China determina futuro do etano dos EUA

Os dois países sairão perdendo se a guerra tarifária voltar após a trégua atual
China determina futuro do etano dos EUA

EUA e China pausaram por 90 dias, a partir de 14/5, suas impraticáveis barreiras tarifárias e, no caso do governo Trump, a trégua é extensiva a países não adeptos de retaliações das abusivas taxas originais de importações. “Apesar disso, os atores do mercado precisarão de mais tempo para digerir e esperar a poeira baixar”, ponderou análise postada em 10/5 no site Chemorbis.

No gramado das matérias-primas para petroquímica, o jogo de conjeturas ferve diante das perspectivas para exportações americanas de etano e propano. Em 2024, atesta o artigo, os EUA responderam por 62% do total de 1.4 milhão de barris/dia do comércio internacional de gás liquefeito do petróleo (GLP), em cuja composição constam frações relevantes de propano e etano. A China é importadora maiúscula de GLP e, em separado, de etano e propano. Em etano, em especial, a China tem dependido quase com exclusividade dos EUA nos últimos sete anos, nota a consultoria Kpler.

Se, passado o respiro tarifário de 90 dias, a China tornar a taxar em 125% suas importações americanas, os EUA depararão com superoferta de seu etano a curto prazo, com consequente erosão de preços, sustação de projetos de investimento neste gás e operação de sua capacidade instalada para o produto rodando com ocupação reduzida, para absorver o cenário de uma demanda sem China, por sinal um cliente de envergadura sem alternativa no planeta. Em reação a este hipotético cenário indigesto, segue a análise de Chemorbis, os EUA terão de diversificar os destinos internacionais para desovar seu excedente de etano o quanto possível e o necessário desenvolvimento de logística para tanto é um encargo moroso. Do seu lado, a China respondeu em 2024 por 57% das exportações americanas de etano e 27% das de GLP. Pelo estudo da Chemorbis, o país tem como absorver melhor a hipótese de volta do choque tarifário, pois, segundo calcula a estatal Sinopec, uma parcela de 70% da capacidade doméstica de eteno depende da rota da nafta e apenas 8% utiliza etano ou GLP.

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