Contente com o excedente

Algar Agro estreia como fornecedora de pré-formas
Valente: excedente vendido para refrigerantes.

Em menos de um anos, a mineira Algar Agro, potência em óleo de soja, descobriu um mercado submerso na sua verticalização em garrafas de PET. “Após diversos estudos, entendemos que a comercialização da sobra de pré-formas, por meio da compra de mais um molde de injeção, poderia se tornar um negócio viável, principalmente pela otimização dos ativos existentes”, explica Edney Valente Lima Filho, coordenador de projetos estratégicos da empresa sediada em Uberlândia. “Em seu setor no Brasil, a Algar Agro é pioneira nessas vendas das suas pré-formas”.

PET exerce reinado quase absoluto entre as embalagens de óleo de soja. Não é pouca coisa. “Em 2015 foram comercializados 3,2 bilhões de litros e o mercado avançou 1,1% sobre 2014 e deve permanecer igual este ano”, dimensiona Valente.Nesse universo, a Algar hoje se distingue em embalagens tanto pela pré-forma de 14 gramas – recorde em leveza no gênero – para seus frascos de 900 ml como pela envergadura de sua operação. Estribada em duas injetoras canadenses Husky a postos em Uberlândia, sua capacidade total de produção é projetada em 35 milhões de pré-formas ao mês ou cerca de 520 t/mês de PET, resina suprida pela M&G. “No mesmo período, nosso consumo hoje chega a 25 milhões de pé-formas”, emenda Valente, estimando em torno de 58% a redução obtida nos custos da embalagem perante a alternativa de comprá-la de terceiros. O sopro da garrafa corre por conta de duas máquinas francesas Sidel Matrix SBO 12, uma delas em Uberlândia e a outra na unidade maranhense de Porto Franco. As tampas do óleo ABC, marca da Algar, são de polipropileno injetado pela Mirvi.

Ainda em estágio inicial, a venda do excedente de pré-formas já esgota a capacidade instalada da Algar Agro, revela o coordenador. “Nosso cliente é a indústria Refrigerantes do Triângulo, fabricante do Guaraná Mineiro”, afirma Valente. “Nossas pré-formas podem ser utilizadas pelos mais diversos setores; começamos pelo de refrigerantes”. O executivo descarta a hipótese de investir no sopro de garrafas de PET para terceiros. “Por ser uma operação menos complexa que a injeção, a modalidade de sopro da pré-forma já está bastante difundida”, argumenta.

Nelson Falavina, presidente da Sidel América Latina, não quis falar sobre o empreendimento da cliente Algar Agro. Na trincheira das injetoras de pré-formas, Paulo Carmo, gerente da unidade de negócios de embalagens do escrtório brasileiro da Husky, pondera que a verticalização adotada pela indústria mineira não deve engatilhar uma tendência no ramo de óleo comestível. “O caso da Algar não pode ser simplesmente trasladado a mais empresas do seu setor, pois as condições norteadoras de sua decisão decerto não se repetem em outros cenários.” Por sinal, ele constata, “o mercado brasileiro é muito bem atendido pelos fornecedores de pré-formas e embalagens em geral. Portanto, não é por indisponibilidade ou falta de qualidade ou competência no suprimento que os projetos de verticalização são considerados”.
Para injetar as pré-formas em casa, a Algar adquiriu equipamentos HyPET munidos de moldes de 48 cavidades. “Os critérios da escolha das injetoras incluíram quesitos como a modulação da produção conforme a demanda da linha de envase, o controle do processo e a meta de obter máxima redução de peso da pré-forma sem perda da qualidade final da garrafa de óleo”, sumariza Carmo.

“A Algar Agro adotou um modelo de integração vertical e visão empreendedora específica para seus negócios e parece feliz com o projeto”, observa Auri Marçon, diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). De outro ângulo, acrescenta, a especialização na injeção de pré-formas é a característica mais corriqueira na praça e embute fatores competitivos que podem ser mais interessantes para quem as compra. “Um transformador especializado tem abrangência bem maior que a indústria final verticalizada na embalagem, seja pela gama de produtos a serem fabricados (tipos de pré-formas para diferentes formatos, injetoras, moldes etc), seja pela ocupação mais eficiente do ativo investido, ou então, pelas habilidades para desenvolver projetos”, sustenta o dirigente.” Vender o excedente da capacidade, não é a mesma coisa que produzir inúmeros artigos, distribuí-los a várias regiões e atender necessidades de clientes em engenharia de embalagens” •

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