Puxado por sucos, substitutos de carne e méis, o faturamento da Superbom com seu mostruário de 11 produtos e mais de 25.000 pontos de venda contornou a crise em 2016 com crescimento de 7,3%, esclarece sem abrir a receita David Oliveira, gerente de marketing dessa indústria alimentícia paulista, na ativa desde 1935. O presidente Getúlio Vargas foi o inspirador da marca numa visita em 1936 ao taxar de super bom o suco que lhe fora oferecido. Na entrevista abaixo, o executivo dá o que pensar ao setor plástico ao justificar sua preferência, quase isolada em seu segmento, por outro material para envasar seus conhecidos sucos, mas acena com a estreia este ano de outros alimentos acondicionados em plástico.
PR – Pelo monitoramento da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir), as vendas da categoria dos sucos prontos/néctares cresceu na faixa de dois dígitos percentuais anuais de 2010 a 2014, recuando pela primeira vez -3,7% em 2015. A seu ver, o movimento da categoria reagiu, estabilizou ou caiu ainda mais com a continuidade da recessão em 2016?
Oliveira – O mercado anda bastante estabilizado, as pessoas ainda estão receosas com seus gastos e consumo em geral. No entanto, a migração de bebidas como refrigerantes para sucos não é mais uma tendência, mas uma realidade. Desse modo, acreditamos que, com a retomada da economia, a categoria de sucos voltará a crescer de forma expressiva.
PR – O Brasil anuncia compromisso com a ONU de reduzir em 30% o consumo de refrigerantes e sucos artificiais até 2019 (ver à pág. 6), como medida de combate à obesidade no país. Como a Superbom interpreta essa promessa?
Oliveira – É uma decisão prudente e benéfica aos cidadãos. Com o respaldo da ONU, tanto a população como as indústrias perceberão a urgência e seriedade do assunto. Para a Superbom, uma das indústrias pioneiras do país no mercado de saudabilidade, recebemos essa notícia como uma somatória de forças para uma melhora crescente na saúde das famílias brasileiras. Uma provável consequência desse compromisso será o aumento do consumo de sucos no país, especialmente os de alta ou total concentração de frutas. É uma motivação para continuarmos a desenvolver produtos a uma velocidade ainda maior. No Brasil, buscar ser saudável não é uma tendência, mas uma realidade. A quantidade de academias e lojas de produtos naturais por aqui supera a maioria dos países. O Brasil já constitui o quarto mercado de alimentação saudável do planeta. Diante disso, é seguro dizer que, mesmo com a retomada da economia, pelos próximos anos, veremos o mercado de sucos crescendo mais que o de refrigerantes.
PR – Qual a sua estimativa para as vendas de sucos prontos este ano versus 2016? Justificar sua previsão.
Oliveira – Estamos apostando no crescimento de 10% na categoria de sucos da Superbom em virtude dos lançamentos agendados para este ano. Em março último, a propósito, apresentamos ao mercado 2 novos sucos 100% de fruta: Maçã e Antiox.
PR – Quais os segmentos de sucos mais e menos vulneráveis à crise e perda do poder aquisitivo: sucos prontos, concentrados ou sucos artificiais/refrescos em pó?
Oliveira – O mercado de suco em pó é o mais estável, por ser o de menor custo para o consumidor habituado a comprá-lo. Não se nota a necessidade de cortar o consumo, pois seu custo é extremamente baixo. A linha que mais sofre é a de néctares (bebidas que podem ter adoçantes, corantes, conservantes e outros aditivos. O produto possui cerca de 30% de suco original da fruta). Mesmo não sendo a mais cara, é a mais fácil de ser substituída ou pela alternativa mais barata dos refrescos/sucos em pó ou pelos sucos concentrados/100% fruta, mais caros mas podem ser diluídos em casa.
PR – Porque as vendas de sucos prontos em embalagens econômicas até hoje não decolaram no Brasil, em contraste com sua alta demanda nos EUA e Europa?
Oliveira – Com certeza, trata-se de uma questão cultural. Nos EUA, esse consumo através de embalagens de 3, 5 e 10 litros já é difundido há décadas e no Brasil nunca entrou em prática.
PR – A Superbom embala sucos em vidro (Frutts, Integrais e Light), lata (Fit) e caixa cartonada (Glug’s). Porque optou por essas embalagens em lugar de frascos de plástico opacos ou transparentes?
Oliveira – A Superbom prioriza o uso do recipiente de vidro em seus sucos, pois acredita que é a melhor embalagem para se ter um produto sem conservantes. As embalagens PET necessitam de conservante para um shelf life de dois anos, o prazo de validade dos nossos sucos integrais por exemplo. Já o suco na embalagem de vidro acompanhado pelo fechamento da válvula metálica nos garante essa vida útil sem adição de conservantes.
Nossa linha em caixa cartonada existe porque se destina especialmente ao consumo de crianças na área escolar. Embalagens de vidro para ser manipuladas por crianças nos pátios dos colégios são suscetíveis a quedas, podendo quebrar e machucar alguém. Por fim, nossa linha FIT foi destinada à lata de alumínio em virtude do seu posicionamento e momento de consumo. Como a proposta é uma bebida de dose única para os praticantes de exercícios físicos, essa embalagem é uma das que mais rapidamente gela o suco, tornando mais prático o seu consumo.
PR – Vidros primam por notória fragilidade. Quais as providências tomadas pela Superbom para zerar ou minimizar o risco de perdas de suas garrafas de vidro para sucos no transporte da fábrica aos pontos de venda?
Oliveira – As garrafas utilizadas são extremamente resistentes e nossa incidência de reclamações por quebra é basicamente nula. Dentro da linha de produção, o desperdício é praticamente zero, as transportadoras que levam nossos produtos já dispõem de know-how para tal finalidade e os consumidores, ao verem que a embalagem é de vidro, são mais cuidadosos também.
PR – Por que a Superbom optou por acondicionar mel em frasco de plástico enquanto mantém o recipiente de vidro para melado?
Oliveira – A Superbom tem as duas soluções de embalagens para o mel, tanto o pote de vidro (330gr para o tradicional e 250gr para o orgânico) como nas bisnagas de 200ml em PET. Utilizamos as versões em vidro por considerá-las a melhor embalagem e as de plástico visando a praticidade do consumidor de utilizar o próprio bico dosador para colocar o mel em seus alimentos.
PR – Cogita utilizar recipientes de plástico em seus sucos ainda este ano?
Oliveira – Não temos por ora planos de sucos em embalagens plásticas. Mas temos alguns outros lançamentos projetados para este ano que utilizarão a embalagem plástica. •