A bola está com ela

Mulher no mercado de trabalho torna lavadora um bem essencial

especialPassado o foguetório nas vendas, atiçado pela redução do IPI em 2009 e entre 2011 e 2013, o faturamento de eletrodomésticos da linha branca deve cair de R$ 14,4 bi em 2014 para R$ 12,9 bi este ano e, nos primeiros oito meses de 2015, a retração rondava a marca de 10%, afere a empresa de pesquisas GFK. Entre os produtos a caminhar por estas brasas, lavadoras de roupas sobressaem como o segundo item em participação (precisão de 29% este ano) na receita do setor de linha branca. A recessão estupra mas não mata o horizonte para as lavadoras no Brasil. Afinal, a última edição da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad 2014), compilada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta a máquina de lavar roupa à frente dos objetos da linha branca desejados pelas famílias, pois ainda longe (58,7%) do grau de penetração de fogões (98,8%) e geladeiras (97,6%) nos lares nacionais.

Esse status das lavadoras é atribuído à atuação da mulher no mercado de trabalho, com menos tempo e disposição para os afazeres domésticos. “Como elas buscam opções para facilitar sua dupla jornada, uma lavadora torna-se essencial no dia a dia da casa”, endossa Marcelo Emrich Soares, diretor industrial da mineira Suggar, ponto cardeal dos eletrodomésticos da linha branca no país.  A morosidade na penetração das lavadoras nos lares pode estar associada ao comprometimento da renda da população com alimentos e moradia, ele conjetura. “Mas esse quadro tem se alterado de forma lenta e gradual em prol das lavadoras, melhorando a percepção sobre elas nas necessidades diárias”.

A GFK  rastreou, de janeiro a agosto último, recuo de 11% em volume e 8% em valor  nas vendas do segmento de máquinas de lavar e secar roupa. Entre as mudanças nos hábitos de compras trazidas pela crise a esse mercado, a consultoria flagrou em seu levantamento uma inclinação do público por modelos mais simples. Na mesma batida, Soares percebe um aumento nas vendas de lavadoras semi-automáticas (tanquinhos). “O produto apresenta excelente custo/benefício em relação às lavadoras automáticas”, considera o diretor. “Além do preço ser fator determinante, os modelos semi automáticos têm ótima durabilidade, qualidade e eficiência aliadas à economia de água e energia”. Para Soares, são equipamentos menos vulneráveis à crise, dado seu preço bem abaixo das lavadoras automáticas. “De janeiro a agosto último, as vendas da categoria semi automática cresceram cerca de 3% em relação ao mesmo período em 2014”.

As lavadoras semi automáticas, forte da Suggar, são  substituídas em média a cada três anos, situa Soares. “Considera-se que, ao longo deste período, os produtos agregam novas tecnologias e facilidades”, ele assinala. A propósito, uma comparação com suas lavadoras semi automáticas de 10 anos atrás contempla os modelos atuais da Suggar com os diferenciais da nota A no Inmetro e do selo Procel, avais técnicos da economia de água e eletricidade. No momento, o mostruário da marca mineira abriga máquinas semi automáticas, não eletrônicas e com capacidades para lavar de quatro a 12 kg. “Dispõem de recursos como dispenser de amaciante e sabão, filtro cata fiapos, batedor gigante, sistema de drenagem e a função de reaproveitar água”, encaixa o diretor industrial. Para reagir ao consumo de freio puxado, a Suggar se mexe em várias frentes. “Estamos exportando alguns modelos de lavadoras para mercados como os demais países do Mercosul”, ilustra Soares, na garupa do câmbio amigável às vendas externas. “Além disso, atuamos com força no market place de parceiros, promovemos campanhas de incentivo para lojistas e investimos em anúncios cooperados, entre outras ações”.

Na esfera dos componentes de plástico, a Suggar se distingue no ramo pela vocação para transformadora. “Contamos com um parque de 30 injetoras, desde modelos de menor porte a linhas de 1.300 toneladas”, expõe o diretor. Peças grandes, a exemplo da cuba e do gabinete da lavadora, têm a terceirização de sua produção inviabilizada pelo custo de transporte, argumenta Soares. “Neste semestre, devido ao alto pico de vendas, designamos a fabricação de determinadas peças a alguns transformadores e, por sinal, temos um parceiro que no assegura flexibilidade, agilidade e qualidade na injeção”, ele completa, sem abrir o nome do aliado.

Soares calcula em 65% o quinhão do plástico no peso médio de suas lavadoras semi automáticas. “Exceto o motor, todas as peças de nossas lavadoras foram substituídas por plásticos de engenharia como poliacetal e polióxido de fenileno”, exemplifica Soares. “A carcaça do motor é de alumínio, mas já corre estudo para substituí-lo por resinas nobres”. A propósito, ele grifa, entre as principais modificações recentes no portfólio das lavadoras Suggar desponta o uso crescente de materiais mais resistentes, capazes de contribuir para o aumento de capacidade de lavagem. “Seu emprego resultou nos lançamentos de modelos  de 10 e 12 kg”. Na mesma batida, Soares afirma utilizar nas peças estruturais “resinas que proporcionam dureza superior e alto brilho, sem comprometer a resistência ao impacto”, descreve. Por seu turno, distingue, a transparência das tampas das lavadoras é mérito de polipropileno (PP) acrescido de pigmento clarificante, em sintonia com um consumidor cada vez mais atento ao visual. Ainda na esfera dos componentes de PP, ele ressalta as especificações de maior resistência à tração e ao cisalhamento. “As lavadoras semi automáticas passaram a ter alta capacidade, requerendo muito mais resistência mecânica do polímero”, justifica. Por fim, Soares coloca para as peças de PP um quesito destacado por ele como não cobrado ao setor no passado: a resistência ao calor e à propagação da chama. “Trata-se do cumprimento das normas de segurança IEC 60335-1 e 60335-2-7”, identifica.

Focada 100% em lavadoras automáticas, a cearense Esmaltec, farol da linha branca no Brasil, atribui ao plástico peso médio de 23 kg em suas máquinas. “A participação do material no equipamento  se aproxima de 72%”, situa o gerente de marketing Marcelo Campos Alencar Pinto. “Admitimos a possibilidade de, a longo prazo, desenvolver um conjunto mecânico totalmente de plástico para as lavadoras”, ele deixa no ar. Tão cedo, pelo visto, o metal não se desvencilha do papel de material coadjuvante nas máquinas da Esmaltec. “O design de nossas lavadoras  possui formas orgânicas, um efeito estético sem a mesma qualidade se transposto para a alternativa metálica”, analisa Campos. Ainda no plano do visual, conta, a Esmaltec tem recorrido nos últimos anos aos préstimos de PP “para melhorar o brilho de componentes sem prejuízo da resistência mecânica”.No embalo, o gerente encaixa ter lançado este ano modelos de lavadoras nos quais a empresa trabalhou detidamente as cores dos plásticos, “acompanhando a nova identidade da nossa marca”, explica. Em paralelo, atenta o executivo, o emprego do plástico joga a favor da eletrônica embarcada nas lavadoras. “Podemos moldar diferentes formas e recorrer a aditivos antichama para cumprir as normas de segurança na parte elétrica”. A eletrônica, aliás, sobressai entre os recursos de ponta das lavadoras da Esmaltec, a exemplo de sete programas automáticos de lavagem e duplo enxágue. Outros chamarizes acenados alinham dispensers automáticos para alvejante, sabão em pó e amaciante, centrifugação de alta rotação, lavagem por turbilhonamento vertical em duas direções e classificação A em economia energética.

Campos atribui a penetração moderada da lavadora junto à população ao fato de não ser vista como bem essencial,caso de fogão e geladeira. “Com o passar do tempo, devido à nova configuração dos lares, a mulher acumula o trabalho fora com as funções de dona de casa, a lavadora ganhou importância, por facilitar tarefas domésticas”, ele interpreta. Não lhe passa em branco o contraste entre a penetração em câmara lenta das lavadoras e o crescimento a galope das vendas de sabão para roupas, fato capitalizado pelo marketing da Esmaltec em ações conjuntas. “Realizamos o cross merchandising  com resultados muito positivos na divulgação das marcas da lavadora e do sabão líquido e em pó”,nota Campos. Em média, prossegue, é de 10 anos a vida útil das lavadoras de roupa no país. “Os fatores para ensejar a troca do produto têm sido sua capacidade, economia de água e energia e novos recursos apresentados”, estabelece.
Não tem cabimento, ele assinala, enfiar no mesmo saco das análises as lavadoras semi e 100% automáticas.

“Os modelos semi são outra categoria de produto, cuja principal característica é não centrifugar a roupa e seu público-alvo deseja pagar mais barato por um equipamento, sem se importar em torcer as roupas”, descreve Campos. Num relance pelos estragos da recessão no balanço do primeiro semestre, ele reconhece queda nas vendas de lavadoras automáticas perante o mesmo período em 2014, “mas em escala inferior ao declínio visto em outras categorias da linha branca, em razão da menor penetração desse eletrodoméstico nos lares”, argumenta. Em revide à crise, conta, a Esmaltec tem disparado uma metralhadora giratória de iniciativas. “Investimos na demonstração, exposição e divulgação das características da lavadora no ponto de venda, além da formação de equipes de promotoras, treinamento dos vendedores das lojas e oferta de brindes ao consumidor final”. Tomara que dê certo.

Romi: injeção de azul nos custos da linha branca

No mapa das vendas da Romi, nº1 em injetoras no país, o carro-chefe para peças da linha branca é a série de máquinas EM, aponta William dos Reis, diretor da unidade de negócios de máquinas para plásticos. “São máquinas contempladas com a classificação 9+ da norma Euromap 60.1 para eficiência energética e destacam-se ainda pela velocidade e simultaneidade de movimentos, mérito da tecnologia ‘Stop and Go’”, atribui o executivo. Perante as injetoras hidráulicas convencionais, coteja Reis, as linhas EN acenam com a possibilidade de aumento de até 20% na produtividade e até 65% na poupança de eletricidade. “Em trabalho com um modelo EM, chegamos a baixar em 2,5% o consumo de resina num case realizado com uma peça de lavadora”, atesta Reis. Ao longo deste ano, observa, o mix dessa série de máquinas passou a abranger modelo de 80 a 1.100 toneladas. “As injetoras de 600, 900 e 1.100 toneladas operam com dois sistemas de servo bombas, chave para o incremento da simultaneidade de movimentos entre a plastificação e a unidade de fechamento, reduzindo assim o ciclo em até 25% e aumentando o torque e a velocidade nessa categoria de equipamentos mais pesados”, complementa o diretor, encaixando a disponibilidade de versões multicor e multicomponente de injetoras EN.

 

especial-audaxO pulo do gato

Como os produtos que passam a roupa a limpo absorvem a crise

Até o fechamento desta edição, a Associação Brasileira de produtos de Limpeza e Afins (Abipla) não havia liberado seus dados sobre o mercado no ano passado e recusou entrevista sobre a conjuntura atual. Apesar dessas lacunas, os indicadores antes divulgados pela entidade deixam claro,em boa parte, o impacto da recessão na categoria dos produtos de lavanderia. Exemplo: estímulos como a finada redução do IPI para a linha branca, em vigor em 2009 e de 2011 a 2013, calibraram o crescimento de 7,4% em volume e 16% na receita de detergentes em pó e líquidos de dois anos atrás. E o consumo per capita desses produtos, então fixado em apenas 5 kg, permanece visto como sinal da opulência ainda por ser desvirginada nesse mercado. Em contraste, a troca do umbigo no tanque pela comodidade da lavadora pesou no recuo presenciado nas vendas de sabões em barra em 2012 (-8,8%) e 2013 (-9,3%). Já os amaciantes fecharam no balanço da Abipla de dois anos atrás na vice-liderança dos produtos de limpeza em faturamento. Indicadores para onde o vento sopra hoje para os chamados artigos de lavanderia são vislumbrados nesta entrevista de Diego Viriato, gerente de marketing da Audax, motor turbo dos produtos de limpeza do Brasil.

Viriato: queda no ticket médio e preferência por frascos menores.
Viriato: queda no ticket médio e preferência por frascos menores.

PR – Levantamentos do setor de linha branca constatam que a presença de lavadoras de roupa nos lares brasileiros não passa da faixa de 55% (em 2002, era 43%). Por quais motivos essa penetração transcorre com morosidade?
Viriato – Devido ao poder aquisitivo e renda dos consumidores de classes mais baixas.
PR – Em contraste com a penetração comedida das lavadoras nos lares brasileiros, produtos de lavanderia como amaciantes e lava roupas compõem uma das categorias de artigos de limpeza de maior intensidade de crescimento. Como isso se explica?
Viriato – Quando lançados, os lava-roupas líquidos tiveram um boom em virtude do alto investimento em mídia para a introdução desse segmento de artigos de limpeza. E por ser um produto prático e eficaz entrou na lista de compra dos consumidores, como estão os amaciantes há mais tempo.

PR – Por quais motivos os sabões em pó dominam com folga o mercado brasileiro de lava roupas? E porque os tipos líquidos não acusam crescimento de consumo mais forte?
Viriato – Em virtude de uma questão cultural, pois o sabão em pó está há muito tempo no dia a dia dos consumidores. Porém, acredito que a substituição pelo lava roupas líiquido continuará sendo feita de forma gradativa e frequente.

PR – Quais as principais mudanças notadas nos hábitos de compra dos amaciantes e limpa roupas  em decorrência da crise e da perda do poder aquisitivo?
Viriato – O ticket médio vem caindo devido à busca de novas marcas pelos consumidores, o que gera uma concorrência ainda mais forte nas gôndolas. Em relação às embalagens, a tendência é a busca por frascos menores e mais práticos.

PR – No ano passado, qual era , em média, a participação da embalagem nos custos dos seus produtos de lavanderia? E qual é a estimativa para este ano?
Viriato –  Em 2014 significava cerca de 32%. Atualmente, gira em torno de 40%.

PR – Quais os diferenciais e novidades  introduzidos este ano em suas embalagens de produtos de lavanderia?
Viriato – Nossa linha de lavanderia possui embalagens modernas e maior apelo no rótulo de atributos dos produtos. O cuidado com a qualidade sempre foi parte integrante de nossos itens, cujas embalagens são desenvolvidas com plástico virgem.

PR – Quais as principais ações tomadas este ano pela Audax para manter ou ampliar a participação de mercado dos seus produtos de lavanderia numa conjuntura de consumo final retraído?
Viriato – Foram desenvolvidas ações de trade como tablóide, exposição diferenciada e abordagem, além de ações comerciais tipo “leve 3 pague 2” em redes parceiras.

 

Com elas não pinta sujeira

As sopradoras que arrasam nas embalagens para produtos de lavanderia

Zanetti: soluções para economizar energia.
Zanetti: soluções para economizar energia.

“O setor de embalagens para produtos de limpeza, em especial artigos básicos como amaciantes, é um dos menos atingidos pela crise”, constata Newton Zanetti, diretor da Pavan Zanetti, pêndulo nacional em sopradoras de pré-formas e por extrusão contínua. Ainda assim, nota, muitos transformadores da área queixam-se da ociosidade em suas linhas.

Para assediar este reduto, o diretor reparte seus chamarizes em duas frentes. Na ala das sopradoras por extrusão contínua, ele destaca dois modelos da série Bimatic: BMT 10.0D/H e BMT 5.6D/H. Este último, ele distingue, dispõe a partir deste ano de uma versão híbrida munida de elementos elétricos para acionar movimentos dos carros porta moldes sobre guias lineares, reduzindo o atrito e a potência consumida nessa etapa do processo. “Substituem os tradicionais acionamentos hidráulicos e influem na melhoria da produtividade, repetitibilidade e economia energética, além de reduzirem problemas de vazamento de óleo. Newton Zanetti também comparece em frascos de produtos de lavanderia com suas automatizadas e acessíveis sopradoras de pré-formas Petmatic 3c/2l em três versões: a dos sistemas 4.000, 5.000 e 7.000. “A série Petmatic caminha aos poucos para tornar-se 100% elétrica, deslocando assim os acionamentos pneumáticos de movimentos e obtendo assim maior redução do ciclo, precisão e economia de ar comprimido de baixa pressão, proporcionado por tabela diminuição da energia dispendida nos sistemas periféricos de apoio, caso dos compressores de ar”.

Fernando Morais,diretor da Multipack Plast, fecha com Newton Zanetti em sua visão da resistência à recessão demonstrada pela indústria de frascos para produtos de limpeza. “Foi afetada, mas menos que outros setores da economia”, julga. “Com o aumento da renda no passado recente, alguns artigos antes ausentes nos lares brasileiros entraram nas listas de compras. O desafio agora é saber se esse hábito de consumo será mantido em face do desemprego crescente”. Enquanto isso não se define, a Multipack Plas corteja transformadores do ramo para suas sopradoras hidráulicas Autoblow 600 D e 1000 D e as linhas elétricas Ecoblow 600 D e 1000D. “São as mais indicadas para produtos de lavanderia devido à maior quantidade possível de cavidades no gênero”, justifica Morais. Na mesma batida, ele repisa as conveniências da economia energética e do grau de automação de suas máquinas elétricas, também ilustrado pela possibilidade de agregar testador de furos no manipulador da sopradora.

William dos Reis, diretor da unidade de negócios de máquinas para plásticos da Romi, atribui os efeitos da crise menos danosos sobre itens básicos de consumo, como os produtos de lavanderia, a seu valor agregado inferior ao de bens duráveis. É um sinal de alento, ele deixa claro, para a oferta da sopradora por extrusão contínua Romi C5TS. “Com perfil de parison de até 512 pontos e capacidade de sopro de até 10 litros, ela viabiliza a produção, com economia de energia, de frascos duplos de até cinco litros com alça, mérito da alta força de fechamento e da área de molde maior”, ele atribui.

 

especial-braskemAvanços em turbilhão

As resinas que dão uma lavada

Polietilenos (PE) mandam no pedaço das embalagens rígidas e flexíveis para os chamados produtos de lavanderia, um reduto no qual prevalecem frascos opacos e onde a alternativa transparente de PET até o momento não conseguiu desvencilhar-se do plano secundário. Na entrevista a seguir, o poderio da poliolefina para embalar formulações como as de amaciantes, detergentes líquidos e sabões em pó e em barra é dissecado por Marcelo Neves, gerente de engenharia de aplicação para PE em flexíveis da Braskem.

Neves: ascensão do sabão líquido.
Neves: ascensão do sabão líquido.

PR – Quais as resinas de PE integrantes da estrutura de embalagem flexível mais utilizada no Brasil para acondicionar sabões em pó de lavar roupa?
Neves – No Brasil, polietileno de baixa densidade linear (PEBDL) é o principal componente dos flexíveis laminados, a estrutura mais utilizada para acondicionar sabões em pó. Esses filmes podem ser unicamente de PEBDL ou agregar ainda os tipos de baixa (PEBD) e alta densidade (PEAD) para agregar propriedades como barreira, acabamento, maquinabilidade e rigidez. Como tratam-se de filmes para os quais se requer alta performance de soldabilidade, os grades metalocênicos de PEBDL são os mais indicados para a embalagem de sabão em pó.

PR – Como reparte as participações do saco extrudado e da caixa de papelão no mercado de sabão em pó?
Neves – Segundo dados da consultoria Datamark, em 2010 o mercado de sabão em pó para roupas respondia por 97% do mercado total, cabendo  apenas 3% ao sabão líquido. O mesmo estudo mostra que as embalagens flexíveis, com tamanhos de 0,5 a 5 kg, representavam  34% do mercado, enquanto embalagens de cartão de 0,5 e 1 kg detinham participação de 66%. Nossa projeção para esse mercado é de crescimento da fatia do sabão líquido, reduto onde as embalagens rígidas predominam. Até 2017 essa parcela deverá estar entre 6 e 8%. No caso do sabão em pó, as embalagens cartonadas perderão espaço com o crescimento das flexíveis e nossa expectativa é de, em dois anos, essa participação alcançar entre 37 e 39%.

PR – Quais os avanços nos seus grades de PE para sacos de sabão em pó de lavar roupa?
Neves – A Braskem lançou recentemente os grades lineares metalocênicos da família Proxess. Entre eles, o tipo Proxess 1806S3 prima por excelente soldabilidade e balanço de propriedades mecânicas e ópticas. Seu diferencial está relacionado à facilidade de processamento com a real possibilidade de redução de consumo de energia, mérito da baixa viscosidade em estado fundido.

PR – Apesar do contínuo declínio no consumo (-10,3% apenas entre 2008 e 2012), sabões em barra ainda estão presentes no segmento de lavagem de roupa. Qual a resina utilizada em sua embalagem ?
Neves – Sabão em barra é embalado em filmes termoencolhíveis (shrink), usuários em regra de blends de PE em extrusão monocamada. Mas há quem lance mão de estrutura coextrusada, mantendo PE como solução. Em geral, esses filmes são ricos em PEBD e blendados com PEBDL em proporções adequadas para suas características atenderem os requisitos da aplicação.  Esse tipo de embalagem requer, em especial, excelentes propriedades ópticas, para destacar o sabão. O filme transparente e brilhante contribui para apresentação e apelo mercadológico do produto. São atributos preenchidos pela Braskem com as resinas Proxess 2606S3 e TX7003.

PR – Amaciantes e sabões líquidos são palco quase absoluto dos recipientes de PEAD. Quais os aprimoramentos recentes nos seus grades para essa aplicação?
Neves – Destaco a resina  HS5502XP pois, entre outras vantagens, assegura melhor ergonomia admitindo o emprego de alças e formas (design) arrojadas, aumentando a praticidade da embalagem.

PP sai bem na foto

pp-na-fotoÚnica produtora de polipropileno (PP) no país, a Braskem não tem um número sobre o consumo preciso do polímero na linha branca. Mas, a título de referência, trabalha com a estimativa de vendas este ano da ordem de 100.000 toneladas da resina para peças injetadas de eletrodomésticos em geral, reduto onde as lavadoras de roupa despontam como maior campo para PP. “Esse volume total deve representar retração acima de 10% perante o movimento de 2014”, projetam Rodrigo Belloli e Tassiana Custódio, respectivamente gerente comercial e responsável técnica pelo segmento de eletrodomésticos da empresa.
Entre os avanços sob medida para lavadoras no mostruário da Braskem, Tassiana distingue dois grades. Um deles, acenado para peças grandes e complexas, é o tipo CP 2012 XP, diferenciado pela especialista devido à resistência ao impacto e altos índices de fluidez e módulo de flexão. Integrante da série Maxio, cujos chamarizes assentam-se na economia de energia, redução de peso e ganhos de produtividade, a outra resina em foco é o homopolímero H202HC. “Além do acabamento estético, sobressai por reduzir o ciclo de injeção mediante a conjugação de processamento com produtividade”, sintetiza Tassiana. No plano geral, ela ainda acentua um predicado que distingue a vocação de PP para a linha branca: sua densidade cerca de 15% inferior à de polímeros rivais nesse reduto. “Corresponde assim às exigências de menor consumo de material sem perdas no desempenho do produto”.

 

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