Voltou a ter sinal

As compras de produtos elétricos e eletrônicos estão saindo do acostamento. É a imagem em alta definição da virada do jogo num filão visceral para componentes de plásticos de engenharia

O Brasil presencia queda de juros e da inflação, moeda estável, leve recuo no desemprego e alguma reação no consumo, acionada também pela liberação do FGTS e pelo pagamento do 13º salário. Mas o dramático déficit fiscal só cresce e a disposição do governo de atacá-lo com cortes nos gastos e reformas com a profundidade necessária se enfraquece à medida que as eleições de 2018 se avizinham. Fora autopeças, o principal mercado de peças técnicas de plástico é ditado por componentes para produtos elétricos e eletrônicos e a pergunta de US$ 1 milhão para os universitários é esta: essas perspectivas sob neblina ameaçam a reação enfim captada nas vendas do primeiro semestre após os últimos anos no vermelho?

“Os excelentes números da área eletrônica ligada ao consumo demonstram que o mercado está ressurgindo”, garante em depoimento a Plásticos em Revista Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). “A expectativa do setor é de que o segmento elétrico, dependente de investimentos (em geração, transmissão e distribuição de energia), comece a ter resultados positivos a partir de 2018. Isso deverá fazer com que tenhamos um desempenho mais uniforme no próximo ano”, confia o dirigente. “O quadro político permanece no radar das empresas. Nesse sentido, é preciso manter diálogo constante com a classe política, principalmente com os principais candidatos às eleições, demonstrando a importância do setor para o desenvolvimento do país”.

O otimismo de Barbato não tem lastro. Sondagem conjuntural do mês de setembro feita pela Abinee em empresas sob o seu guarda-chuva revelaram em 61% das indústrias pesquisadas a percepção de crescimento nas vendas perante agosto passado, recuo de 10% para 7% no número de entrevistados que fizeram demissões, aumento de 69% para 74% na ocupação da capacidade instalada dos respondentes e, por fim, 60% deles anteveem crescimento no fechamento do balanço de 2017. Num rasante pelas frentes setoriais, a Abinee constata retraimento nas esferas de automação e equipamentos industriais e de materiais elétricos de instalação, devido aos investimentos ainda em ponto morto na manufatura e a persistente queda de atividade na construção civil. Do lado bom, revela o pente fino da Abinee, destaque para o aquecimento notado em bens de consumo como smartphones e notebooks, cujo comércio inchou respectivamente 17% e 16% no acumulado de janeiro a agosto último versus mesmo período em 2016.

A levantada no astral também é irradiada pelos indicadores de outra entidade cara às peças técnicas que dominam as reportagens a seguir, a Eletros. Conforme suas avaliações, a indústria de linha branca, após gramar cinco anos no fosso rubro, pode fechar 2017 com reação de 5% nas vendas. No front dos eletrodomésticos portáteis, as vendas no primeiro semestre culminaram em 26,5 milhões de unidades, total 23% acima do registrado nos seis meses iniciais do nada lembrável 2016. Em TVs, aferiu a Eletros, as compras de 5,2 milhões de aparelhos de janeiro a junho último evidenciam salto de 30,5% sobre o mesmo semestre no exercício anterior. Para o movimento total de 2017, as empresas ouvidas pela Eletros prevêem vendas por volta de 8,5 milhões de unidades de TVs, salto próximo de 13% perante as 8,4 milhões faturadas em 2016.

“As expectativas são de vendas melhores até o final de 2017, por conta da Black Friday e Natal”, comenta para Plásticos em Revista Lourival Kiçula, presidente da Eletros. “São fatores positivos nesse sentido os juros em queda, assim como a inflação e a manutenção do nível de empregos. Devemos crescer 13% em 2017 em relação a 2016 nas vendas de TVs, que fecharam 2016 em 8.463.000 unidades. Também temos uma perspectiva mais otimista para as linhas branca e de equipamentos portáteis, fechando 2017 ligeiramente melhor do que o periodo anterior”.

Medidas com impactos macroeconômicos, como a liberação do saque do FGTS de contas inativas, pondera Kiçula, tiveram efeito importante para a melhoria do cenário do consumo. “ A despeito da instabilidade e complexidades jurídico-políticas que assolam o Brasil, a economia segue seu curso dando sinais de recuperação. O PIB sai de uma queda de 3,6% em 2016 para um provável crescimento de 0,72%, de acordo com o Boletim Focus do Banco Central.Mas continuamos atentos à conjuntura, pois ainda permanecem os grandes desafios do déficit primário, dos investimentos em infraestrutura e, sobretudo, do crédito. Porém, o ensejo e a resiliência da indústria provaram ser mais do que suficientes para superar as adversidades”.

No plano geral, os investimentos dos setores industriais cobertos pela Eletros têm sido mantidos de freio puxado. Lourival Kiçula vislumbra a possibilidade de reativação a contento desses recursos num cenário de pontos a favor em 2018 como a Copa na Rússia. ” A Copa do Mundo representa uma inversão de sazonalidade, trazendo as vendas de aparelhos eletrônicos, como TVs, que normalmente ocorrem no segundo semestre, para os primeiros meses do ano em que o evento é realizado”, ele esclarece. “A perspectiva é que o mercado cresça em torno de 10% a 15% em 2018, seguindo a linha de 2017 que apresenta resultados melhores se comparados àqueles do mesmo período do ano anterior. O cenário político, com realização ds eleições, é um grande desafio. Também destacamos que as reformas trabalhista e previdenciária são essenciais para o país avançar. A Eletros acredita que estamos caminhando para 2018 com melhores condições”.

Pode chover pedra

Pode chover pedra

Com empenho e jogo de cintura, três transformadores da Serra Gaúcha contam como conseguem crescer na crise

O mergulho de cabeça em ferramentas de gestão e melhoria contínua repaginou a indústria transformadora Ipos a ponto de, nesses três anos de recessão, suas vendas continuarem a tinir e a alta costura da qualidade contemplar suas peças técnicas com uma chancela mundial acima do bem e do mal. “Estreamos no fornecimento de componentes para montadoras de motos”, informa o sócio e diretor administrativo Thiago Petersen. E a entrada foi logo pela tribuna de honra. “Produzimos peças de baquelite para o conjunto de bombas d’água das motos norte-americanas Harley Davidson”.

Na sede em Caxias do Sul, epicentro da Serra Gaúcha, a Ipos, fundada em 1979, opera com 12 injetoras de 65 a 320 toneladas; 11 prensas hidráulicas para o processo de transferência de baquelite; matrizaria para manutenção preventiva e corretiva dos moldes e um setor de tampografia. Petersen calcula o consumo anual de baquelite na faixa de 80 toneladas e o de plásticos de engenharia, dominado em 80% por PA 6 e 6.6, na casa atual de 210 toneladas. “Projetamos crescimento de 17% para 2018 sobre o desempenho de 2017”, confia o industrial. Seu otimismo decorre da maturação de frutos semeados na operação antes da crise espocar, sob inspiração da conduta de grandes empresas à caça de competitividade. “Investimos pesado nos últimos cinco anos em ferramentas de processo e qualidade”, rememora o dirigente. “Implantamos na área industrial o programa Lean Manufacturing (manufatura enxuta) e trabalhos de melhoria contínua pela metodologia Kaizen e implementaremos em 2018 as mesmas ferramentas ajustadas para as atividades de administração”.

Este preparo de anos a fio dotou a Ipos de qualificação para desfrutar um dos raros oásis da manufatura a salvo da razia na economia brasileira em campo desde 2014: peças para implementos agrícolas. “Hoje em dia, o setor de máquinas e equipamentos para o campo representa 30% do faturamento da empresa ”, situa Petersen. “Nossas vendas ao agronegócio aumentaram 20% de 2016 para 2017 e continuarão a subir em 2018”. Em 2017, ele distingue, foram fechados oito contratos relativos ao desenvolvimento de peças técnicas moldadas com baquelite e de termoplásticos injetados. “São os produtos de complexidade mais desafiadora que desenvolvemos este ano, a exemplo de componentes de roçadeiras, motosserras e pulverizadores”.

Na selfie atual, Petersen delimita cinco frentes de atuação da Ipos: agronegócio e setores automotivo, eletroeletrônico e bélico mobilizam 60% da receita e o restante cabe a produtos de marca própria para a linha branca. “Constam de manipuladores, puxadores e cabos de plástico e baquelite”, ele esclarece.

Entrega rápida de amostras
A diversificação de mercados também explica a bem sucedida trajetória da Plasmosul, outra joia da coroa das peças técnicas na Serra Gaúcha, para ladear a crista baixa de determinados clientes tradicionais nos últimos três anos. “Houve mesmo uma freada na finalização de projetos pertinentes à construção civil e à indústria moveleira”, assinala o presidente Orlando Marin. Em contrapartida, ele conta, entre os setores que mais demandaram desenvolvimentos de peças técnicas, distinguem-se o transporte pesado e agroveículos. Quanto ao primeiro segmento, ele explica tratarem-se de componentes de termoplástico e termofixo para ônibus e carretas. Por sua vez, a Plasmosul comparece em implementos agrícolas com peças internas e externas para tratores, colheitadeiras e retroescavadeiras. “A maior demanda este ano veio do desenvolvimento de itens para tratores e retroescavadeiras, como tetos externos, painéis, colunas, paralamas e revestimento de tetos”, distingue Marin, salientando ainda o fornecimento de itens para sistemas de ar condicionado doméstico, veicular e industrial.

O reposicionamento deu certo. “Nosso faturamento em 2017 deve crescer cerca de 25% perante o balanço de 2016”, comemora Marin, frisando entre os diferenciais da Plasmosul a entrega em menos de 60 dias de amostras de peças como elementos externos de um agroveículo. “Está nos planos a compra de uma impressora 3D para acelerar a prototipagem”, ele adianta.

O caso da Plasmosul é peculiar porque sua trajetória tem um eletrocardiograma como pano de fundo. A empresa começou na efêmera bonança de 2011, quando o PIB cresceu 2,7%, e três anos depois eis a economia evoluindo simbolicamente 0,1%, retrocedendo -3,8% em 2015 e -3,6% em 2016 e tende a fechar 2017 com prevista reação de leve, da ordem de 0,7%. “A travessia desses últimos três anos de forte retração deu muito trabalho, com o redirecionamento de atividades e a pluralização dos mercados atendidos”, pondera o presidente.

Na ativa há seis anos em Caxias do Sul, a Plasmosul roda com seis injetoras de 450 a 1.800 toneladas; três termoformadoras com capacidade máxima de 1.800 x 3.600mm de área útil de moldagem e, no âmbito dos termofixos, dispõe de equipamentos para os processos spray up e RTM. “Temos condições de produzir peças de até 15 metros de comprimento, caso de tetos de ônibus e carenagem de agroveículos”, insere Marin. Quanto ao consumo de resinas, o dirigente demarca para 2017 o saldo de 460 toneladas para copolímero de acrilonitrila butadieno estireno (ABS), 30 toneladas de policarbonato (PC) e 340 toneladas de polipropileno (PP). Por sinal, nota Marin, grades de PP com fibra longa vêm abocanhando bons bocados do mercado de poliamidas na injeção de peças técnicas. Aliás, a norte-americana RTP tem infiltrado seus compostos de PP com fibra longa em peças técnicas como hélices de ventiladores. Retomando o fio, Marin observa que a termoformagem está no topo dos processos da Plasmosul, com destaque para peças técnicas de alto repuxe e texturização no molde, entre elas painéis e parachoques, estes de PP e polióxido de fenileno (PPO), para veículos pesados. “Apesar de ainda estar no estágio inicial, a área de injeção já conta com ferramentaria dotada de centro de usinagem que nos permite a construção de moldes de até 25 toneladas.

Além da aquisição de equipamentos como um robô de corte, a ferramentaria deve polarizar os investimentos engatilhados pela Plasmosul para 2018. “Será grande a demanda de nossas peças injetadas e pretendermos ampliar a linha de produtos próprios”, justifica Marin.

Ajuste à realidade
Sob o prisma do rigor ao extremo, a D’Zainer, outro pilar da transformação da Serra Gaúcha, é um ponto algo fora da curva no reduto das peças técnicas. Em campo há 23 anos, ela se desdobra na construção de moldes sob encomenda, manufatura de produtos metálicos conformados a frio e por estamparia, prestação de serviços de injeção e estampo e, por fim, é top of mind em rodízios e caixas plásticas injetadas, além de fabricar sistemas modulares que podem ser usados como racks e estantes, produzidos com tubos de aço, tampos de vidro, metal e madeira, admitindo rodízios e sapatas como acessórios.

Com essa atuação multifacetada, a necessidade de diversificar mercados está fora de cogitação na travessia desses três anos de sibéria econômica empreendida pela D’Zainer. “Os setores que mais refrearam seus desenvolvimentos conosco desde 2014 são a indústria moveleira e eletrodomésticos da linha branca”, aponta o ditretor executivo Ricardo Polo. Nesses últimos três anos de agruras, ele conta, o foco concentrou-se em adequar a a empresa para mantê-a viva no mercado. “Reduzimos o quadro de pessoal, melhoramos processos e agora buscamos parcerias com empresas com as quais possamos acertar algum tipo de terceirização”.

O ajuste à nova realidade não negou fogo. “Estimamos fechar 2017 com aumento de 28% nas vendas sobre o desempenho do ano anterior”, calcula Polo, destacando entre seus desenvolvimentos nos últimos três anos peças para móveis, caixas para frutas e o incremento do seu mostruário de rodízios para berços, cadeiras e uso industrial. No arremate, a D’Zainer se escora ainda na produção de uma gama de componentes que vão de sapatas e buchas a ponteiras, guias de cabos e componentes de cadeiras.

Na retaguarda, a fábrica em Caxias do Sul é turbinada por 21 injetoras, entre elas três para o processo bicomponente e um modelo vertical para insertos, “As 18 injetoras monomaterial têm forças de fechamento entre 60 e 1.000 toneladas”, estabelece Polo, completando a infra com a ferramentaria e o aparato de metalurgia. Pelas suas projeções, a D’Zainer tem rodado em 2017 consumindo na média mensal de 110 toneladas de resinas– entre poliolefinas, PA, polibutileno teraftalato (PBT) e poliuretano termoplástico TPU). Para 2018, Polo afiança ter no pipeline diversos projetos considerados prematuros para divulgação, mas ele solta a intenção, “se o mercado continuar estável”, de ir atrás de tecnologias para produzir peças seriadas para impressoras 3D. “Vamos observar a evolução desse segmento”, coloca. A D’ Zainer, aliás, já utiliza uma pequena impressora 3D, confirma Polo.

As engrenagens para azeitar a retomada

As engrenagens para azeitar a retomada

Mistura fina de aplicações e nichos inspira fornecedores de materiais nobres

Eletroeletrônicos, o maior campo de plásticos de engenharia fora autopeças, caminha sobre brasas no Brasil. Queda de juros e da inflação, liberação de FGTS e o 13º salário velho de guerra prenunciam um 2017 no azul anil perante a sangria dos dois balanços precedentes. Mas pairam dúvidas se a reação esboçada é voo de galinha ou de boeing, em razão da dívida pública crescente e não enfrentada a sério e da trepidação esperada na economia conforme quem esteja na ponta das pesquisas eleitorais.

Mas vida que segue nessa corda bamba e a Basf aperta seu cerco sobre peças para as indústrias elétrica e eletrônica com quatro famílias de materiais: poliamidas (PA) 6 e 6.6 Ultramid; polibutileno tereftalato (PBT) Ultradur; poliacetal (POM) Ultraform e poliuretano termoplástico (TPU) Ellastolan. “Todas essas séries primam pela alta resistência térmica e estabilidade dimensional, estando ainda disponíveis com acréscimo de fibra de vidro”, acena Murilo Feltran, gerente de marketing de materiais de performance da Basf no Brasil.

Na esfera de PA, o executivo distingue o lançamento internacional do grade retardante de chama Ultramid B3U31G4 e sua conveniência, em especial, para a manufatura de disjuntores de uso doméstico e industrial. “Além das boas propriedades mecânicas, de fluidez e de processamento, a performance de Ultramid B3U31G4 impressiona no quesito da incandescência”, completa Feltran, brandindo a disponibilidade do lançamento na cor branca e tonalidades de cinza.

Ao longo desses três anos de recessão, o reduto brasileiro de eletroeletrônicos tem sido o mais afetado mercado de peças técnicas injetadas com plásticos de engenharia, considera Anderson Maróstica, gerente de desenvolvimento de novas aplicações e serviços técnicos da unidade High Performance Material da operação da Lanxess no país. “O principal motivo foram as importações brasileiras de muitas peças técnicas da China”, ele identifica. “O mercado mais abalado foi o de disjuntores e o de ferramentas elétricas tem sido o menos prejudicado”. Em meio a esse fogo cruzado, Maróstica sente chão firme para enaltecer suas séries de PA, PBT e poliéster termoplástico (PCT) para aplicações em lâmpadas de LED. “São materiais de resistência térmica e reflexidade elevadas”, justifica.

Na subsidiária brasileira da italiana Radici, sangue azul global em PA, a gerente geral Jane Campos e o gerente de marketing e desenvolvimento Luis Carlos Baruque ponderam que, apesar dos estragos causados pelo triênio da crise, não sentiram redução no desenvolvimento de peças técnicas de PA. “Houve aumento de projetos, pois várias empresas saíram atrás de soluções para baixar custos e o uso de plásticos de engenharia foi uma delas”, eles constatam. Animados por este viés de alta, Jane e Baruque enxergam perspectivas para aplicações em peças técnicas da poliftalamida Radilon Aestus T. Entre suas aplicações, destaque para componentes de eletroeletrônicos submetidos à soldagem sem chumbo e dependentes de resistência mecânica e a altas temperaturas, caso de itens de chuveiros e ponteiras de secadores de cabelos. Ainda no cercado das peças técnicas, o material cava espaço em itens para a construção, pois é afiançado como sob medida para a injeção de acessórios de contato com água quente (sob temperaturas de até 85°C e a vapor em até 120°C), caso de coletores de distribuição de água quente e carcaças de hidrômetros.

A mais recente munição no arsenal de especialidades da Radici chama-se Raditeck P. Trata-se de uma série de grades de sulfeto de polifenileno (PPS), diferenciados pela resistência a chama; alta estabilidade dimensional, resultante da higroscopia muito baixa; resistência química superior em contato com óleos, benzinas, solventes e soluções água-glicol e, por fim, pela manutenção das propriedades mecânicas após exposição a temperaturas elevadas devido ao contato com o ar e outros fluidos. O mostruário apresenta cinco tipos de Raditeck® P, com teores variando de 40% de fibra de vidro a 65% de carga mista (mineral e fibra de vidro).

Especialidades em PA também são o forte da brasileira Krisoll. “Embora três anos de crise tenham reduzido o mercado de PA como um todo, em particular o setor automotivo e de máquinas industriais, permanece o fluxo de desenvolvimentos voltados para substituir metal por plástico em componentes de equipamento industriais, com base na redução de peso e do custo de produção e nas possibilidades de design”, observa Alexandre Pastro Alves, sócio e diretor de marketing dessa componedora sediada na Grande São Paulo. “Entre os exemplos da Krisoll nesse sentido, cabem os compostos já utilizados na injeção para peças de colheitadeiras”. No embalo, Alves sustenta que a ofensiva de PA sobre metais deve engrossar o caldo não só em agroveículos, mas em maquinário de manufatura em geral. A Krisoll comparece nesse panorama, assinala o diretor, com compostos de cunho mais exclusivo, para injeção em ciclo rápido e parede fina, e para aplicações dependentes de retardação a chama e resistência a alto impacto e às intempéries. A propósito, associa Alves, o mercado de componentes para implementos agrícolas, ensolarado pelas safras e exportações superlativas, mostra-se o menos turvado nesses três anos de pindaíba interna entre os redutos de peças técnicas cobertos pelos compostos da Krisoll.

Bússola do requinte e vanguarda em especialidades poliméricas, a francesa Arkema encara o desafio de quebrar um paradigma comportamental, no âmbito das peças técnicas, para o Brasil em convalescença sincronizar-se com os mercados mundiais hoje propelidos pelo crescimento econômico. “A quantidade de polímeros disponíveis é bem grande, mas, devido ao desembolso, os clientes por aqui tendem a usar materiais mais em conta em detrimento de resinas de engenharia de melhor custo/benefício. “Polímeros nobres custam mais, mas duram mais”, constata Fábio Paganini, gerente de vendas e desenvolvimentos da Arkema para a América do Sul. “Brasileiro aprecia a qualidade, apenas não tem, no momento, recursos para pagar o valor mais alto de um bem”.

Em reação à anemia da economia brasileira desde 2015, conta o executivo, a estratégia da Arkema, para contornar cancelamentos e congelamentos de projetos de desenvolvimentos, foi abrir o seu leque de ação. “Passamos a procurar oportunidades menores, de menor potencial de vendas, mas pertinentes para diversificar nossa atuação”, esclarece Paganini. Em paralelo, ele completa, a empresa prossegue na mineração de oportunidades no reduto de injeção e no cultivo das aplicações tradicionais de extrusão para suas poliamidas de fibra longa (PA 10, PA 11 e PA 12).

No plano geral, os pedidos de seus materiais para peças técnicas caíram em todos os campos. “Mas alguns despencaram com força, caso dos segmentos industrial, calçadista, óptico, têxtil, de tintas e petróleo e gás”. O momento coincide com uma fase de ampliação da capacidade internacional dos polímeros fluorados Kynar PVDF e das poliamidas de cadeia longa Rilsan (PA 10, PA 6 10, Pa 6 12, e PA 10 12) da Arkema. No exterior, por sinal, entre os troféus no show room do grupo, reluz o nocaute do grade Rilsan XZM 50 no metal em elementos da telefonia móvel e o plus no catálogo de especialidades dado por novas moléculas de polímeros de polieter-cetona-cetona (PEKK) Kepstan. “As excepcionais características mecânicas qualificam Kepstan PEKK com fibra de carbono para substituir alumínio em peças técnicas do setor aeroespacial”, indica Paganini. •

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