Empilhadeiras em baixa nos EUA

Escalada de acidentes e transporte robotizado pressionam pela substituição do equipamento
Empilhadeiras em baixa nos EUA

Ativo fixo em fábricas e armazéns do setor plástico brasileiro, a empilhadeira convencional começa a sair de cena nos EUA, por imposição das normas de segurança do trabalho, relata artigo de 5/1 postado no Wall Street Journal (WSJ). Presentes nas atividades de manufatura há mais de um século, elas começam a ser encaradas como entraves nas linhas de produção e estoques por indicadores do governo norte-americano, relativos às indústrias de manufatura em geral, a exemplo do envolvimento das empilhadeiras no registro anual de cerca de 7.500 operadores lesionados em colisões e tombos e cerca de 100 ocorrências de mortes. Em 2023, por sinal, três acidentes fatais foram constatados ao longo de 21 dias e uma referência preocupante foi a da operadora de empilhadeiras Adelaida Anderson no comando do veículo da fabricante Raymond. Ele tombou ao empacar numa rachadura do piso e, sem porta para saltar a tempo da cabine, Adelaida teve a perna esquerda amputada, abaixo do joelho, depois de esmagada pelo volante do equipamento na queda. Adelaida processou a Raymond e, após anos de litígio, recebeu indenização de US$13 milhões em 2024.

Não causa surpresa, portanto, o declínio estimado em 28% nas vendas em 2023 de empilhadeiras nos EUA, o maior no gênero em 14 anos, cita a matéria do WSJ. De outro ângulo, porta-vozes da indústria americana também atribuem o recuo no comércio do veículo à normalização da demanda após a explosão da construção de armazéns logísticos nos EUA durante as ondas da pandemia, em 2020 e 2021. A perspectiva de distanciamento das empilhadeiras do ambiente fabril norte-americano é ilustrada na reportagem pela transformadora de tubos plásticos Ipex. Sua nova planta, inaugurada em 2023 no estado da Carolina do Norte, foi planejada para minimizar o uso de empilhadeiras em prol das alternativas das pontes rolantes e paleteiras elétricas operadas manualmente. O diretor de produção Johnny Hammond atestou para o jornal que a mudança tornou o chão de fábrica mais seguro e silencioso e menos estressante. “Os empregados sentem que podem andar por qualquer lugar da planta sem se preocupar com a passagem de empilhadeiras no mesmo trajeto.”

Larry Pearlman, consultor de segurança do trabalho entrevistado pelo WSJ, comenta que, 10 anos atrás, poucos clientes consideravam a abolição das empilhadeiras, um efetivo que hoje ele situa em 10% da carteira de companhias atendidas por sua empresa, a Safety and Consulting Associates. Pearlman confia no aumento dos interessados, na esteira do avanço das soluções robotizadas ne manejo e transporte de cargas nas linhas de produção e estocagem. Em sua fábrica de lavadoras de roupa em Clyde, no estado de Ohio, a fabricante de equipamentos da linha branca Whirpool já aposentou as empilhadeiras por rebocadores robotizados no transporte de componentes entre as áreas da produção, acrescenta a matéria do WSJ.

Em reação às pressões, fabricantes americanos de empilhadeiras afirmaram ao WSJ estarem inserindo mais recursos de segurança nos veículos. Por exemplo, cintos mais visíveis no assento do condutor, luzes de aviso de que uma empilhadeira está a caminho e sensores que diminuem a velocidade do equipamento na iminência de colisão. Eles também rogam ao seu mercado pela maior adesão às regras de treinamento, em linha com as normas do governo que exigem essa instrução para os operadores de empilhadeiras e a reavaliação trienal desses conhecimentos. De acordo com o WSJ, a autarquia Occupational Safety and Health Administration registra perto de 2.000 intimações ao ano de companhias com programas de treino com empilhadeiras tidos como inadequados. Os fabricantes do equipamento também atribuem a escalada de acidentes à alta rotatividade dos condutores e lamentam os estragos na imagem de seu segmento causados por um enxame de vídeos, disponíveis no YouTube e TikTok, que mostram empilhadeiras derrapando, colidindo e derrubando no chão cargas superdimensionadas para a operação correta e segura do veículo.

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