Carta de navegação

A visão do mercado sempre com muito chão pela frente move a Plástico Brasil

“Fazer previsões é muito duro, especialmente sobre o futuro”, filosofava o treinador de baseball Yogi Berra. Ele tem pleno endosso do momento de realização desta Plástico Brasil 2025. Por bem poucas vezes, a feira nº1 do plástico nacional coincidiu com uma conjuntura tão incerta – uma observação sublinhada pelo fato de, como se diz no ramo, no Brasil a coisa mais típica é ano atípico.

Mesmo nesse contexto, 2025 pinta feito ponto fora da curva. No plano mundial, o terrorismo geopolítico e a metralhadora giratória tarifária de Trump transfiguram a indústria plástica e seu mercado, rompendo com modelos estabelecidos de cadeias de suprimento, onerando as operações e acuando a Europa, de competitividade vergada pelos custos de energia, e piorando, com a consequente disseminação de retaliações mundo afora, por países abalados por importações concorrentes, os esforços da China para reanimar sua economia pela via das exportações de sua capacidade sobrante de termoplásticos, entre outros bens. No mais, o crescente excedente global de resinas, em especial PE, continua a prejudicar a rentabilidade de petroquímicas, inclusas àquelas integradas a gigantes do petróleo, como comprova a manifesta intenção da Shell de sair de químicos na Europa, ou então, o recente anúncio da joint venture em petroquímica (Borealis/Borouge e planejada compra da Nova Chemicals) dos conglomerados Adnoc/OMV para racionalizar custos, ganhar escala e contrabalançar o desempenho a desejar das bases europeias, constituindo o quarto produtor mundial de poliolefinas.

No Brasil, por sua vez, as incertezas deste começo de 2025 se acentuam para o setor plástico num cenário tornado volátil pelo fato de a insegurança internacional coincidir com um quadro de desarranjo interno. Falam por si a inflação fora da meta, juros e dólar nas alturas e a teima do governo de plantão, de olhos fixos nas eleições de 2026, em recorrer a artifícios para animar de imediato a economia e o piorado custo de vida do eleitorado por meio de práticas ultrapassadas como a preservação de subsídios e privilégios e programas assistencialistas, de transferência de renda. Não mostra receptividade a preceitos de sucesso comprovado na vida real, sem delírios populistas, como adubar o terreno em prol da estabilidade no crescimento econômico a longo prazo e da maior segurança (jurídica, inclusive) para investimentos. Entre estas vias, destaque para o corte de despesas desnecessárias na inchada máquina pública e para o respeito ao princípio de não gastar mais do que arrecada.

A Plástico Brasil personifica a visão da indústria sobre o mercado como o clássico copo meio cheio. Ou seja, por mais instável, incerto e desafiador que seja a conjuntura, ela sempre conterá em seu bojo oportunidades que valem a pena explorar, tendências a seguir e indicações dos rumos para onde o vento sopra. São estas as diretrizes que moldam a evolução, patente nos estandes da feira, das máquinas, matérias-primas e da maturidade atingida pela transformação e reciclagem de plásticos no país. Faça chuva ou sol no astral da demanda, a indústria demonstra na Plástico Brasil aquela resiliência à toda prova com que, como diz o samba de Paulinho da Vola, ela faz como o velho marinheiro que, durante o nevoeiro, leva o barco a navegar. •

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