É preciso dançar conforme a música

Como resinas e aditivos estão acertando o passo com o desenvolvimento sustentável

Os plásticos tornam produtos seguros, baratos e fáceis de manusear e transportar. Mas qualquer material tem prós e contras e a abrangência do consumo das resinas tem sido bombeada por vantagens perante materiais concorrentes como durabilidade, peso, custo acessível e o gasto de energia em sua transformação. No entanto, esses predicados também convergem para as questões ambientais que, hoje em dia, deslocaram o crescimento puro e simples do mercado como fator primordial para nortear desenvolvimentos e investimentos na cadeia do plástico. Por exemplo, devido à sua longa vida útil, leva séculos para a degradação das resinas se consumar. Por ser material barato, em regra é difícil a viabilidade econômica de coletá-lo e reciclá-lo e, por tabela, vem daí a ira da corrente pra frente pela sustentabilidade com as imagens do plástico ao léu em lixões, entupindo bueiros e boiando nas enchentes e no mar.

Acossada por essas pressões, a indústria do plástico não está de braços cruzados. Como se vê nas reportagens a seguir, as empresas tratam de ajustar suas práticas e desenvolvimentos a estratégias embebidas na conscientização ambiental. Afinal, o plástico responde por cerca de 50% do consumo global de embalagens e por volta de um terço das resinas produzidas por petroquímicas segue para o acondicionamento dos chamados produtos de rápido consumo. Referências notórias dessa reação do setor plástico para dançar conforme a nova música são a busca de produtos mais leves, pois demandam menos matéria-prima, de reciclagem facilitada e o interesse por polímeros e aditivos de fontes renováveis. Menos falada mas tão relevante quanto, é a contribuição das soluções geradoras de benefícios sustentáveis nos bastidores do processo da transformação de resinas, destacadas pelos entrevistados na reportagem. É o caso de insumos auxiliares que, por exemplo, reduzem o ciclo, o consumo energético, o refugo gerado em linha ou que aprimoram a reciclagem de termoplásticos.

O setor plástico demonstra assim ser bom aluno das lições da Mãe Natureza. Uma delas: um sistema estático está fadado à morte. Para permanecer, ele deve estar aberto às mudanças constantes. Banqueiro e antropólogo no século XIX, Edward Clodd escreveu que “a natureza mata seus fracassos para dar lugar aos seus sucessos”. Já se disse também que a natureza é brutal, um sistema de conflitos, pressões e adaptações entre as espécies. Mesmo assim, quem sobrevive por saber se adaptar prospera na natureza e, por causa disso tudo, ela mostra-se mais resiliente às mudanças no seu caminho. Uma resiliência que, como sabe a indústria do plástico, provém da competição e da colaboração.

Bens de raiz

O avanço de resinas e auxiliares direto da fonte renovável

Em oito anos na praça, o polietileno (PE) verde da Braskem botou o Brasil no mapa dos polímeros com fontes renováveis no DNA. Aparece em mais de 150 marcas no planeta e até tirou passaporte para o espaço sideral ao ser aprovado pela Nasa, mérito de sua resistência e apelo sustentável, para peças impressas em 3D por astronautas em missões em ambientes de gravidade zero, como Marte. Apesar dessa notoriedade, da purpurina do ecomarketing e de, em consequência, a demanda hoje superar a oferta, restrita a 200.000 t/a, dessa resina obtida pela rota alcoolquímica (etanol da cana-de-açúcar) – processo aliás iniciado no Brasil em 1958 pela extinta Union Carbide –, intriga o fato de o bioplástico da Braskem continuar sem contratipos no mercado, mesmo com a possibilidade de se formular etanol a partir de opções como milho e beterraba. É sabido que a rota do álcool apanha em custos da nafta e gás natural, mas, em contrapartida, isso também ocorre no confronto entre resinas petroquímicas e plásticos biodegradáveis e não tem impedido a expansão de fornecedores e de fábricas desses materiais de origem não fóssil a ponto de, pelas últimas avaliações, sua capacidade instalada global já rondar 1 milhão de t/a.

O preço de PE Verde, superior ao da poliolefina convencional, não limitou seu raio de alcance a, pela lógica econômica, nichos de maior valor agregado. Ao longo da trajetória iniciada em 2010, a bioresina brasileira tem mandado bem tanto em produtos mais exclusivos e premium, como frascos de cosméticos da nata mundial ou sacos laminados de pet food, quanto em embalagens hiper commodities, caso de sacolas de supermercado, frascos de lubrificante e filme shrink, deixa claro José Augusto Viveiro, diretor de vendas de químicos renováveis da Braskem.

O sucesso de PE verde e o aumento da octanagem do mantra da economia circular levam a Braskem a ampliar sua presença fora da órbita petroquímica. Ao final do ano passado, lembra Viveiro, a empresa firmou joint venture com a dinamarquesa Haldor Topsoe para desenvolver monoetilenoglicol (MEG), a partir de açúcar. Ao lado de ácido tereftálico purificado, MEG é componente-chave de PET. No âmbito das embalagens do poliéster, um lugar para o MEG de fontes renováveis chamar de seu é a corrida em curso entre usuários formadores de opinião mundial por substituir petroquímicos por alternativas com base vegetal. Coca-Cola, por exemplo, sobressai nesse quadro com o projeto PlantBottle, gerador de recicláveis garrafas não biodegradáveis de PET com teor de até 30% de ingredientes renováveis, extraídos da cana-de-açúcar. A meta divulgada pela companhia é de passar todas as suas novas garrafas de PET para o conceito PlantBottle até 2020 e, em paralelo, prosseguem suas pesquisas para elevar o teor de materiais renováveis a 100%.Por seu turno, Danone, Nestlé Waters, Pepsico e a startup Origin Materials tocam o consórcio NaturALL Bottle Alliance, dedicado a obter garrafa de PET 100% composto por insumos de recursos sustentáveis, mais uma porta para o bioMEG idealizado por Braskem e Haldor Topsoe bater.

No compartimento da cadeia poliolefínica, estreou este ano a produção no país, pela Braskem, do primeiro afluente de PE Verde, o copolímero de etileno acetato de vinila (EVA). “O material amplia o portfólio da marca I’m green™, reúne características como flexibilidade, leveza e resistência e contribui para reduzir a incidência de gases causadores do efeito estufa ao capturar e fixar dióxido de carbono durante sua produção”, enaltece Viveiro. A primeira aparição do EVA renovável aconteceu nos EUA, em chinelos de dedo unissex da Allbirds, calçadista de São Francisco.

Adubo plástico
Há cerca de 20 anos, a Basf abre caminho no mercado global para dois polímeros biodegradáveis e compostáveis que produz na Alemanha, ecoflex e ecovio. O primeiro tem por base ácido polilático (PLA), é resistente a água e ao rasgo, ajusta-se à produção de filme em extrusora de PE e dispõe de passe livre para contato com alimentos. Por seu turno, ecovio consta de um biocomposto e, no exterior, fez nome em aplicações como a substituição de PE em filme de revestimento de copos de papel, viabilizando assim a reciclagem desse descartável. Um feito de ecoflex no Brasil é o filme para embalar bancos de alguns carros montados pela Honda, distingue Murilo Feltran, gerente de marketing de materiais de performance da Basf no país.

Os focos chave dos dois biopolímeros da empresa, distingue o executivo, são o culitivo protegido e a coleta de resíduos orgânicos para compostagem, distingue o executivo. “Filmes de ecovio são recomendados para mulch e se diferenciam das películas de PE por dispensarem remoção ao fim da vida útil e não deixam resíduos no meio ambiente, gerando adubo para o solo e produtividade do plantio”, esclarece Feltran. No embalo, ele salienta a contribuição de seus bioplásticos para o gerenciamento de resíduos sólidos orgânicos, como alternativa na coleta e destinação desse lixo para as centrais de compostagem, reduzindo assim a incidência do descarte plástico em lixões e aterros sanitárias e eliminando a fase de separação de embalagens pós-consumo coletadas e que precede a reciclagem das resinas petroquímicas. “O mercado de embalagens estuda alternativas para solucionar a questão ambiental dos materiais,em especial na produção de sacolas de supermercado”, insere Feltran. “Embalagens compostáveis ou biodegradáveis, caso da experiência europeia com sacolas de saída de caixa e sacolinhas de hortifrúti, são a opção mais sustentável e interessante nesse sentido”.

Anvisa aprova d2w™
Flexíveis, sacolas à frente, são a locomotiva da receita da Res Brasil, agente exclusiva da inglesa Symphony, fabricante de d2w™, único aditivo oxibiodegradável com selo ecológico deferido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Essa certificação abriu os olhos do mercado para um produto que funciona de verdade perante outros que não entregam o prometido e põem em risco sua reputação”, ressalta Eduardo Van Roost, sócio administrador da representação. Na selfie atual da Res Brasil, ele revela, entre as mais de 400 indústrias transformadoras licenciadas pela empresa para utilizar o seu aditivo oxibio, cerca de 85 integram a carteira de clientes regulares. “Se considerarmos o efetivo de empresas cujas embalagens incorporam d2w™, esse número aumenta bem”, acentua o dirigente. A propósito, nota, vários setores antes indiferentes a materiais de apelo sustentável como o aditivo da Symphony mudaram de ideia nos últimos dois anos, reflexo da disseminação do evangelho ambiental. “São exemplos a indústrias de panificação e as de artigos descartáveis”, encaixa Van Roost.

O agente d2w™ já se movimenta para extrapolar a zona de conforto em embalagens de produtos de rápido consumo. “Seu ingresso em aplicações na área médico hospitalar deve acontecer mediante a junção de sua propriedade de oxibiodegradação com a ação antimicrobiana do aditivo d2pAM™”, adianta o agente. A propósito, assegura, a série de auxiliares d2w™ é a única possuidora de parecer oficial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), efeito da abertura pela Symphony das formulações de todos os grades à entidade reguladora da saúde pública. “Desse modo, o aditivo pode ser utilizado no país em embalagens e artigos em contato com alimentos, cosméticos e medicamentos”, sublinha Van Roost.

No plano mais recente, a Res Brasil tem incursionado com seu aditivo oxibio por sendas como agrofilmes, nas vestes de solução para prover a vida útil requerida no cultivo protegido. “Também temos desenvolvido aplicações de d2w™ junto com outros agentes da Symphony em produtos finais que mandamos industrializar para vender sob nossa marca TudoBiodegradável”, revela Van Roost. “Por exemplo, embalagens para evitar desperdício de alimentos e, em breve, produtos oxibio e antiinsetos absorvedores de odores”.

Sem essa de vilão
Nos últimos tempos, diversos componedores brasileiros de masterbatches arriscaram investidas em concentrados biodegradáveis, propriedade a cargo de PLA, polímero de fonte renovável importado e o mais produzido no mundo nessa categoria. Sem detalhar a formulação, a Termocolor promove a introdução na praça de Biomaster .”Consta de um concentrado contendo patenteado aditivo de fonte renovável, atóxico, e desenvolvido no Japão por empresa norte-americana e nossa parceira na incorporação aqui no Brasil desse material que atende a quase todas as poliolefinas”, informa Wagner Catrasta, gerente comercial da Termocolor. “As principais motivações da empresa para esse lançamento são firmar-se como fonte de inovações e a vontade de mudar o conceito do plástico como eterno vilão do meio ambiente”.

Catrasta reitera que o aditivo importado para a Termocolor produzir Biomaster desfruta as devidas certificações internacionais, entre elas o cumprimento da norma ASTM D6954-4 – SPCR 141.No primeiro estágio, o produto aditivado degrada com a quebra das cadeias de carbono da molécula poliolefínica, reduzindo sua condição de resistente à umidade para tornar-se material muito higroscópico”. No segundo passo, segue o executivo, transcorre a biodegradação por obra de microorganismos presentes no local do descarte do refugo plástico. “A avaliação do solo onde o material se decompôs comprovará a ausência de resíduos contaminantes”, assevera Catrasta.

O estopim da mamona
Pêndulo mundial de poliamidas (PA) de cadeia longa, a francesa Arkema também acontece em materiais nobres pelas soluções contendo ingredientes de fontes renováveis. A primeira delas, Rilsan Poliamida 11, remonta a um tempo em que o termo ambientalismo sequer fora criado. “Foi desenvolvida há mais de 70 anos e trata-se de um polímero 100% à base de óleo de mamona”, sumariza Fábio Paganini, gerente de desenvolvimento de negócios na América do Sul para duas divisões da Arkema, polímeros técnicos e polímeros de engenharia para a indústria de óleo e gás.

Rilsan PA 11 deu a largada para a Arkema embrenhar-se na química verde. Entre os desenvolvimentos marcantes no portfólio atual, Paganani cita Pebax RNew, poliamidas elastoméricas contendo até 97% de biomaterial, Peban HT, poliamidas resistentes a altas temperaturas e com até 70% de elementos sustentáveis; Rilsan Clear, linha de ciclo poliamidas de máxima transparência com até 65% de biocomponentes e, por fim, Platamid RNew, copoliamidas adesivas com participação de até 53% de óleo de mamona na composição.

O cerco com biomateriais para a cadeia plástica se completa com a família Oleris, constituída de insumos 100% de óleo de mamona. “São auxiliares de baixo índice de peróxidos, excelente lubricidade e altos níveis de viscosidade, flashpoint, fluidez sob baixa temperatura e estabilidade térmica e oxidativa”, assinala o executivo. No tocante a álcoois, Paganini destaca 2-Octanol e Heptanol como matérias-primas de plastificantes poliméricos. Para uso na produção de estabilizantes à luz contra fotodegradação, figura no mostruário da Arkema o auxiliar DMS Dimetil Sebacato, também recomendado pelo gerente como modificador e plastificante. O rol de avanços é coroado por DBS Dibutil Sebacato. Admitido para contato com alimentos, o material atua como modificador de impacto e plastificante de polímeros submetidos a baixas temperaturas (elevada compatibilidade com PVC) e sobressai ainda pela baixa migração e volatilidade.

O blend da hora

A integração da economia com o meio ambiente está mudando o desenvolvimento e a venda de materiais

Houve um tempo em que uma associação imediata a verde no Brasil era o dólar e gramado de estádio e não, como agora, o meio ambiente. Pois naquela época, fornecedores de resinas e aditivos se valiam de argumentos de venda enxergados apenas como econômicos, em razão da redução de custos variáveis proporcionada ao transformador. No rastro das mudanças climáticas, a obsessão generalizada pelo desenvolvimento sustentável tornou tosco este conceito contábil, desencavando de suas entranhas contribuições do plástico para a proteção da natureza e influentes também no progresso da indústria e do mercado. Assim, de típicas medidas de economia, elas passaram a ser encaradas como provas do apoio do plástico ao desenvolvimento sustentável. Isso estende-se, por exemplo, desde a redução do ciclo produtivo e das aparas geradas em linha ao reuso de reciclado, economia de energia, aumento da vida útil e redução de peso/espessura dos artefatos plásticos. Na natureza, já se disse, as aves certas são unidas às flores certas para formar um ecossistema que funciona. Uma lição de evolução conjunta que termoplásticos e auxiliares hoje transpõem para suas aplicações.

Único produtor no país de poliolefinas e maior dos dois de PVC, a Braskem bebe na fonte da sustentabilidade para enverdecer seu portfólio. Leandro Florin, engenheiro de aplicação para polietileno (PE), ilustra este espírito com os grades da linha Maxio®. Ela agrupa tipos de PE, polipropileno (PP) e copolímero de etileno acetato de vinila (EVA). “Os ganhos ambientais são proporcionados pela economia energética na transformação, agilizada pela maior disponibilidade de hora/máquina, e do aumento da resistência mecânica ensejando produtos acabados de menor espessura sem perda da qualidade exigida”, ele esclarece. No embalo, ele encaixa o lançamento este ano da linha Evance, de resinas especiais de EVA como o tipo VA1518A indicado para sandálias. “Pelo método tradicional, o preparo do composto de borracha consome cerca de 16 horas e 13 etapas, enquanto com o grade de Evance aliado à reticulação por peróxidos o trabalho cai para duas horas e 11 etapas, implicando redução energética de 20%”, compara Florin.

Júlio Henrique Lotterman, engenheiro de aplicação para PE em artefatos rígidos, pesca um passo adiante em sustentabilidade no homopolímero de alta densidade (PEAD) HD7000C. “Permite o desenvolvimento de recipientes soprados mais leves, mérito do balanço entre rigidez e impacto, justifica. Na mesma trilha, ele insere outra resina de PEAD, HD3400U, enaltecida pela processabilidade e resistência à fadiga sob tensão. “Possibilita um design de embalagem que concilia segurança com economia de material”, assinala o técnico, brandindo os mesmos predicados para suas soluções ofertadas para tampas de garrafas de refrigerante e óleo comestível.

Na seara de PVC, Florin e Lotterman exaltam os atributos sustentáveis de sistemas construtivos à base de vinil e concreto, por reduzirem a geração de resíduos em canteiros de obras, e de uma tacada engatilhada. “Estamos fechando parceria com empresa alemã referente a uma tecnologia revolucionária que aumenta a competitividade de perfis e chapas de PVC para substituírem madeira”.

Astros do filme
A melhora da produtividade na extrusão de filmes converge para procedimentos sustentáveis como a redução do consumo de energia, raciocina Thomas Arys, executivo da ExxonMobil, bússola mundial em PE, responsável pelo desenvolvimento de mercado no continente americano. Ele ilustra esse chamariz verde com as plataformas Enable™ e Exceed™ XP compostas de grades de PE de alto desempenho e maior resistência do fundido, em especial na extrusão de filmes blown (tubular). A primeira delas, ele assinala, alia facilidade de processamento a propriedades mecânicas superiores aos blends de resinas convencionais de baixa densidade (PEBD) e lineares (PEBDL). “Quanto aos polímeros Exceed™XP, sobressaem em aplicações nas quais o processamento e desempenho requerem maiores cuidados, como agrofilmes e geomembranas”, completa Arys. A propósito, salienta, os grades de Exceed™XP já demonstraram a possibilidade de economia de até 30% de matéria-prima na extrusão, por meio da redução de espessura, outro ponto a favor da sustentabilidade.

Entre os avanços mais recentes da ExxonMobil, Arys distingue uma solução de Exceed ™XP e das especialidades de alta performance Vistamaxx™ . “Maximiza a resistência do filme e reduz a formação de furos em embalagens líquidas, a ponto de demonstrar redução de 60% nos vazamentos”, situa o especialista. “Clientes que adotaram essa combinação de materiais também conseguir diminuir o número de estruturas na coextrusão e aperfeiçoar a integridade da embalagem”.

O emprego de resinas recicladas cai como luva para polir a imagem sustentável dos termoplásticos. A ExxonMobil também embarca nessa corrente com os polímeros Vistamaxx™, deixa claro Arys. “Permite uma incorporação mais eficiente da resina recuperada e aprimora o desempenho da embalagem”. Como referência, ele cita o desenvolvimento nos EUA de um frasco de óleo lubrificante soprado com PEAD reciclado de aparas industriais e de descarte pós-consumo. “Altos níveis do material reciclado podem criar desafios para a performance da embalagem”, ele esclarece”. Mediante a adição de Vistamaxx™ à formulação, aumenta-se a resistência à fadiga sob tensão com inexpressiva redução na resistência ao empilhamento”.

Geladeira verde
Poliestireno (PS) também tem ases da sustentabilidade para tirar da manga. Wendel Oliveira de Souza, diretor da nacional Unigel, produtora do monômero e polímero estirênico abre o cardápio com XPS 285 G, grade para PS extrusado (XPS), cujas chapas têm cadeira cativa no enchimento de lajes e recheio de paredes. “Reduzem o peso e contribuem para reduzir o gasto com energia para condicionar a temperatura do ar”, sumariza o executivo.

Outro feito verde da Unigel é a resina de PS de alto impacto 8875. “Proporciona a diminuição da parede das chapas para peças internas de geladeira, implicando menor uso de matéria-prima”. No plano mais recente, fecha Souza, sua empresa desenvolveu outra resina de alto impacto que eleva a produtividade sem aumentar o consumo de energia na injeção.

Ganhos térmicos
“Devido à disponibilidade de matérias-primas em diversas regiões, tecnologias de produção e apelo mercadológico, trabalhamos em abordagens de sustentabilidade que podem contemplar desde o desenvolvimento de produtos a partir de polímeros pós-consumo reciclados a grades que proporcionam aprimoramentos nos benefícios econômicos e ambientais de suas aplicações”, estabelece Fernando Ribeiro, gerente de desenvolvimento de aplicações e clientes nas três Américas de poliamidas (PA) da Solvay. Ele transpõe o discurso à prática com um lançamento do grupo na Europa: a linha 4Earth®. “Consta de PA 6.6 derivada da recuperação de resíduos de airbag”, explica o executivo. A nova série, já em oferta na América do Sul, engloba grades para componentes automotivos – Technyl® 4Earth® A4E218 V30, V35 e V50 (cor preta) – e a resina A4E 316 natural, para usos como sistemas de fixação, plugues e conectores.

Ribeiro também põe na vitrine grades de PA resultantes da recuperação de aparas de fios e fibras têxteis. Fora da seara da reciclagem, ele enfatiza as ecocredenciais embutidas na produtividade exibida por dois tipos de PA 6.6 da série Technyl® . Um deles é o tipo A208F Preto 21N. “Dispõe de fluidez superior com estabilização térmica”, aponta o especialista. “Suas peculiaridades reológicas possibilitam sua injeção com perfis de temperatura abaixo do padrão aplicado para PA 6.6 standard com estabilização térmica e, em muitos casos, também admite a operação com níveis menores de pressão, reduzindo a incidência de desgastes no conjunto da injetora e molde”. O outro avanço, desenvolvido no Brasil, é o grade A 218 Preto 52. “A junção de sua processabilidade, cor e um pacote de aditivos para estabilização térmica converge para a melhora do acabamento e menor risco de deposição no molde, contribuindo para diminuir a frequência da sua limpeza”.

Resistência sob 240 °C
Autopeças é o maior mercado mundial de PA 6 e 6.6 e a Basf detém a fatia do leão em volumes e desenvolvimentos. A auréola sustentável paira sobre as novas soluções do grupo alemão para reduzir o peso e consumo de combustível dos veículos. Nessa trilha, Murilo Feltran, gerente de marketing de materiais de performance da subsidiária no Brasil, distingue o estrelato hoje desfrutado em motores turbo pela poliamida de alta resistência mecânica e térmica Ultramid ® Endure. “Suporta a temperatura de trabalho, que pode alcançar 220°C, no compartimento sob o capô, permitindo que montadoras reduzam o tamanho do motor e do turbo compressor sem comprometer a performance”, destaca o executivo, salientando ainda que as classes de Endure suportam temperaturas de serviço de até 240°C e sua prezada resistência ao envelhecimento térmico é mérito de um sistema de estabilização da Basf que reduz o ataque do oxigênio na superfície do polímero.

No cercado dos filmes, Feltran destaca os préstimos de duas novas copoliamidas da série Ultramid®. Uma delas, Flex F38l, possui base parcialmente biológica não detalhada pelo gerente. Tal como o outro tipo, C37lC, ela é transparente e resistente a rasgos, mesmo sob temperatura e umidade baixas, adequando-se a filmes industriais e embalagens flexíveis.
A Basf também dá as cartas em auxiliares para polímeros e eles têm papel crucial na concretização de atributos sustentáveis, a exemplo da eficiência energética nos veículos e do aumento da vida útil dos agrofilmes, ilustra José Capozzi, gerente de negócios de aditivos para plásticos do grupo no Brasil. Na produção de ráfia, a incorporação do estabilizador UV Tinuvin ® XT 55 aumenta a velocidade da máquina, pois o filamento absorve menos água utilizada no seu resfriamento”, observa o executivo. Na rotomoldagem, ele acrescenta, o emprego do estabilizante Irgastab® RM 68 encurta o ciclo e, por tabela, o processo consome menos energia e as temperaturas do forno podem ser reduzidas.

Nas entrelinhas da reciclagem
Sustentabilidade também rima com produtividade no pipeline de aditivos da francesa Arkema, casa de força global em PA de cadeia longa. Na raia dos materiais auxiliares, evidenciam esse poder de foto o aditivo Lotader 74700/4720 para reciclagem de PA, insere Jamil Jacob Neto,gerente de negócio da divisão de olefínicos funcionais da empresa para a América Latina. Para blends de PA com PP, ele recomenda o aditivo Orevac 100 e para a reciclagem de partes de lanternas e caixas elétricas de policarbonato (PC) ou do blend deste polímero com acrilonitrila butadieno estireno (ABS), o técnico recomenda a combinação de dois de seus materiais auxiliares: Lotader AX8900 e Lotryl 29MA03T. “Na reciclagem de homopolímero de PP com alto teor de carbonato de cálcio, nosso aditivo Orevac CA 100 aprimora as propriedades mecânicas”, complementa Jacob Neto.

Refugos de bombonas de pesticidas em PEAD, conta o expert da Arkema, são reciclados para segundo uso em conduites para fios e cabos. Jacob Neto assinala que a incorporação do aditivo Lotader 4210/3210 ao reciclado restabelece a viscosidade e propriedades mecânicas originais da resina. Numa investida em plásticos biodegradáveis, ele informa o sucesso de um trabalho da Arkema com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para tenacificar ácido polilático (PLA) com o aditivo Lotader AX8900.

Ciclo no spa
Sumidade em insumos auxiliares para plásticos, a norte-americana PolyOne criou marca para melhor acertar seu passo com as expectativas de clientes por produtos que lhes gerem benefícios e ao meio ambiente. Denominada “Polyone Sustainable Solutions”, ela designa materiais e serviços pautados pelos critérios da renovação, reúso, reciclagem, composição eco-consciente e soluções para ajudar a preservar os recursos do planeta, explica Fernanda Boldo, líder de marketing da empresa no Brasil. Ela exemplifica esse comprometimento com o agente deslizante EZE™ da linha ColorMatrix™. “Melhora a liberação da peça do molde e aumenta o rendimento da produção e a eficiência energética na injeção da pré-forma e sopro da garrafa de PET”. Na mesma esteira, a executiva encaixa a linha de agentes expansores poliméricos, para induzir a formação de espuma após a ativação. “Eles reduzem o consumo de termoplásticos sem afetar a integridade da peça final, baixando seu peso, densidade e o tempo de arrefecimento e do ciclo da máquina”.

De volta ao palco de PET, Fernanda ressalta as credenciais sustentáveis de outra gema do arsenal ColorMatrix™. “O produto SmartHeat cria uma distribuição de calor mais uniforme através da pré-forma durante o processo de sopro”, ela descreve. “Desse modo, fornece absorção e transferência de calor com mais rapidez no corpo da pré-forma e amplia a janela para a produção de embalagens grossas ou difíceis de soprar”. No arremate, a expert orna a vitrine com os chamados SuperConcentrados. “Diminuem o uso de masterbatch mantendo a performance de cor e opacidade e dispensando, dessa forma, a necessidade de se colorir a camada intermediária de garrafas multicamada”, ela conclui.

Concentrado combo
Para acentar a sustentabilidade na coextrusão de filmes, mediante a redução de refugo gerado em, linha a componedora norte-americana A.Schulman comparece com acessíveis masters combinados com auxiliares de fluxo e antioxidantes. Uma vez aditivado de forma ininterrupta a 1% em todas as extrusoras do conjunto, o produto Polybatch PE APS N02816 mostra a que veio. “Além de acelerar as transições em filmes com cargas e poupar energia, o concentrado melhora a estabilidade e o controle de espessura e ainda reduz a formação de géis, a degradação polimérica, acúmulo na saída e interior da matriz e as paradas para limpeza e manutenção da máquina”, amarra as pontas Roberto Castilho, gerente comercial da empresa para o Brasil e Argentina. No arremate, ele encaixa, esse master com auxiliares de fluxo e antioxidantes possibilita o uso de reciclado em maiores quantidades no filme coex e elimina a fratura do fundido, no caso de PEBDL.

A jazida de desenvolvimentos sustentáveis da A.Schulman não se esgota no referido concentrado combo. No embalo, Castilho acena com os masters de resina hidrocarbônica CPS60, para PP, e HC60, para PE. “Possibilitam a redução da parede dos filmes mediante o incremento da sua rigidez”, explica o técnico. “Também aumentam a barreira à umidade e apuram a transparência e brilho das embalagens”. Outra vedete verde são antioxidantes como o tipo PAO 3360, distingue Castilho. “Podem ser utilizados a 1% nos filmes, 2% na reciclagem e 3% em processo de parada do equipamento”, delimita o gerente. Com este procedimento, ele assegura, encolhe a geração de aparas e o regranulado ganha em qualidade e sofre menos degradação.

Adrenalina para reciclados
“O uso de plásticos reciclados em aplicações de alta qualidade não é mais apenas um desejo, mas uma realidade”, constata Juliano Barbosa, coordenador de projetos e produtos da Cromex, trem bala brasileiro em especialidades. Para marcar em cima a tendência, Barbosa saca do coldre aditivos antioxidantes que facilitam a reciclagem e promovem o reaproveitamento de características mecânicas, “em especial quando polímeros virgens devem ser substituídos por reciclados com um perfil de propriedades compatível com a aplicação em vista”, completa Barbosa. Para evitar a formação de géis ou elevar o conteúdo de reprocesso na mistura, ele recomenda os concentrados de antioxidantes PE-AO 5080 e, para reduzir o tempo de set up e assim poupar matéria-prima, a pedida da Cromex é o agente de purga PE-CP50090. “Se o objetivo é melhorar a produtividade com desgaste da máquina e gasto energético mínimos, os auxiliares de fluxo PE-AX 540 e PE-AX 13279 dão conta do recado”, atesta o coordenador.

A febre por soluções sustentáveis também revigora as perspectivas para Think Green, linha de concentrados sem metais pesados da Cromex. “Os danos causados pelo emprego de metais pesados ainda são pouco divulgados no Brasil”, pondera o diretor comercial Cesar Ortega. “A preocupação ambiental existe, mas, em paralelo, a cadeia do plástico seria beneficiada se houvesse uma política de eliminação dessas substâncias”. Master isento de metais pesados, ele ressalta, evita o risco de contaminação cruzada. “E a ausência desses componentes nocivos à saúde e contaminantes do solo e água contribui para facilitar a reciclagem do artefato plástico ao fim de sua vida útil”, arremata Ortega. À margem da pasmaceira regulatória do Brasil, a proteção da natureza eleva a pressão para restringir os metais pesados ao rock.•

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