da Krona. Para qualquer máquina  de alta carga de uso ser substituída, ele condiciona, influem os ganhos tecnológicos em vista e o aumento dos custos de manutenção. Fritsch não abre a quantidade de extrusoras de tubo na ativa, mas situa em mais de 100 exemplares o esquadrão  de injetoras agrupados nas duas fábricas na sede e na filial em Alagoas. “Injetam conexões para água fria e esgoto, registros, caixas sifonadas, ralos e diversos acessórios”, ele completa. De hábito, coloca o executivo, a capacidade da Krona sobe a cada ano e o exercício atual, apesar da massa de ar polar na economia, não é exceção.
Na retaguarda, o complexo matriz conta, em suas duas unidades, com ferramentarias para ajustes preventivos ou corretivos nos moldes. “Investimos este ano em mais uma área para esta aatividadede”.  Apesar de habilitadas à confecção de moldes, comenta, Kritsch,  construí-los não é a demanda dessas ferramentarias, razão pela qual a Krona os adquire do núcleo de matrizarias de Joinville.
Somadas as turmas dos três turnos nas unidades em Santa Catarina e no Nordeste, o chão de fábrica da Krona hoje beira 1.000 funcionários, situa o gerente. Eles atuam numa estrutura automatizada da matéria-prima ao produto acabado.”Os processos de amarração de tubos e embalagem ainda dependem de intervenção manual”, distingue Fritsch. “Mas ainda este ano ativaremos duas células de extrusão munidas de amarradores automáticos”.
Outro diferencial da Krona em relação aos demais ocupantes do mezanino do seu setor é a ênfase nos treinamentos do chão de fábrica. “São realizados na etapa de integração dos funcionários, em salas de aula e no exercício de suas atribuições”, assinala Fritsch. Na foto atual, encaixa, a empresa finaliza estudo para implantar processo de qualificação das equipes operacionais inspirado na filosofia lean. “Visa amadurecer e capacitar todos os profissionais, alinhando-os ao uso de ferramentas e técnicas em prol de um processo enxuto”, resume. Em paralelo, completa Fritsch, a empresa incentiva o autodesenvolvimento e trabalha a qualificação dos líderes e gestores, tal como dos futuros administradores dos processos. Desde 2013, situa o executivo, a Krona abraça o projeto Lean para zerar desperdícios, baixar custos e elevar a produtividade nas esferas industrial e administrativa . “Um programa Kaisen na área de extrusão voltou-se para a troca de ferramentas”, exemplifica o gerente. “Com a implantação das melhorias propostas, caiu em quase 80% o tempo de set up; em quase 50% a redução de refugo e em 86% o tempo de troca de ferramentas”.
Gastos com energia, quesito no qual o Brasil figura entre os recordistas no planeta, tornam-se obsessão numa operação eletrointensiva como o complexo em Joinville. Fritsch ilustra essa preocupação com o fluxo de investimentos em máquinas e processos mais limpos e econômicos –“algumas das novas máquina reduzem em até 40% o consumo de eletricidade”– e mecanismos como ServoPower. “Trata-se de uma bomba acionada por servomotor com controle de velocidade ajustável eletricamente”, traduz o executivo. Outra cartada para baixar a conta de energia: a instalação de domus na fábrica de tubos em Joinville  e na filial nordestina, trunfo resultante da instalação de telhas de PVC  do tipo sanduíche com injeção de poliuretano. “Os domus permitem a entrada de luz natural, dispensando o uso de lâmpadas durante o dia e tornando  o ambiente fabril mais agradável e com maior conforto térmico e acústico”, fecha Fritsch. •

Compartilhe esta notícia:

Deixe um comentário