Rejeição à lactose é a mais nova explicação para a anemia do consumo de leite no Brasil, um contraste com nosso quinto lugar no ranking dos produtores mundiais do alimento. Para a cadeia leiteira, essa conjuntura tem sido azedada por superoferta, margens comprimidas e vendas que perdem longe para outras bebidas não alcoólicas. Em resposta, laticínios saem à caça de derivados de melhor aceitação e valor, uma frente em ascensão para frascos soprados. Na ativa desde 1954, a Usina de Laticínios Jussara marca presença nesse território com bebidas lácteas, assim cognominadas por conterem 51% de leite e/ou soro de leite em sua composição e nada a ver com iogurtes. A empresa reforçou sua aparição neste nicho desde abril passado, quando começou a distribuição pulverizada, a partir de mais de 5.000 pontos de venda no mercado paulista, da linha longa vida Jussara Jump. Ela acena ao consumo on the go (em movimento), antenado na saúde e bem estar e se diferencia na prateleira pelos frascos coloridos e opacos de PET envasando cinco opções com polpa de fruta, chocolate ou cereais. Pesquisa da Jussara e Fiesp/Ibope aferiu, aliás, que o comprador de Jump leva vida corrida, sem tempo para deter-se na alimentação. Messias Castro, gerente de marketing do laticínio sediado em Planalto Paulista, aponta nesta entrevista os traços da clientela em vista e a relevância das embalagens para as vendas de Jump pularem a médio prazo na faixa esperada de R$ 20 a R$ 30 milhões anuais.
PR – Relatório sobre leite do Rabobank aponta queda na produção no primeiro semestres. Para a Jussara, bebidas lácteas compõem uma válvula de escape dessa calmaria? E por que o consumo brasileiro de leite fluido não evolui a contento?
Castro – O mercado brasileiro de leite tem um perfil extremamente dinâmico e suscetível a diversas variáveis de difícil controle e previsão. Com o lançamento de Jussara Jump, pretendemos nos apoiar em outras opções de segmentos que sejam mais estáveis. As vendas do leite fluido têm baixo crescimento devido a poucas alternativas de renovação do consumo. Isso faz com que o produto perca consumidores e não conquiste novos ao longo dos anos.
PR – Qual perfil do consumidor padrão de bebidas lácteas e qual o tipo mais consumido no Brasil?
Castro – Com a linha Jump, buscamos o público que busca opções saudáveis e práticas para o consumo on the go. Acreditamos que este público esteja mais definido pelo estilo de vida do que por idade ou classe social. O tipo de bebida láctea mais consumida no país é o achocolatado, razão pela qual oferecemos a linha Jump nesse sabor em duas versões – regular e zero lactose.
PR – Como dois anos seguidos de recessão impactam no consumo de bebidas lácteas?
Castro – Apesar de relativo impacto, as recentes mostras de recuperação da economia indicam a tendência de que a categoria possa crescer entre 2016 e 2017. De qualquer maneira, Jump foi planejada de forma a oferecer uma opção que, além de saudável e prática, não represente grande desembolso. Isto permite que a linha tenha grande força frente a outras opções de snacks, que tendem a ser mais caros, além de não oferecerem o mesmo benefício de saudabilidade.
PR – Fora leite, todas as bebidas da Jussara são acondicionadas em caixa cartonada. Por quais motivos essa praxe foi rompida com Jussara Jump, envasada em frascos de PET?
Castro – Adotamos o PET recentemente para a linha de leite, caso da série Jussara Max, e acreditamos que, para atender a todas as expectativas do consumo on the go, este formato seja mais adequado. Além disso, PET faz parte da tecnologia escolhida para nosso sistema produtivo por conta da barreira que permite a esterilidade do produto. O fato de PET ser mais fácil e barato de reciclar que a caixa cartonada foi outro fator considerado na seleção da embalagem da linha Jump.
PR – Quem criou o design dos frascos de Jussara Jump?
Castro – O escritório central de design da Sidel (fabricante de sopradoras de PET), na França, de acordo com as especificações indicadas por nossa equipe. Já o rótulo, naming e campanha foram desenvolvidos pela agência Red Oxy, de Ribeirão Preto (SP). A pré-forma fornecida pela Plastipak e rótulo pela convertedora Camargo.
PR – Por que decidiu lançar versões de um litro dos leites zero lactose e achocolatado em PET se já dispõe desses produtos na caixa cartonada?
Castro – Faremos uma transição ficando somente com o PET em linha nesses produtos. A ideia é agregar valor e fortalecer esta linha complementar, oferecendo maior praticidade ao servir e guardar o produto após aberto. Essas garrafas ganham o mercado em meados de setembro. •