Embalagens flexíveis de polietileno e polipropileno responderam, no ano passado, por 30% da produção nacional de transformados de plásticos. O percentual explica por si, ao lado da disputa por clientes de produtos primários e alto giro, como alimentos e sacolas, a visão das extrusoras blown como reduto de alta mortalidade na indústria de bens de capital para plásticos. O histórico do segmento é pródigo em relatos de entra e sai de fabricantes nacionais, a exemplo da Wortex, a múltis do naipe da Reifenhäuser. Fincada em filmes monocamada, justo o nicho de rentabilidade mais desafiadora em flexíveis, dado o baixo valor agregado em jogo, a brasileira Minematsu forma na linha de frente ao romper a marca dos 30 anos de ativa neste octógono. “Devemos ter entregue cerca de 400 máquinas até hoje”, estima o sócio e diretor Ricardo Minematsu.
O estopim da aventura chama-se Edson Minematsu, pai de Ricardo. Ele não caiu logo de cara no ninho do plástico. Com um irmão, entrou na construção de máquinas abrindo uma indústria de secadores de cabelo e daí saltou para equipamentos para reciclar plástico. A empresa sucumbiu sob calote de clientes e, depois de fechada, Edson seguiu sozinho na reforma e montagem de máquinas em geral. “Aos poucos”, conta Ricardo, “ele foi conquistando clientes a ponto de erguer uma carteira capaz de respaldar a constituição da Minematsu como fabricante de extrusoras blown em 1988”.
Naquela época, as embalagens flexíveis estavam desbravando mercados hoje maduros no Brasil e as perspectivas de crescimento faziam ferver a competição entre marcas de extrusoras de filmes. Edson Minematsu resolveu entrar no vespeiro pelo acesso dos nichos tidos então como menos explorados. “Começou a construir extrusoras sem a quantidade de acessórios habitual nas marcas tradicionais para atender cientes que ingressavam no negócio de filmes e transformadores em busca de qualidade na produção conferida por máquinas mais em conta”, sumariza Ricardo. Hoje em dia, ele nota, com a concorrência apinhada neste seu nicho inicial, a Minematsu viu-se forçada a enveredar pelas linhas de máquinas mais requintadas, mas sempre procurando conjugar engenho e simplicidade sem carregar nos preços. “Também pesaram na expansão da empresa a pontualidade na entrega das máquinas encomendadas e a flexibilidade na assistência técnica, chegando mesmo a abrir mão das restrições do prazo de garantia e sem negar atendimento mesmo quando envolvia outras marcas de extrusoras”, assinala o diretor.
A Minematsu deu o tiro de largada com monoextrusora para filmes de polietileno de baixa densidade. “A capacidade da linha era baixa e a lucratividade para o transformador provinha dos valores do produto final, com a escora da resina então barata e boas condições de preço na venda da embalagem”, repassa Ricardo. Sob competição hoje endurecida, nota, os transformadores são levados a aumentar o volume de produção para contrabalançar a margem menor na venda de flexíveis, um movimento que motivou a construção de extrusoras mais produtivas”. Como referência, o diretor sustenta que suas máquina atuais produzem , em média, o triplo das linhas Minematsu dos anos 1980. Além disso, primam hoje pela ênfase em mecanismos de auto controle, como sistemas de troca automática de filme, e portam avanços como o cabeçotes concebidos internamente e roscas e cilindros mais duradouros.
Na sede em Osasco, Grande São Paulo, a empresa exibe capacidade para montar em torno de 15 extrusoras de médio porte ao ano, situa Ricardo. O portfólio atual abriga oito extrusoras para filmes de PE e duas para reciclagem. O carro-chefe, distingue o diretor, é o modelo MG 60, munido de cabeçote giratório, anel de resfriamento, rosca de 60 mm de diâmetro, L/;D 26:1 e operando a 109 rpm. Em trabalho com polímero de alta densidade (PEAD), sua capacidade de extrusão é fixada em 70 kg/h e, com PEBD, 90 kg/h.
Na selfie atual, a Minematsu preza o controle familiar, Lirdes e Érica, respectivamente esposa e filha do fundador, também participam da gestão. Adepta da filosofia de que tudo a seu tempo, a Minematsu prepara a estreia num flanco sobre o qual volta e meia era indagada porque ainda não ingressara nele. “Estamos em vias de concretizar vários projetos, entre eles a entrada em coextrusoras”, revela Ricardo. A demora não é desvantagem. Afinal, há 30 anos o filme da Minematsu permanece em cartaz. •