ABS: efeito dominó da guerra comercial EUA x China

ABS

A China mobiliza 75% das importações globais de acrilonitrila butadieno estireno (ABS), percentual ilustrativo do enrosco para o negócio deste plástico de engenharia provocado pela instaurada guerra comercial EUA x China. Conforme argumenta John Richardson, blogueiro especializado em petroquímica asiática do site britânico Icis, a voracidade da demanda chinesa por ABS (entre outras resinas) para peças injetadas de eletroeletrônicos, telecom, informática e autopeças desencadeou investimentos na produção desse copolímero em  países como os do sudeste asiático. Por sinal, Coreia do Sul, Taiwan e Japão compõem o quadro dos únicos exportadores regulares de ABS entre 2008 e 2017, distingue Richardson  em seu blog, O primeiro respondeu por 46% das exportações da resina no período em foco, enquanto Taiwan deteve participação de 44% e o Japão,10%.

No ano passado, a China abocanhou 43% do total embarcado pela Coreia do Sul, índice correspondente a 343.000 toneladas de ABS. O aumento das tarifas para importações norte-americanas de produtos acabados chineses, como mídia óptica, componentes automotivos e disc drives,  prenuncia recuo na demanda da China pelo copolímero. Em decorrência, petroquímicas sul coreanas têm reduzido o nível de ocupação de suas capacidades de ABS, afirma Richardon, declínio que resulta em superoferta local de buteno, estireno, propeno e amônia, insumos do termoplástico.

A alternativa de exportar é rechaçada por Richardson com a perda de margens das petroquímicas causada pelos altos custos de frete da Coreia do Sul para mercados consumidores que não a China. O dilema se agrava sob a hipótese de driblar o recuo  do consumo chinês com desova do polímero sul coreano na Europa. Afinal, calcula o analista blogueiro, o Velho Mundo deve absorver  510.000 toneladas de ABS no período  2019-2020,  quantidade equivalente apenas a 10% das importações mundiais do copolímero e há ainda a possibilidade de tiroteio de preços ruinoso para os lucros entre a resina asiática e a dos  produtores europeus.

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