Já virou praxe sazonal, feito contágio da gripe no inverno. À medida em que a virada do semestre se avizinha, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção (Abramat) revisita suas previsões iniciais para o balanço anual do setor. Enquanto as novas projeções não varam a superfície, vale a aposta original em empate com a receita de 2016, assinalou na imprensa o presidente Walter Cover. Mas ele já capta no clima da praça um pendor para o faturamento deste ano baixar aos patamares de 2008. A Abramat registrou queda de 6% na receita de 2015; de 12,5% em 2016 e de 7% de janeiro a maio de 2017 versus o mesmo período no ano passado. Para a cadeia de PVC, mercado é a construção civil e o resto. A paralisia nos canteiros de obras e reformas residenciais explica a calamidade em forma de uma ociosidade situada por analistas na órbita de 50% na capacidade instalada de tubos, o segmento detentor da ordem de 70% do consumo de PVC. É com base nesta calmaria que deve ser digerida a entrevista a seguir de Ana Carolina Sanches, diretora da unidade de vinílicos da Braskem, nº1 na produção brasileira do polímero.
PR – Como vê o impacto de três anos a fio de recessão nas vendas nacionais de tubos prediais?
Ana Carolina – Em decorrência de o setor de construção ser um dos mais impactados pela crise, a demanda por tubos vinílicos prediais foi afetada, gerando aumento na capacidade ociosa do segmento. Entretanto, quando a construção civil se reerguer, a demanda por esses tubos poderá ser atendida sem a necessidade de novos investimentos, o que acaba facilitando a retomada do setor.
PR – Como a produção recorde do agronegócio tem bafejado o segmento de tubos vínílicos de irrigação?
Ana Carolina – Apesar de o segmento de dutos de irrigação não ser representativo no mercado total de tubos de PVC, notamos um aumento substancial na sua demanda. Trata-se de um crescimento alinhado com o mercado agropecuário e contrário à demanda do setor de tubos como um todo, que segue deprimida, em linha com os índices de construção civil.
PR – Apesar da futura disponibilidade de eteno via gás nos EUA, a custos imbatíveis, não há notícia de investimentos relevantes em novas plantas locais de PVC. Por que?
Ana Carolina – A Braskem reforçou seu compromisso de abastecimento do mercado nacional com a inauguração, em 2012, da planta de PVC em Alagoas. Desde então, a recessão levou o mercado interno de PVC aos patamares de 2010, não viabilizando investimentos relevantes em novas unidades. A mesma situação é observada no mundo, com capacidade de produção do polímero acima da demanda e não gerando, ainda, a oportunidade de investimentos vultosos no setor. •