Destronada pelo gás natural como matéria-prima mais competitiva para a petroquímica, a nafta pode ensaiar uma por volta por cima. Em perspectiva projetada para longo prazo, à margem das incertezas hoje instauradas pela fuzilaria tarifária de Trump, uma corrente de analistas compra o argumento de que a futura expansão da capacidade mundial de eteno abrirá espaço para também ser suprida pela nafta, nas pegadas da procura crescente por petróleo cru para a produção direta de petroquímicos. Esta percepção veio à tona na partida, em abril, de um cracker de 1.6 milhão de t/a de eteno resultante da nafta ativado pela ExxonMobil em Huizhou, na China, conforme relatado pelo site Chemical Week.
O novo cracker deve catapultar a demanda chinesa por nafta como matéria-prima. Afinal, conforme o artigo postado, a ExxonMobil já obteve do governo de Pequim permissão para, no primeiro lote solicitado, importar para o cracker cotas da ordem de 2.08 milhões de toneladas de nafta este ano, bem acima da parcela de 150.000 toneladas desembarcada na China pela petroleira norte-americana em 2024.
A China deverá canalizar suas importações de petróleo este ano para a geração de nafta, gás liquefeito e combustível de aviação, informa a matéria de Chemical Week. Em decorrência, a demanda chinesa por petróleo caminha para aumentar para a faixa de 300.000 barris/dia no período atual e mais 170.000 em 2026.
Incrustado em complexo petroquímico em Huizhou, província de Guangdong, o cracker da ExxonMobil está incumbido de prover eteno para duas plantas de polietileno de baixa densidade linear (PEBDL), somando capacidade para 1.2 milhão de t/a. Uma delas, de 730.000 t/a, entrou em funcionamento em fevereiro último alimentada com eteno de terceiros.
Entidade integrante da estatal China National Petroleum Corp., a entidade Economics and Technology Research Institute prevê aumento de 8.75 milhões de t/a na capacidade chinesa de eteno este ano, salto que resultará no total de 63.4 milhões de t/a do petroquímico básico. A mesma fonte atesta que a maior parte dos novos crackers de eteno no país rodará com nafta como matéria-prima.