Nada como moeda forte para imunizar um negócio contra economia fraca. Em quatro anos com a norte-americana Viking Plastics a bordo, a brasileira Injequaly não só faz nem te ligo para a recessão como ensaia voar mais alto este ano. De 2014 ao último período, conta o diretor comercial Fernando Loureiro Esteves, a carteira de clientes dobrou para 60 nomes, duplicação extensiva à área ocupada, devido à mudança recente da fábrica de Itaquera para Arujá, Grande São Paulo. “Trocamos todo o parque de 10 injetoras no último biênio e pretendemos agrupar mais quatro linhas este ano”, adianta Esteves. A decisão vem no embalo do divulgado aumento superior a 50% nas vendas em 2016 e a expectativa de subida de até 40% até dezembro .
Esteves alega sigilo contratual para não revelar os sócios brasileiros e a participação acionária da transformadora norte-americana na Injequaly. Dois portais de informações empresariais apontam Esteves e Marcelo Dias Massero como sócios administradores locais e a própria Viking Plastics atestou à mídia nos EUA possuir 50% de participação na coligada brasileira sem abrir o capital aplicado.
Uma injeção de sangue bom em dólar é a mega-sena sonhada por 10 em 10 transformadores nacionais nesses tempos bicudos. Manda a lógica que, no populoso cenário brasileiro de indústrias de injetados, a capitalizada Viking, atuante no mesmo ramo nos EUA e China, filtrasse possíveis parceiros por aqui com base numa escala de grosso calibre, acima do fôlego da Injequaly que, especifica Esteves, hoje em dia injeta mensalmente em torno de 17 toneladas de poliolefinas e 16 de resinas de engenharia. Seja como for, o fato é que a Vikings foi atraída pelos acenos dos empresários brasileiros que partiram em 1995 a unidade na antiga sede em Itaquera. “Anos atrás investimos bastante na divulgação da Injequaly e, por um intermediário, soubemos do interesse da Viking pelo mercado brasileiro”, repassa Esteves. “Recebemos então um representante dela para analisar nosso potencial e, após quase um ano de negociação, fechamos a joint venture em 2013”.
O assento na Injequaly ampliou a presença da Viking no mercado sul-americano, justifica Esteves. Afinal, seu portfólio global é chefiado por componentes automotivos e peças técnicas. Nos idos de 2013, as vendas brasileiras de veículos roçavam 3,7 milhões de unidades, quase o dobro da marca de 2 milhões computada no ano passado. Números desse quilate sensibilizaram a Viking, fundada em 1972 e dona de planta de 40 injetoras nos EUA e de outra com 160 na China. Em dezembro último, uma participação majoritária no seu controle foi parar no bolso do fundo privado americano Spell Capital Partners. Com essa adrenalina no caixa, a Viking trombeteia meta de faturar US$ 100 milhões daqui a três anos.
“Com a entrada da Viking, tivemos acesso à infraestrutura dela e, de início, investimos em robôs e na automação e integração do processo”, sumariza Esteves. Em paralelo, emenda, a joint venture aproximou, pela conveniência logística, a fábrica brasileira de clientes da matriz da Viking com bases na América do Sul, entre eles a GM do Brasil. “Entre nossas peças de maior saída constam elementos para o painel do Celta”, indica o diretor. Autopeças, aliás, compunham em média 30% do mix de produção da Injequaly, ele situa. “Hoje em dia, a participação subiu para 42%, inclusos os fornecimentos a sistemistas e ao mercado de reposição”.
No ano passado, as vendas de veículos novos, da ordem de 2.050 milhões de unidades, caíram cerca de 20% frente ao saldo de 2015. Foi a quarta queda no movimento do setor e o pior resultado aferido desde 2006. Apesar da fatia das autopeças em sua receita, Esteves salienta nunca ter depositado todos os ovos da Injequaly num único cesto. “Essa diversidade nos expôs menos à retração da indústria automobilística nos últimos quatro anos”. Desse modo, a Injequaly tem transitado por mercados fora da vocação da Viking, caso de fármacos ou de cosméticos, este um reduto para o qual Esteves conta injetar itens como estojos. “Ao longo de 2014 e 2015, investimos na área comercial para atuar em novos segmentos, contrabalançando assim o retraimento daqueles campos mais abalados pela crise”.
A esmagadora maioria das injetoras na sede em Arujá tem menos de cinco anos de ativa e envolvem modelos de 60 a 320 toneladas da chinesa Haitian, supridora também das demais fábricas da Viking, equipadas com robôs japoneses Star Seiki. Até julho próximo, esse parque industrial receberá quatro injetoras com forças de fechamento entre 250 e 450 toneladas. Esteves descarta investimentos em sua pequena ferramentaria, mais voltada a serviços de manutenção. “Recebemos moldes dos EUA e China”, conta. Ainda para este ano, ele admite sucinto a possibilidade de partir uma fábrica de descartáveis, como parte de sua estratégia de cevar mercados de consumo de massa. “Poderemos então nos dividir entre dois segmentos totalmente diferentes entre si, as peças técnicas e as de alta demanda”. Dólar, pelo visto, não deve faltar. •
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