Apesar do contraste entre o descomunal excedente global de resinas e sua desnutrida demanda, continuarão a fluir em 2025 investimentos na expansão das capacidades, assevera em artigo de 16/12 John Richardson, analista blogueiro do site da consultoria Icis. Consenso entre consultorias justifica essa desova de recursos como meio de players protegerem e/ou ampliarem participações de mercado, mesmo sob o peso da hiper oferta e de quatro anos de erosão da rentabilidade das resinas, baixa iniciada com o fim do superciclo mundial de investimentos petroquímicos (1992-2021).
A Ásia vai liderar essas ampliações em 2025, a tiracolo de complexos movidos a eteno/etano obtidos do gás natural do abundante petróleo local e, principalmente, da China, obcecada por conquistar autossuficiência plena na produção de resinas, tal como conseguiu em PP no plano recente. A investida da China é baseada em unidades de polímeros integradas a refinarias de óleo cru e alimentadas pela nafta provida por elas para gerar eteno.
O crescimento da capacidade petroquímica chinesa é subsidiado pelo governo de Pequim como parte de sua estratégia de, via exportações, aliviar os resultados negativos aferidos com o colapso imobiliário, dívidas do poder público e desemprego da ordem de 5.1% em 2024, taxa que passa a dois dígitos no âmbito da população jovem, indica Richardson. Em meio a esse clima pesado, pesam coordenadas como a fatia da China arredondada em 40% da demanda global de resinas e o fato de investimentos em geral responderem há 20 anos por mais de 40% do seu PIB versus a participação da ordem de 25% na média dos demais países, pela régua do banco Mundial, informa o blogueiro. Por razões como este descompasso nos investimentos, a esperada intensificação das exportações de químicos e resinas da China, sustenta Richardson, deve ser contra atacada mundo afora com medidas protecionistas.
O quadro leva Richardson achar que os fracos spreads petroquímicos (diferença entre o preço da resina e sua principal matéria-prima) aferidos em poliolefinas (as resinas mundialmente mais consumidas) chinesas não devem recobrar forças em 2025, influenciando os spreads de grades internacionais a também estagnarem na fraqueza. Aos fatos e números do banco de preços da consultoria Icis: com base no preço da resina da China CFR perante o custo de nafta do Japão CFR, os spreads de PEAD ficaram na média de US$ 487/t entre 1993 e 2021 (período do último ciclo de expansão da petroquímica mundial) e despencaram para US$ 215/t no intervalo entre 5 de janeiro de 2022 e 13 de dezembro de 2024. Na mesma base de cálculo, os spreads do PEBD chinês atingiu a média de US$ 595/t entre 1993 e 2021 e encolheram para US$ 409/t no hiato de 5 de janeiro de 2022 a 13 de dezembro de 2024. Por fim, no que toca a PEBDL da China, os spreads emplacaram US$ 514/t de 1993 a 2021 e desabaram para a média de US$ 274/t entre 5 de janeiro de 2022 e 13 de dezembro de 2024.
A derrocada é extensiva aos spreads de PP da China, revelam o rastreio do banco de preços da Icis. Os spreads para copolímeros de bloco andaram na média de US$ 597/t entre 2003 e 2021e caíram à faixa de US$ 257/t de 5 de janeiro de 2022 a 13 de dezembro de 2024.Por sua vez, os spreads do grade para ráfia da China pairaram na média de US$ 545/t entre 2003 e 2021 e murcharam para US$ 232/t entre 5 de janeiro a 13 de dezembro de 2024. Por fim, completam os cálculos da consultoria, os spreads de homopolímero chinês para injeção registraram média de US$ 546/t entre 2003 e 2021 e minguaram para o patamar de US$ 232/t no intervalo de 5 de janeiro de 2022 a 13 de dezembro de 2024.
Richardson fecha sua análise recomendando aos produtores de resinas repensarem suas estratégias para lidar em 2025 com a realidade do mercado mundial de químicos pós-superciclo de investimentos.