Embalagens de alimentos são, de longe, o maior mercado da indústria do plástico. Em três anos de crise, as vendas de gêneros alimentícios viraram de ponta cabeça os hábitos de compra e os canais do varejo, com reflexos automáticos no desenvolvimento dos flexíveis e recipientes rígidos utilizados. Os novos ventos inspiraram a consultoria Nielsen a tirar do pipeline a pesquisa “Painel de Consumo Brasil- Tendências e Perspectivas para Foods em 2017”. O levantamento dá um rasante pelas mudanças na atitude do consumidor e suas consequências na comercialização, desde o atual estrelato dos atacarejos e produtos saudáveis ao freio na compra por impulso, multiplicação das marcas próprias e o remelexo no canal de food service, causado pelo corte nas verbas de entretenimento, marmitas levadas para o trabalho e venda de produtos na rua tentada por quem não se recoloca no mercado de trabalho. Este prato cheio e quente é servido à cadeia do plástico na entrevista exclusiva de Carolina Araújo, líder da indústria de alimentos da Nielsen Brasil, assim como nas matérias seguintes com transformadores e fornecedores de máquinas, resinas e auxiliares que compõem esta reportagem especial.
PR – Quais os meios mais viáveis para fabricantes de alimentos supérfluos, como iogurtes, voltarem a atrair o consumidor, hoje empobrecido e mais focado em compras de abastecimento?
Carolina Araújo – No cenário atual, o consumidor brasileiro se concentra na realidade em encontrar saídas eficazes e criativas para preservar, ao máximo, seu padrão de vida diante da retração de renda. Dessa forma, vemos estratégias – diferentes por perfil de cada família – sendo adotadas nesse sentido. O que é certo é que o consumidor está mais atento e racional, compara mais e está muito mais disposto a fazer trocas entre marcas e categorias que talvez não fizesse no passado, no intuito de gerenciar melhor o dinheiro que tem no bolso versus o que consta em sua despensa. Os fabricantes de alimentos devem abrir os olhos e a mente para este fato. Por sinal, os fabricantes que adotam de maneira estratégica e embasada em recursos como smart choices, descontos e promoções, têm conseguido melhor performance diante de um cenário desafiador. Dessa maneira, é fundamental que as empresas fiquem ainda mais assertivas em suas escolhas de investimento, focando recursos em ações que, de fato, tragam resultado.
PR – Quais as modalidades de smart choices mais utilizadas nas categorias de alimentos em foco nesta pesquisa?
Carolina Araújo – O que a Nielsen considera ou denomina “smart choice” é o produto equivalente à marca premium com preço mais competitivo, independente de sua categoria. Neste sentido, nos referimos essencialmente à troca da marca premium ou referência pelo fabricante de produto similar ou equivalente.
PR – Pela pesquisa da Nielsen, quais categorias de alimentos essenciais e supérfluos têm revelado, por força da crise econômica brasileira, maior incidência de migração de marcas premium para marcas mais acessíveis nas compras da população?
Carolina Araújo – Mais do que categorias específicas, notamos movimentos de mudança na percepção de valor pelo consumidor. Percebemos que, na situação de retração de consumo que vivemos nos últimos tempos, o consumidor tende a sacrificar conveniência, por exemplo. Categorias relacionadas a essa característica tendem a sofrer mais. Por exemplo, percebemos a retração da categoria de pratos prontos congelados. Parte dos consumidores prefere substituir por algum alimento que lhe consuma mais tempo, mas de menor custo. Quando analisamos bebidas prontas, sentimos o mesmo: o consumidor buscando alternativas, trocando suco pronto pelo feito em casa ou mesmo por água. Considerando que temos 13% de taxa de desemprego, essa troca faz todo o sentido.
PR – Qual o universo de fontes deste estudo da Nielsen?
Carolina Araújo – Consideramos diversos estudos da Nielsen, sendo os mais relevantes: Nielsen Retail Index Brasil e Nielsen Scantrack – regiões e canais destacados (variações ano móvel e conforme período mencionado em cada dado). São aferidas mais de 1.000.000 de lojas e mais de 170 categorias de consumo, considerando todas as cestas Nielsen (Alimentos, Bebidas Alcoólicas e Não Alcoólicas, Higiene & Beleza e Limpeza).
PR – Quais as categorias de alimentos essenciais mais e menos afetadas pelo trade down aferido nesta pesquisa?
Carolina Araújo – Quando nos referimos a trade down de categoria, falamos da troca de uma categoria por outra – substituições, em essência. Ou seja, um consumidor que consumia antes cápsulas de café e passa a substituir este item, total ou parcialmente, por café torrado e moído, que possui um preço por xícara menor. É mais uma opção, entre as que citamos – smart choices e aproveitar promoções ou comprar no atacarejo – para a mesma necessidade: fazer o dinheiro render para manter o padrão de vida.
No caso de alimentos essenciais, o trade down é menos observado, pois há dificuldades em trocar arroz e feijão, por exemplo, por outra categoria. O consumidor pode deixar de consumir arroz e feijão no restaurante por quilo para consumir em casa. Neste caso, o trade down é do restaurante para casa. É a mesma lógica que observamos em deixar de tomar cerveja no bar para tomar em casa. Assim, o trade down entre categorias para alimentos essenciais, salvo situações extremas, é menos provável.
PR – Quando a economia brasileira se recuperar, a criação de marcas próprias (de supermercadistas) para alimentos tende manter o ímpeto de crescimento atual ou a enfraquecer?
Carolina Araújo – A marca própria tem dois fatores combinados que suportam crescimento em uma crise: ela tem, de fato, menor preço que a marca premium, mas é, ao mesmo tempo, referendada pelo varejista que o consumidor conhece e confia. Logo, ainda que não seja a marca desejada, no momento em que fazer escolhas é necessário, é uma opção bastante atrativa. Por essa razão, o cenário atual favorece as marcas próprias – e, enquanto ele permanecer, essas marcas têm terreno fértil para crescer.
Com relação à expectativas, podemos traçar hipóteses para essa pergunta, analisando por alguns prismas. Por exemplo, em um paralelo com a Espanha, que recentemente viveu um momento de crise com alto percentual de desemprego. No caso espanhol, vimos uma movimentação muito parecida com a nossa, em que o consumidor, ao ter a renda retraída, buscou alternativas como smart choices e marcas próprias. Com a economia retomando seu crescimento, vimos esse movimento se invertendo e as marcas premium, que também tomaram iniciativas para reconquistar os seus consumidores, retomando participação. Desse modo, é provável que, com o aquecimento da economia brasileira, o equilíbrio de forças seja diferente do que vemos agora e, talvez, não tão favorável para marcas próprias.
Outro prisma a se considerar é diametralmente oposto, pois vemos o varejo ganhando relevância em países como EUA. Nesse caso, uma movimentação de marcas próprias com um apelo mais premium pode surgir.
PR – Poderia estimar, com base na pesquisa da Nielsen, qual é, em média e no plano geral, a participação de mercado abocanhada em 2016 pelas marcas próprias em geral?
Carolina Araújo – Em 2016 as marcas próprias atingiram 5,2% do total do volume do mercado, considerando todas as categorias. Podemos dizer que a marca própria tem tido desempenho bastante destacado dentro do mercado de alimentos, especialmente em categorias básicas como arroz, feijão, leite, açúcar e óleo de soja. Percebemos nelas crescimento de até 27% da marca própria, mesmo em categorias com tendência de queda.
PR – Pela pesquisa da Nielsen, 62% dos consumidores de alimentos economizam com entretenimento fora do lar. Como avalia o impacto dessa poupança sobre o mercado de food service, a exemplo de restaurantes?
Carolina Araújo – Há mais fatores a se considerar nesse caso. Apesar de ser um fato que o consumo fora do lar impacte o volume de alimentos vendidos via restaurantes, há também, por outro lado, um aumento do número de empreendedores individuais, que chamo de transformadores, por conta de desemprego e aumento de empregos informais.
PR – Segundo a pesquisa, 60% das categorias de alimentos cresceram por meio de embalagens econômicas em 2016. Por que isso não aconteceu nas crises anteriores? Afinal, embora consolidada no exterior, a embalagem econômica não havia conseguido deslanchar até então em alimentos no Brasil.
Carolina Araújo – O que esse dado revela é que, nos últimos períodos, alguns fatores favorecem o crescimento de embalagens no estilo “leve mais por menos”. O primeiro deles é o consumidor fazer mais contas e entender como economizar, comprando antecipadamente – em maiores quantidades – itens que ele sabe que vai precisar no futuro. Logo, seria mais inteligente comprar por “atacado”. O racional é simples, mas o que viabiliza tornar-se concreto é que o consumidor hoje vive um cenário de aumento do número de lojas no modelo de “atacarejo”, onde encontra mais opções de embalagens nesse formato e uma indústria que, ao perceber essa vontade latente, se dispõe a ofertar essa embalagem em outros canais. Para complementar, a indústria e o varejo acompanham um ao outro no sentido de atender as demandas do consumidor e, nesse caso, varejo conta com a indústria e vice-versa. A medida que o canal atacarejo cresce, ele demanda da indústria mais ofertas que sejam adequadas a seu modelo. O consumidor, percebendo sua marca de preferência presente nesse canal, se desloca para ele.
Um ponto merecedor de atenção: essa oferta não atinge todos aqueles que buscam opções de economia, pois exige que o consumidor tenha dinheiro disponível para fazer o desembolso de um valor maior antecipadamente.
As águas estão rolando
De tédio ninguém morre em PET, comprovam os indicadores de 2016 compilados pela Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir). Carestia e saudabilidade empurram ladeira abaixo a produção de refrigerantes. Em 2010, o volume aferido foi de 16.961.806 bilhões de litros e, em 2016, a Abir constatou a perda de gás: 14.424.793 bilhões de litros ou -6% versus o balanço de 2015, também avermelhando em -6,1% perante 2014. Do outro lado do ringue, a produção de água mineral, dimensiona a Abir, emplacou no ano passado 12.682.641 bilhões de litros, quase o dobro dos 6.543.826 bilhões aferidos em 2010. Para azedar ainda mais o humor da ala dos refrigerantes, a produção de sucos prontos e néctares zarpou de 743.759 milhões de litros em 2010 para fechar 2016 em 1.257.894 bilhões de litros. Produtora de PET, a M&G não deu entrevista.
PR – Marcas globais aparecem no estudo como mais reconhecidas que marcas locais em qualidade e inovação. Por qual razão?
Carolina Araújo – Não monitoramos dados sobre ao investimento da indústria em inovação ou sobre comunicação. Estamos nos referindo à percepção do consumidor.
PR – Entre as tendências desafiadoras para a indústria e o varejo, o levantamento menciona conjugar a percepção premium com preço acessível. Como a apresentação do alimento (embalagem) poderia transmitir essa impressão, pois os recursos para tanto encarecem os custos do alimento e, por tabela, afetam seu preço de venda para um consumidor empobrecido?
Carolina Araújo – Estamos falando aqui de percepções do consumidor; não necessariamente um alimento mais caro no sentido da indústria (custos de produção e apresentação) é realmente percebido como premium. Mais difícil ainda é combinar essa percepção de “premiunidade” a um preço acessível e, certamente, o trabalho dos fabricantes não é simples. A lógica do consumidor na hora da compra é achar um bom produto, que atenda suas necessidades e a preço que ele considere justo. A indústria deve se movimentar acertando os diversos componentes de sua estratégia nesse sentido.
PR – A pesquisa chama a atenção para o mercado potencial de alimentos para a população idosa. Apesar de uma infinidade de estudos anteriores fazerem o mesmo, o setor de alimentos até hoje prospecta e explora pouquíssimo este filão indicado pela Nielsen. Como analisa essa postura?
Carolina Araújo – Há fabricantes bastante atentos a esta tendência e têm atuado com inovações específicas e direcionadas. A realidade é que este segmento triplicará até 2060 e a indústria deverá se adequar a esta mudança.
PR – Quais são, especificamente, os novos canais no Brasil para vendas de alimentos apontados na seção ‘como vencer em um cenário adverso’ da pesquisa da Nielsen?
Carolina Araújo – Percebemos grande avanço do canal chamado “atacarejo”, onde o consumidor pode fazer compras de abastecimento e maiores volumes com menor custo por quilo, por exemplo, por meio de embalagens econômicas – as chamadas “tamanho família”. Neste canal, nota-se também a importância dos “packs”, ou seja, leve mais por menos, modalidade na qual o consumidor ganha descontos adicionais por volume. Outra vertente é o aumento de importância dos canais de reposição, como os mercados menores, que chamamos de vizinhança. Ou seja, de um lado, o consumidor estoca mais os alimentos com maior longevidade através do atacarejo. Do outro, repõe as compras de dia a dia e validades mais curtas no mercado próximo de casa.
Viveiro de pistas
Sucesso dos atacarejos embute subsídios para frascos soprados para alimentos
Nos seus meandros e entrelinhas, a pesquisa da Nielsen “Painel de Consumo Brasil- Tendências e Perspectivas para Foods em 2017” (ver entrevista à pág. 24) traz à tona mudanças causadas pelo cordão umbilical entre a economia e o padrão de vida. Falam por si a proliferação dos atacarejos e o encolhimento de famílias e moradias. Um jorro de pressões que leva indústrias de alimentos a cobrar da transformação de embalagens mais poder de barreira e vida de prateleira e menos perdas no transporte e ponto de venda. Cristiano Passos, CEO do Grupo Globalpack, trem bala do Brasil no sopro de recipientes e titular entre os fornecedores para a elite da indústria alimentícia, tem sabido corresponder a essas expectativas. “As demandas iniciais são por embalagens menores, one way (descartáveis), de baixo custo e espessura”, coloca. “Mas aí entra a questão da vida útil do alimento e embalagens menores requerem um desafio extra quanto ao shelf life. A interação da embalagem e rótulo tem sido explorada para atender a esta necessidade e aqui no grupo temos sido bem sucedidos no uso de aditivos e sopro multicamada para satisfazer a estas exigências”.
Food service, outro reduto em mutação devido ao encurtamento da verba para se comer fora de casa e às promoções “leve mais e pague menos” em alta nos atacarejos, também pulsa no radar dos frascos do Grupo Globalpack. “Esse movimento captado pelo estudo da Nielsen traz parte do chamado mercado industrial (restaurantes, p.ex.) para o consumo residencial prolongado”, interpreta Passos. “Isso faz ressurgir a importância de embalagens de uso continuado com facilidades de manuseio”. Outra boa nova servida por esta remexida no canal food service, ele nota, é a possibilidade de se reduzir ainda mais o peso da embalagem econômica com decorrente alívio para os custos. “No entanto, os frascos maiores geram impacto na operação logística dos fabricantes de alimentos e foi em prol de resultados melhores nesse sentido que o Grupo Globalpack aportou R$ 1 milhão para implementar a solução Warehouse Management System (WMS), apoiada em aplicativos de software que suportam as operações do dia a dia de um armazém”. Ainda no âmbito das embalagens econômicas, Passos reconhece a lentidão de sua transposição do mercado internacional para cá , mas agora são outros quinhentos. “Pela praxe até hoje por aqui, duas embalagens pequenas custavam menos que uma grande”, pondera. “Mas nunca tivemos uma crise prolongada como esta e um aspecto positivo dela é a reação gerada nas empresas de vencer paradigmas, como se nota na adesão às embalagens econômicas. Este movimento recente, estimulante para recipientes maiores, deve colher seus frutos pós-crise, como mais uma opção de compra”.
A pesquisa da Nielsen também sugere um osso duro de roer para a cadeia alimentícia reagir à crise: conjugar ao preço acessível a percepção de produto premium, uma conjunção que deságua na criação de embalagens. O Grupo Globalpack, conta Passos, tem acenado a indústrias alimentícias com um misto quente dessas exigências ao molho da sustentabilidade. “Uma opção recente é o emprego de PET reciclado bottle to bottle, processo no qual somos pioneiros no Brasil e com certificação para contato com embalagens alimentícias da Agência Nacional de Vigilância Sanitaria (Anvisa) e do órgão regulatório norte-americano Food and Drugs Administration (FDA)”.
Na selfie atual, 6% da população brasileira é composta por pessoas de 65 anos em diante, um mercado ressaltado pela pesquisa da Nielsen como uma senhora frente para o setor de alimentos, hoje discreto nesse reduto, mandar bem. Do cercado das embalagens sopradas, Passos considera requisito visceral para fidelizar o consumidor idoso a facilidade no manuseio dos recipientes. “Destaco aqui as embalagens ergonômicas de polietileno de alta densidade (PEAD) desenvolvidas pela nossa área de engenharia com soluções de ‘pega’, também vistas nos modelos de PET, assim como o fornecimento de frascos up side down ”.
Embalagens peso-pena
O potencial do consumidor de idade avançada também não passa em branco para a subsidiária da portuguesa Logoplaste, outro pilar em sopro no país. “Percebemos nos projetos para este público uma preocupação com rótulos de comunicação mais fácil e clara”, nota Thome Brito, gerente geral da operação no Brasil. “No entanto, ainda parece tímido o desenvolvimento por aqui de embalagens para o segmento da terceira idade”.
Em contrapartida, Brito nota o estrelato hoje desfrutado pelos recipientes soprados maiores, dada a influência da crise no corte de gastos em comer fora de casa e na receptividade a promoções tipo “leve mais por menos”, duas das mudanças de atitude do consumidor de alimentos dissecadas na pesquisa da Nielsen. “É significativo o aumento das embalagens familiares voltadas para o consumo compartilhado, em contraste com uma queda dos tipos para uso individual”, atesta o executivo. “Temos atendido a esta demanda com embalagens familiares como as de iogurtes, numa gama de conteúdo extensiva de 600 a 1.250 gramas e diversos formatos em PEAD e PET”.
Pelas lentes da Nielsen, 60% das categorias de alimentos pesquisadas cresceram no ano passado impulsionadas por embalagens econômicas. Nesse compartimento, emenda Brito, as novidades concentram-se no denominado “design for cost” e sustentabilidade. “Ou seja, criamos embalagens que atendam aos requisitos de design e qualidade considerando o menor consumo possível de matéria-prima e maior eficiência na reciclagem”. Brito não tem justificativa precisa para a morosidade com que, no passado, as embalagens econômicas se entranhavam no setor nacional de alimentos. Uma explicação para a recente arrancada delas, levanta o gerente geral, teria a ver com o surgimento de mais categorias de produtos na praça, caso de bebidas lácteas, durante o período 2004/2010, de vigor do poder aquisitivo de baixa renda. “Na forte recessão a seguir, essas categorias presenciaram a migração de seus volumes para embalagens mais econômicas”.
Apesar da crise, assinala Brito, pesquisas como a da Nielsen mostram a clara percepção do consumidor sobre o valor em alimentos ofertados em embalagens inovadoras e sedutoras. “Uma atração exercida não só pela estética, mas pela funcionalidade no uso”, traduz o dirigente. “Nosso mais recente exemplo nessa direção é a garrafa reciclável de leite longa vida com barreira à luz provida por pré-forma de duas camadas de PET: a camada interna protege o leite contra a luz e a externa comparece com a estética alusiva à pureza do alimento”. Essa mesma embalagem é brandida por Brito para demonstrar como, ao lado de soluções como sopro coextrusado e determinados compostos, a Logoplaste se adequa às exigências de maior poder de barreira e shelf life determinadas às embalagens de alimentos pelas alterações no estilo de vida entrelaçadas à conjuntura econômica.
Pavan Zanetti: sopro econômico para embalagens idem
Hoje em alta no envase de alimentos, as embalagens econômicas são um resort para as sopradoras de poliolefinas e PET da Pavan Zanetti. Na esfera de polietileno e polipropileno, distingue o diretor comercial Newton Zanetti, suas máquinas Bimatic dão conta de recipientes de até 10 litros. “As versões híbridas de sopradoras Bimatic, nas quais buscamos reduzir o uso de óleo hidráulico sem elevar o preço da sopradora, têm sido um sucesso de vendas”. Na raia de PET, ele prossegue, suas sopradoras de pré-formas proporcionam recipientes de até seis litros, “bastante procurados para água mineral”, assinala o dirigente. “Tratam-se de equipamentos que correspondam em custo/benefício, no qual o valor do investimento versus o retorno é o diferencial”.
Novas tecnologias
Escorada em mais de 800 patentes da corporação, a filial da norte-americana Plastipak busca contribuir com embalagens sopradas diferenciadas por cores, design e barreiras com a proposta colocada pela pesquisa da Nielsen para a indústria alimentícia remar nas águas turvas da crise: laçar consumidores menos impulsivos e mais especulativos incutindo nos produtos uma aura de classe A aliada a preço em conta. “Uma referência é a garrafa monocamada de PET para leite longa vida que desenvolvemos para a marca Jussara”, ilustra Evandro Pereira, diretor geral da Plastipak Brasil. “Segundo o laticínio, a garrafa ampliou sua participação no mercado de leite UHT e a penetração em novos varejos, antes não permitida pela oferta do alimento em caixa cartonada”. A ênfase da empresa em soluções diferenciadas promete tomar corpo, deixa claro o dirigente, a partir do aporte de R$ 20 milhões no efetivo de linhas de produção e no requinte do centro de pesquisa e desenvolvimento, ambos na sede em Paulínia, interior paulista. “A primeira fase do processo de expansão está em curso, deve terminar até março próximo e mais investimentos estão previstos para o ano que vem”, adianta Pereira.
A decolagem das embalagens econômicas, nota o dirigente, hoje ocorre em todas as categorias de produtos envasados em frascos soprados, no rastro do crescimento dos atacarejos no país. “O impacto desse canal também é sentido nas embalagens pequenas, pois o consumidor pretende reduzir o desembolso e manter fidelidade à marca”. Quanto às embalagens econômicas, Pereira atribui sua escalada ao poder aquisitivo pré-crise, ensejando o acesso a novos tipos de produtos, “uma mudança comportamental semelhante a de mercados mais desenvolvidos”, afirma. Como o barco da economia virou em 2015 e deu no que está dando, Pereira julga ter se intensificado a oferta de soluções econômicas para o consumidor continuar a levar os produtos de sua predileção. “Além disso, novas tecnologias para PET nos possibilitaram introduzir aqui diferentes tipos de barreiras para ampliar o shelf life de alimentos, embalagens mais leves ou submetidas a envase a quente”.
Pereira também está antenado no potencial do mercado brasileiro da terceira idade, detalhado na esfera dos alimentos pelo estudo da Nielsen. A propósito, pesquisa divulgada no ano passado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) levantou que 34% dos respondentes de 60 anos em diante reclamavam da carência de produtos concebidos para suprir suas necessidades. Duas queixas desse público aos entrevistadores ricocheteiam no varejo e em embalagens como as de alimentos: a falta de sinalização com letras maiores em lojas e, confirma o estudo da Nielsen, nos rótulos. “Já servimos este consumidor com embalagens de PET resistentes e seguras, dotadas de abertura facilitada, alças, texturas no corpo para melhorar a ‘pega’”, coloca Pereira. “Por sinal, lançamos em 2016 uma garrafa de 9,7 g para água mineral, munida de gargalo especial de 26 mm e tampa fácil de abrir e que não se deforma ao verter a água no copo”.
Husky: PET com barreira atrai bebidas sensíveis
PET bate em cheio com uma sugerida trilha para a indústria alimentícia avançar em meio à crise: infundir a percepção de alto valor em produtos com preço em conta. Não só de olho nesse desafio como na exigência mundial de maior poder de barreira e shelf life, a canadense Husky, totem global na injeção de pré-formas, corresponde a todas essas expectativas com sua tecnologia para PET acontecer em bebidas sensíveis. Nesta entrevista, Evandro Cazzaro, gerente geral da unidade de embalagens de bebidas da Husky na América Latina, passa a limpo esta inovação.
PR – Poderia explicar a tecnologia desenvolvida pela Husky de pré-formas para bebidas sensíveis?
Cazzaro – Além das funções de conter e distribuir um produto, além de entregar uma mensagem de marketing ao consumidor, a embalagem deve fornecer a proteção necessária ao seu conteúdo, pelo menos durante o período de validade planejado. Alguns exemplos incluem a necessidade de evitar que o teor de dióxido de carbono de uma bebida carbonatada escape, ou então, que o oxigênio permeie para o suco ou que a exposição à luz prejudique as bebidas lácteas. Embora proporcione barreira a gás superior à de muitos polímeros, PET ainda é permeável. Desse modo, uma troca de gás ocorre entre o conteúdo de uma embalagem e o meio ambiente, tornando-se frequentemente o fator que limita a vida útil do produto. O desafio de fornecer proteção adequada do produto aumenta à medida que os tamanhos das embalagens diminuem. A taxa de entrada de gás (ou perda) é proporcional à área de superfície de uma embalagem, enquanto a quantidade total de gás que pode ser autorizada a entrar ou sair dela é ditada pelo volume do produto. A relação superfície / volume inevitavelmente aumenta à medida que os volumes das embalagens diminuem. Isso exige que os envases tenham propriedades de barreira melhoradas para suportar a vida útil necessária do produto envasado. As tendências do mercado, impulsionadas pela preferência dos consumidores por embalagens menores, e a necessidade cada vez maior de diferenciação dos produtos nas prateleiras, sugerem que pacotes de menor volume se tornarão cada vez mais comuns.
Pois bem, em 2015 a Husky começou a trabalhar com clientes para introduzir a tecnologia Multi-Layer no mercado de bebidas sensíveis. Desde então, cresce no mundo a confiança nesta solução para embalar desde refrigerantes carbonatados, águas minerais e cervejas a sucos, molhos, produtos de higiene pessoal e, mais recentemente, bebidas lácteas.
PR – Quais as vantagens proporcionadas?
Cazzaro – Em todos os casos, a tecnologia de camada múltipla permitiu que se conseguisse uma vida útil equivalente a um custo menor ou uma vida útil melhorada ao mesmo custo, mantendo a flexibilidade total de uma solução de moldagem por injeção sem restrições adicionais no equipamento ou na logística. Um fator importante para reduzir o custo total de produção é a capacidade de dosar e distribuir exatamente a quantidade ideal de material de barreira para uma determinada aplicação, enquanto mantém a produtividade dos nossos sistemas HyPET HPP5. É sabido que o custo do material é um contribuinte importante para o custo total da embalagem e, em regra, agentes de barreira são bem mais caros que PET. Isso torna crítico garantir que a quantidade mínima necessária da resina de barreira seja entregue a cada cavidade do molde e distribuída da maneira mais eficaz dentro da pré-forma. Este nível de controle avançado só é possível com um sistema de ponta e totalmente integrado. A plataforma HyPET HPP5 proporciona essa performance munida de câmara quente que permite um nível de equilíbrio sem precedentes.
PR – Husky já introduziu as pré-formas multicamada em bebidas sensíveis no Brasil?
Cazzaro – Até o momento, comercializamos 24 sistemas Multi-Layer e o Brasil forma entre os países adeptos dessa solução usuária da plataforma HyPET HPP5. Em poucos meses iniciaremos aqui a produção de envases multicamada para leite UHT.
O plus da validade
Aumento da vida útil cobrado pelo varejo e conveniência no consumo instiga a lapidação de filmes técnicos e laminados
“A necessidade faz as coisas andarem com mais rapidez e eficiência”, pondera Horácio Murua, CEO da goiana Cepalgo, convertedora estelar de flexíveis para alimentos. “A mutação profunda e acelerada em toda a cadeia de distribuição; no comportamento do consumidor, tornando-o mais inquisitivo e calculista, e no próprio parque de máquinas das indústrias de alimentos e de conversão acabou criando um ambiente propício ao surgimento das embalagens econômicas”. Trata-se de um movimento inescapável , reitera, e alinhado com o momento do Brasil. “À margem da crise e carestia, ele aconteceria cedo ou tarde, tal como vingou em países mais desenvolvidos e ditadores de tendências”. A Cepalgo marca em cima do lance as embalagens econômicas na crista da onda, como também nota a pesquisa da Nielsen (ver à pág. 24). “Filmes coex de barreira e alta resistência mecânica são básicos para essa aplicação, mas também a atendemos com flexíveis mais sofisticados, tipo abertura fácil (easy open), adesão proteica e impresso na frente e verso”, acena Murua.
O levantamento da Nielsen também incita fabricantes de alimentos a magnetizar um consumidor mais seletivo e pouco afoito combinando nos produtos uma imagem vip com preço acessível. “Em termos de embalagens alimentícias, ignoro qual tenha custo/benefício superior ao das flexíveis”, assevera o CEO, escorado num arsenal de soluções como stand up pouches, flow pack horizontal e vertical, envoltórios de termoformados, e, cereja no bolo, novos investimentos em impressão e capacidade instalada. Para casar a percepção premium com preço em conta, Murua serve à mesa soluções como filmes coex de sete microscópicas camadas controladas por intermédio de trabalho com variações inferiores a 5% para espessura de cada uma delas. “Ou seja, se o cliente precisa de 5 micra de copolímero de eteno-vinil-álcool (EVOH) para chegar à barreira de oxigênio demandada pelo seu produto, utilizaremos exatamente a quantidade necessária. Ou seja, dispensa-se o artifício de utilizar 7 ou 8 micra para garantir que, na variação negativa, o mínimo de 5 micra de EVOH esteja ali”.
A Cepalgo tem visto a sombra do consumidor de 60 anos em diante, mercado ainda intocado e enaltecido no estudo da Nielsen, pairar sobre diversos projetos seus de flexíveis. Essa influência, percebe Murua, é exemplificada por artes com letras maiores e mais nítidas; tecnologias easy open ou de orientação para a correta propagação do rasgo, caso de filmes com fitilho, ou então em soluções de resselagem, pois ele sustenta ser inadmissível um idoso fazer força demais ou recorrer à tesoura ou faca para abrir uma embalagem.
“Uma palavra define as necessidades do consumidor do século 21: conveniência”, resume o CEO da Cepalgo. “Fatores como novo perfil das famílias ou tempo demais gasto no trânsito requerem hoje da indústria alimentícia produtos fáceis de consumir e guardar, apresentados em embalagens atraentes e informativas”. Para corresponder a esses tipos de expectativas causadas pelo poder aquisitivo contido e seus efeitos no padrão de vida, a Cepalgo entra em cena com soluções como filmes de baixa temperatura de selagem e coeficiente de atrito controlado. “São idealizados para rodar em empacotadeiras de alta produtividade voltadas para pacotes menores e porções individuais”, esclarece Murua. Vale o mesmo, ele estende, para suas embalagens cook in, películas para revestir alimentos submetidas ao micro-ondas ou filmes de alta barreira capazes de passar pelo processo de retort. “Possibilitam a estocagem de alguns produtos em temperatura ambiente”, completa.
Sem Compra por impulso
Gustavo Yanaka, gerente de marketing de fresh food da operação brasileira da norte-americana Bemis, forja de flexíveis da vanguarda mundial, esclarece que sua empresa reage à nova conjuntura do consumo nacional de alimentos com lançamentos de maior praticidade capazes de reduzir o desperdício e ampliar a barreira e, por tabela, o shelf life. “Entre eles, figuram stand up pouches com bicos e embalagens abre e fecha (peel-reseal) para embutidos e queijos fatiados”
A Bemis monitora de perto as peculiaridades de produtos alimentícios para consumidores idosos. Nos EUA, tendo em vista este público e o conceito de saúde & bem estar (health &Wellness), Yanaka ressalta o desenvolvimento de flexíveis com barreira para preservar ou ampliar o shelf life de alimentos contendo menos conservantes. No Brasil, ele emenda, a empresa sobressai com flexíveis e termoformados fáceis de abrir e refechar, talhados para substituir embalagens menos competitivas nesses dois atributos, sejam metálicas ou de vidro, estas derrapando ainda na fragilidade. Ainda no âmbito da substituição de materiais, Yanaka percebe um movimento expressivo de produtos acondicionados em metal e vidro que têm se bandeado para flexíveis, seduzidos pela economia na industrialização, leveza, resistência, ocupação de menos espaço e excelência na impressão e apresentação nos pontos de venda.
Por ser mais lancinante que as crises anteriores, a recessão atual também vergastou os bens primários. “Isso leva o consumidor de alimentos a um comportamento mais racional na hora da compra”, associa Yanaka. Alvo de desenvolvimentos crescentes da Bemis, frisa o executivo, as embalagens econômicas têm sido bafejadas por sequelas do poder aquisitivo tolhido, como a redução nas despesas com alimentação fora do lar. “Isso pesou para elevar a frequência de compra em atacarejos, canal que trabalha com embalagens econômicas visando uma racionalização do custo/qualidade do produto”, ele arremata.
Redução de perdas
Na trincheira da Sealed Air, top of mind dos EUA em filmes poliolefínicos divisores de águas, Ulisses Cason, vice presidente de marketing food care para a América Latina, debruça-se com lupa sobre o conceito de embalagem econômica. “Entendo que são aquelas de maior conteúdo e que reduzem o valor por unidade de produto comprado”, estabelece. Uma barreira cultura, assinala, travou no passado o florescimento das embalagens econômicas para alimentos por aqui. “O maior valor da embalagem no momento da compra se reflete diretamente no valor total da aquisição. Ou seja, embora o preço por unidade-referência seja menor, há necessidade de maior desembolso no caixa do supermercado”. Para o consumidor latino-americano, distingue Cason, a crise gera imediata reação emocional com a falta ou restrição de dinheiro para uso cotidiano. “Assim, seu raciocínio da economia ficava restrito ao curtíssimo prazo e sua escolha recaía com frequência na unidade que ‘custa menos” no total da compra”. Hoje em dia, porém, ele nota um amadurecimento do consumidor. “A compra mais racional conduz à preferência por embalagens que proporcionarão economia maior ao final do mês, principalmente em tempos de crise”.
Cason também desce ao âmago da sugestão da Nielsen para a indústria alimentícia sensibilizar mais o consumidor com dinheiro contado: juntar percepção premium e preço baixo nos produtos ofertados. “O conceito de produto premium que gera economia precisa ser melhor comunicado pela indústria ao público”, julga o vice presidente. A Sealed Air ajuda a preencher essa lacuna, ele coloca, com tecnologias para diminuir as perdas de alimentos, consideradas por Cason bem mais relevantes que os gastos com embalagens. “Por exemplo, se uma carne comprada no supermercado tem vida útil de três dias, com nossa solução de embalagem Cryovac Darfresh, o prazo de conservação pode ir até 21 dias sob refrigeração”. Na mesma trilha, o dirigente insere o fechamento hermético da embalagem flexível para o mercado de aves. “Entre outras vantagens a tecnologia Cryovac SES evita a perda de líquido e diminui o potencial de contaminação do alimento. As perdas assim anuladas levam à sobra de mais dinheiro para o consumidor no fim do mês”.
Tão avantajado quanto pouco explorado até o momento, o mercado brasileiro da terceira idade já é assediado pela Sealed Air pela vertente da facilidade de abertura para embalagens de alimentos. “Enquanto os convencionais sacos a vácuo requerem tesoura ou faca para abrir, a tecnologia Cryovac QuickRip, tal como a solução skin Darfresh, simplificam essa operação e dispensam instrumentos cortantes”. No embalo, Cason acena com laminados resseláveis. “Basta puxar uma aba para abrir a embalagem, que pode ser refechada, contribuindo para a conservação do alimento”.
A alma hi tech do negócio
As especialidades que adequam embalagens plástica às mudanças no consumo de alimentos
“Ao trocar a alimentação fora do lar pelo preparo da comida em casa, o consumidor passa a exigir mais conveniência, preferindo produtos in natura – processados ou semi – em porções individualizadas, para evitar desperdícios, e de fácil preparo”. José Boaventura e Kleber Brunelli, respectivamente consultor de vendas para embalagens no Brasil e líder técnico de embalagens para a América Latina da DuPont, flagram nessa sua percepção pista livre para o portfólio global de materiais da companhia nessa mudança de hábitos imposta por três anos de economia brasileira no chão. “Essas demandas devem ser atendidas com embalagens mais elaboradas, transparentes, fáceis de abrir e com design diferenciado”. Entre as soluções na vitrine da DuPont, os dois especialistas distinguem os adesivos para coextrusão Bynel, zerando problemas de delaminação; o blend de poliamidas Selar PA, para prover flexibilidade e barreira contra gases e os ionômeros Surlyn. “Além da alta resistência à perfuração, asseguram transparência e fechamento hermético à embalagem flexível, mesmo em condições de selagem com pó e gordura”, esclarecem.
No ano passado, 60% das categorias de alimentos rastreadas em pesquisa no varejo pela Nielsen (ver à pág. 24) cresceram em vendas de embalagens econômicas, um salto que não passa batido para Boaventura e Brunelli. “Tal como acontece no mercdo de food service, as embalagens econômicas, contendo maior quantidade de produto, precisam de proteção extra para suportar desgastes logísticos, manuseio e, em especial, proporcionar a conservação do alimento na gôndola e depois de aberto”, descrevem os porta vozes da DuPont. Para dar conta do recado, deixam claro, entram em campo as embalagens multicamada, resistentes à punctura e impermeáveis ao oxigênio e umidade. “Um desempenho garantido pelo emprego de Selar PA e Surlyn”, eles reiteram. Na selfie atual, embalagens econômicas proliferam feito coelhos em alimentos e Boaventura e Brunelli consideram que esse gatilho foi puxado tanto pelos atacarejos, frequentado por quem busca economizar comprando uma quantidade maior de produto a custo unitário menor, como pelo alastramento do varejo de conveniência, destinado a compras rápidas dos itens essenciais. “Além da oferta crescente de produtos em embalagens de maior tamanho a preço em conta, outro esforço da indústria de alimentos visa mudar a cultura do consumidor em favor do recurso dos refis”, eles assinalam.
Agregar a percepção premium a preço acessível, sugestão embutida no estudo da Nielsen para a indústria alimentícia atrair um público focado em compras de abastecimento nesses tempos bicudos, é uma saída que exige ajustes na rota das embalagens , ponderam Boaventura e Brunelli. “A impressão de alto padrão aliada a preço em conta é transmitida quando o consumidor percebe que o produto dura mais por estar melhor embalado, evitando desperdício de alimento”, eles argumentam. “O consumidor valoriza uma embalagem que proteja o alimento até o final do consumo e topa pagar algo a mais pela sua compra”. Para efetuar esse convencimento, os dois executivos acenam com os préstimos dos citados adesivos de extrusão Bynel, ionômeros Surlyn, a barreira contra gases erguida por Selar PA e pelos copolímeros ácidos Nucrel. “Promovem a aderência exigida para laminados com folhas de alumínio em uma selagem hermética contra contaminantes ácidos e gordurosos”, sumarizam os especialistas.
Seja qual for o canal varejista, dos atacarejos e hipermercados a lojas expressas ou empórios de bairro, a inadequação generalizada dos estabelecimentos brasileiros para atender o consumidor idoso é patente, por exemplo, em corredores de trânsito tão dificultado quanto o acesso desse público às prateleiras. Mas a pesquisa da Nielsen evidencia que essa página deve virar e não demora muito, pois a população brasileira de mais de 60 anos tem o perfil de um mercado que não pode ser mais ignorado pelo comércio e pela indústria, inclusas a manufatura de alimentos e das suas embalagens. “O consumidor idoso valoriza embalagens de porções menores, fáceis de abrir, com dizeres legíveis e que simplifiquem o cozimento e o consumo – por exemplo, indo direto ao forno ou micro-ondas”, identificam Boaventura e Brunelli, aproveitando a deixa para colocar no balcão a resina Appeel. “Além de facilitar a abertura de embalagens flexíveis ou rígidas, protege os alimentos contra deterioração,vazamento, contaminação e adulteração”, concluem.
Embalagens econômicas:
sopro ganha ganha com PEAD da Braskem
Embalagens econômicas e sopradas para alimentos são cultivadas pela Braskem, nº1 do país em poliolefinas, com a resina de polietileno de alta densidade HD7000C. ”Proporciona recipientes mais robustos, com boa processabilidade em máquina e acabamento diferenciado”, expõe Julio Henrique Lottermann, integrante da engenharia de aplicação para artefatos rígidos de polietileno da corporação petroquímica. Os especialistas das áreas de polietileno para flexíveis e de polipropileno (aplicações flexíveis e rígidas) não concederam entrevista. Importadora de polietileno linear, a ExxonMobil também optou por não falar a Plásticos em Revista.
Visual sofisticado
A componedora A.Schulman, viga mestra norte-americana em masterbatches e aditivos, também acena com soluções para abrandar o convívio dos idosos com embalagens flexíveis. “Concentrados como os antiblocking ABVT 30 e ABVT 34 SC, quando utilizados a 10% em capa externa de filmes biorientados e polipropileno (BOPP) de 1,2 e 1 mm, respectivamente, promovem efeito release, que facilita a aberturas de embalagens seladas a frio”, indica Roberto Castilho, gerente comercial para o negócio de masterbatches da operação brasileira da empresa.
Em resposta à busca de meios para se transmitir uma imagem de requinte à embalagem de poliolefinas sem onerar o preço total do alimento, Castilho tira da manga os masters Papermatch. “Conferem aspecto de papel em sofisticado padrão de impressão e acabamento opaco e com toque suave”, descreve Castilho. “O emprego desses masters aumenta a rigidez, podendo assim contribuir para a redução da espessura da estrutura.
As mudanças no ponto de venda e no padrão de vida do brasileiro, um quadro no qual a economia se conecta à busca de praticidade, saudabilidade, encolhimento das famílias e moradias e decorrentes pressões para aumento da vida útil de alimentos, compõem um terreno fértil para a A.Schulman cultivar. “Nosso produto Polifresh EA funciona para proteger frutas como morangos, adsorvendo o gás etileno por eles liberado e retardando o processo de maturação, o que ajudar a prolongar o shelf life”, coloca Castilho. “Além disso, este auxiliar é um adorvedor de maus odores em meio líquido, atributo que influi na melhora da percepção dos consumidores quando abrem embalagens como as de frangos resfriados”. No arremate, o gerente acentua o lançamento do concentrado Polybatch 44 para prover barreira a filmes transparentes de polietileno. •