Pé no acelerador

Plastek compra Costapacking para apressar crescimento no Brasil
Plastek

O consumo ensaia virar a página de quatro anos no osso, mas, apesar da Selic e inflação baixas, a conjuntura arfa sob a sangria desatada das contas públicas, o rebaixamento da nota do país pelas agências de rating de risco de crédito, 60 milhões de correntistas com nome sujo e o futuro do Brasil em xeque nas urnas de novembro. Em contraponto a essa instabilidade de 40 graus à sombra, sobra liquidez no I Mundo, os ativos nacionais estão apetitosos em moeda forte e, haja o que houver, o país permanece um mercado para ninguém botar defeito. Por enxergar o copo meio cheio e não meio vazio, o grupo norte-americano Plastek, ponta de lança global em injetados, anunciou em fevereiro a compra, por montante não revelado, da concorrente brasileira Costapacking. “O momento é oportuno para alavancar nosso crescimento no mercado de embalagens injetadas através da aquisição de uma indústria atuante. Continuamos com planos de ampliar nossa unidade, mas as circunstâncias atuais indicam que a incorporação de uma empresa é uma forma de acelerar a expansão do negócio”, argumenta Carlos Henrique Massarotto, diretor geral da Plastek do Brasil.

A meta de voar alto, ele deixa patente, era discernível desde 1999, quando seu grupo investiu em instalações de dimensões e capacidade instalada de injeção em Indaiatuba, interior paulista, bem acima do necessário para a demanda existente, então ancorada no micro aumento de 0,3% no PIB. “Ao longo dos anos, buscamos diversificar a base local de negócios e clientes e investir em projetos promissores”, coloca Massarotto. “Sempre cogitamos encontrar uma empresa sólida, de boa reputação e carteira de clientes completar à nossa. Logo nos primeiros contatos, identificamos esses requisitos na Costapacking”.
Em Indaiatuba, estima Massarotto, a Plastek do Brasil hoje injeta entre 850 e 1.000 t/mês de um mix dominado por poliolefinas e complementado por PET. O diretor não abre quantidade de injetoras na ativa, com forças de fechamento de 150 a 550 toneladas, mas confirma que o parque possui linhas hidráulicas, de ciclo rápido, injection-blow e injection stretch blow dedicadas a potes e tampas convencionais, flip top e push pull, além de embalagens roll-on e stick para desodorantes. Com a escora de ferramentaria própria, a vitrine de clientes fulge com pitéus como a maionese Hellmann’s, Toddy, cosméticos Dove (xampu, condicionador e desodorante roll-on), limpador Veja Multiuso, detergente Ypê, creme dental Colgate Total, colírios Alcon e em desodorantes roll-on, as grifes Rexona e Bi-O.

Fundadores e controladores da Costapacking, Rodrigo Gomes da Costa e sua irmã Juliana deram em 18 anos uma repaginada e tanto no perfil do negócio lastreado na fábrica em Pirassununga, também no interior paulista e a 147 km da sede da Plastek. “Implantamos nos últimos três anos uma gestão focada em resultados que nos colocou em outro patamar em nossos campos de atuação”, assinala Rodrigo. O desempenho não passou em branco na praça e, desde então, diversas empresas procuraram os irmãos Costa com intenção de compra. “A compatibilidade de valores e a origem familiar do Plastek Group tornaram as negociações muito favoráveis”, pondera o dirigente. “Também pesou na decisão de vender a Costapacking a significativa pressão exercida sobre o setor nacional de transformação por seus principais supridores e alguns clientes, ambos buscando cada vez mais empresas globais para o fornecimento local e simultâneo com a produção dos mesmos itens em outros países, situação que fortalece a tendência de concentração de empresas na indústria de artefatos plásticos daqui. No mais, num país de tarifas de importação e custo financeiro elevados, a manutenção dos investimentos em atualização tecnológica acaba se tornando proibitiva”.

A capacidade instalada da Costapacking, conforme postado em seu site, ronda a marca de 10.000 t/a, entre copos e potes de parede fina e tampas corta-gotas, flip top, push pull e snap caps. Também munida de ferramentaria, a unidade aloja um efetivo não quantificado de injetoras de 200 a 600 toneladas, entre linhas de ciclo rápido, elétricas, bi componente e híbridas, a exemplo dos dois modelos Hylectric da canadense Husky. Do cordão de ouro dos clientes, Massarotto ilustra com potes de laticínios Catupiry, detergente e amaciante Ypê, xampu e condicionador Palmolive, sucos Natural One e, na prateleira das bebidas, tampas para garrafas das cachaças 51 e Pitu, Campari e conhaque Presidente.

Para azeitar a transição de poderes na Costapacking, Rodrigo segue em cena vestindo o chapéu de diretor de desenvolvimento de novos negócios. “Minha permanência também tem a ver com uma paixão pelo negócio de injeção de plásticos”, ele completa. Massarotto retoma o fio assinalando que a razão social da empresa adquirida continua no ar até a conclusão formal de sua incorporação, ainda sem data definida, da Plastek do Brasil. “As instalações em Pirassununga pertenciam aos controladores da Costapacking e integraram a transação”, acrescenta o diretor geral, acrescentando que a unidade adquirida não será desligada nem seus equipamentos rumarão para Indaiatuba. “Tudo continua em ritmo normal”. A propósito, ele confirma, com a junção da Costapaking, a atividade no Brasil torna-se a maior operação internacional do grupo Plastek. •

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