Dona de marcas consideradas sinônimos de suas categorias de produtos no Brasil, a exemplo de Barra e Faísca, a GR Higiene & Limpeza, sediada em Nova Iguaçu,Baixada Fluminense, é um termômetro do consumidor de um setor obrigatório no orçamento doméstico de todas as classes. As mudanças forçadas pela crise e seu impacto sobre essas embalagens dominadas por polietilenos polarizam esta entrevista do gerente nacional de vendas Alexandre Ribeiro da Cruz.
PR – Como a recessão afeta suas linhas e qual o produto carro-chefe?
Ribeiro – O mix da GR é comercializado no Rio, Bahia, Recife, Espiríto Santo, Minas Gerais e São Paulo por meio das marcas Barra (limpeza doméstica), BioBrilho (limpeza doméstica de alto padrão), Bica (cuidados com a roupa), Faísca (removedores), Pelouche (amaciantes) e Astra (limpeza pesada, descartáveis e acessórios). Com a recessão e tantos outros acontecimentos, todas as linhas sofreram alguma mudança. O consumidor não tem se mantido fiel à sua marca de preferência; busca economizar cada vez mais e optar por novas marcas. Isso acaba afetando as marcas de maior custo/ benefício. É o caso de linhas de maior valor agregado, como o Removedor Faísca e os sabões de coco Barra, este um produto nobre que ocupou o 4º lugar nível Brasil no ranking de vendas da “Revista Super Hiper”. Contudo, o cenário tem nos dado a oportunidade de mostrar produtos de qualidade a preço acessível como os das linhas Barra e BioBrilho. Assim, tivemos aumento de vendas nas linhas de menor custo. O carro-chefe em 2015 foi a linha de extrusados (sabões), segmento no qual temos o diferencial de produzir a matéria-prima, sebo. Ao longo deste ano temos presenciado crescimento na procura por detergentes lava louças e desinfetantes em pó. Já podemos considerá-los nossos campeões de vendas de 2016; seus preços mais em conta atendem às necessidades dos consumidores nessa situação econômica. Apesar da crise em curso e das decorrentes alterações de perfil e hábitos do consumidor, nossas vendas no primeiro trimestre subiram 2,5% em volume e acima de 15% em receita. Ainda para este ano, trabalhamos em mudanças na performance do amaciante Pelouche. Reavaliamos o produto como um todo, inclusos embalagem, rótulo etc. Teremos novidades bem interessantes.
PR – Em média e no geral, qual o atual consumo de embalagens da empresa e qual a diferença em relação a cinco anos atrás? E mais: qual a participação das embalagens nos custos de produção da GR e qual a diferença em relação a essa mesma participação cinco anos atrás?
Ribeiro – Em relação à primeira questão, apresento este quadro.
Quanto à pergunta sobre a participação das embalagens nos custos de produção da GR, constatamos que, nos produtos em embalagens primárias rígidas o percentual de participação pode chegar até 75%, considerando o custo total das embalagens secundárias e primárias. Já nos produtos em embalagens primárias flexíveis, temos que avaliar os tipos em separado, da seguinte forma:
Filmes Flexíveis: embalagem primária utilizada nos sabões extrusados. Podemos observar pelo gráfico uma queda acentuada no comparativo dos cinco anos em questão. Nesse caso, trata-se de uma mudança de perfil do consumidor. As donas de casa passaram a utilizar mais sabão em pó e líquido e reduziram o consumo dos sabões extrusados.
Filmes/Sacos: embalagens primárias utilizadas principalmente nos sabões em pó. O balanço dos cinco anos indica uma trajetória crescente de consumo, mudança atribuída ao fato de o consumidor buscar produtos com menor preço.
No geral, as embalagens flexíveis têm conquistado cada vez mais espaço nas gôndolas, substituindo as rígidas, que elevam muito o custo final do produto no ponto de venda.No mix de produtos domissanitários GR, há itens de baixo valor agregado, fazendo com que a representatividade das embalagens sobressaia ainda mais em relação à participação das matérias primas no total do custo final do produto. Com os investimentos que a GR vem fazendo em desenvolvimento para melhorar a performance dos produtos – o que abrange as matérias primas –, vem caindo a diferença de participação do dispêndio com a embalagem nos custos, se comparada aos últimos cinco anos. No geral, os fornecedores também têm buscado reduzir custos investindo em redução de peso das embalagens.
PR – Produtos de limpeza doméstica são muito limitados por custos para adotar grandes requintes e diferenciais nas embalagens. Como a GR busca destacar suas embalagens no ponto de venda?
Ribeiro – Estamos estudando mudanças nas embalagens, dentro do possível. Possuímos embalagens bem compatíveis com o mercado atual, como a do Lava Roupas Líquido Coco e sabões extrusados e água sanitária. Contamos com o suporte de excelente equipe de merchandising para nossos produtos ficarem bem expostos. Também utilizamos recursos de PDV como wobbler, faixa de gôndola etc. Nossos promotores também são muito eficientes nas negociações de pontos extras, o que deixa os produtos com maior destaque dentro dos supermercados. •