Sem investimentos há mais de uma década, a indústria brasileira de polipropileno biorientado (BOPP) foi pega num fogo cruzado do qual tem poucas chances de atravessar incólume. O tiroteio abre com ofensiva da superoferta mundial do filme, a cargo de unidades de escala e tecnologia super em dia e acesso no exterior a PP bem mais barato que o da Braskem. Os balaços continuam com a ameaça de o filme brasileiro perder bom naco do seu cliente internacional nº1, a Argentina hoje rediviva pelo livre mercado, para a concorrência mais competitiva da Ásia e Peru. Vem do Peru, aliás, a outra rajada no poleiro de BOPP no Brasil. Maior produtor latino-americano da película, o grupo peruano Oben estreia na manufatura por aqui com a compra da Terphane, empresa vendida pela americana Terphane e dona de duas plantas de poliéster biorientado (BOPET), nos EUA e Pernambuco. Antes dessa transação, o Oben já liderava as exportações de BOPP para cá. O conhecimento ao vivo da dinâmica do mercado interno, possibilitado pela gestão da fábrica de quase 50 anos em Cabo de Santo Agostinho, deve engrossar a entrada aqui de BOPP de plantas sul americanas do Oben. Para piorar essa pedreira, a economia brasileira se desidrata com dólar e juros na lua, inflação escalando em 2025 e 2024 fechando com a maior dívida bruta da história do país, R$ 9 trilhões. Na entrevista a seguir, a fuzilaria desfechada sobre BOPP, com muito em comum com os transtornos da transformação nacional de plástico em geral, é exposta sem açúcar por uma sumidade na cadeia de embalagens, Erasmo Fraccalvieri, químico pós-graduado em produção industrial, MBA em Finanças e presidente da consultoria EF Desenvolvimento.
As barreiras tarifárias prometidas por Trump para importações de produtos chineses pelos EUA e a prostração da economia europeia tendem a engrossar a entrada no Brasil de filmes asiáticos de BOPP em 2025? Os filmes sul-americanos tendem a perder para os da Ásia a liderança no ingresso de BOPP do exterior no Brasil a partir do ano que vem?
Isto já ocorre desde 2023. Ainda em 2022 tivemos a invasão da Ucrânia, que impôs o embargo ao petróleo russo (marca de referência urals). China e a Índia passaram então a comprar este petróleo com desconto enorme em relação aos tipos Brent (referência global) e WTI (referência para EUA). Este petróleo passou a compor a base dos petroquímicos asiáticos. Por coincidência (embora eu não creia em coincidências na geopolítica), a demanda europeia por alimentos inicia sua queda no segundo semestre de 2022. A partir daí, a Ásia já começava a ver o mercado sul-americano como potencial comprador do excedente internacional. A Europa, por sua vez, é um gigante consumidor de embalagens flexíveis, uma queda de 10% no consumo desse continente em retração econômica tem um impacto enorme na oferta global. Quanto aos EUA, o fim do seu Sistema Geral de Preferências (SGP, com foco na redução de tarifas de importação de países em desenvolvimento) dificulta desde 2021 o cenário para os exportadores da América do Sul.
As possíveis barreiras prometidas por Trump são só um ‘tempero’ na situação já complicada. A própria economia americana também dá sinais mais claros de arrefecimento na atividade industrial e o protecionismo é uma forma de postergar a desaceleração inevitável.
O problema no Brasil chama-se: inevitável estagnação da renda e consequente estagnação da demanda interna por alimentos. A forte entrada de importados não cede rapidamente devido à dinâmica. Os volumes entrantes hoje são reflexo da percepção de meses atrás. Então, 2025 poderá ver a entrada desenfreada de BOPP associada à dificuldade de escoamento da indústria nacional atrelada a uma possível estagnação do consumo. A receita perfeita para a hiper oferta.
Com base na referência dos preços internacionais de BOPP e na sua super oferta mundial, como avalia a hipótese de, além de importar o filme para conversão aqui, o Brasil passar a importar a embalagem final de BOPP já acabada em 2025 ou a partir de 2026?
Costumo sempre dizer que eu não acho nada. É preciso olhar para os dados. Vamos analisar, por exemplo, o comportamento das importações de dois importantes grupos destes filmes convertidos. Gosto muito de acumular valores em 12 meses para enxergar a tendência dos movimentos de volumes. A divulgação mensal é ruim para acompanhar os movimentos e as sazonalidades ficaram comprometidas após a pandemia.
Sendo assim, ao acumular volumes em 12 meses podemos perceber mais claramente a tendência do movimento. Pegue, por exemplo, o grupo da descrição SH6 3923.29 (sacos, bolsas e cartuchos, de outros plásticos). De outubro do ano passado a outubro deste ano, o salto foi maior do que 50%. A inclinação da reta deixa evidente a força e a tendência do movimento para este grupo de bens.
Outro grupo interessante é o 3921.90 (outras chapas, folhas, películas, tiras, lâminas, de plásticos), onde o BOPP impresso pode se encaixar. Historicamente, estes volumes importados encontram-se nas máximas.
Com base nesses dados, entendo que não se trata de uma hipótese. É um fato a alta probabilidade de que se mantenha este movimento de importação de filmes convertidos, ao menos no curto prazo.
Como a decretada isenção tarifária para importações na Argentina pode afetar o mercado brasileiro de BOPP e a indústria brasileira do filme? A Argentina deve passar a ser exportador regular de BOPP por ela importado para cá e zerar suas habituais compras do produto brasileiro? A Ásia deve destonar o nosso BOPP das importações argentinas desse filme?
Primeiro, acho prudente esclarecer que o anúncio recente de isenção de impostos refere-se à importação argentina de produtos feita por pessoas físicas de compras até US$ 400. O que existe para as empresas é uma medida tomada em setembro último – a redução do PAIS (Imposto para uma Argentina Inclusiva e Solidária). Esta alíquota foi reduzida de 17,5% para 7,5% a partir de 2 de setembro. Vale lembrar que produtos asiáticos permanecem com taxas de imposto de importação diferentes de produtos do Mercosul.
Vamos novamente aos números. Assim como o Brasil, a Argentina tem seus dados abertos de importação. Segundo o histórico, o volume de BOPP entrante na Argentina é superior a 50%. Entretanto, em outubro passado, a representatividade é a pior desde janeiro de 2022. Por coincidência, 2022 marca o início da desaceleração europeia e o impacto na oferta global de resinas e filmes.
Para entender o que está ocorrendo, precisamos analisar quais países estão aumentando sua representatividade no país vizinho. Houve, decerto, uma perda de fatia de mercado pelas empresas brasileiras. Hoje, Peru, China e Índia representam 28,7% dessas importações; em 2023 o indicador não chegava a 10%. Os três países triplicaram sua participação com clara movimentação peruana.
A partir desses dados podemos tirar, ao menos, duas conclusões.
1- Peru, representado pelo grupo Oben, apesar de sentir os impactos da oferta global, ganha vantagem em competitividade por ter liberdade na aquisição de matéria-prima, diferente dos players do Brasil.
2- China e Índia, mesmo com impostos de importação, ampliaram de modo significativo sua participação no país vizinho, demonstrando que barreiras tarifárias podem ser inócuas no novo movimento global. Semelhante ao que vem ocorrendo no Brasil.
A hipótese da Argentina tornar-se exportador de BOPP para o Brasil me parece improvável, pois os insumos asiáticos ainda sofrem as taxas de importação regulares do Mercosul para entrar no país vizinho. Esta taxa, acrescida dos custos logísticos, deve inviabilizar o fluxo. A não ser que o Brasil exagere no protecionismo.
O grupo peruano Oben, nº1 sul-americano em BOPP, estreia na transformação de plástico brasileira assumindo a planta pernambucana de BOPET da Terphane. Como isso pode alterar sua atuação no cenário brasileiro de BOPP?
Assim que o acordo de venda da Terphane foi chancelado pelo CADE, as ações da vendedora americana Tredegar subiram 11%. Em outras palavras, para o mercado financeiro dos EUA, a venda foi um bom negócio. Como a Oben não é empresa de capital aberto, posso opinar pouco a respeito de seus números e estratégias. Entretanto, ela assume uma planta defasada e custosa quando comparada com as internacionais. A fábrica é distante dos principais centros brasileiros de consumo e exposta ao custo Brasil e logístico interno. Além de tudo, está impedida de pleitear medidas protecionistas por cinco anos. Ao mesmo tempo, adquire expertise brasileira e posicionamento nos EUA (Oben comprou a planta americana de BOPET da Tredegar), o que é uma vantagem competitiva. Esta expertise brasileira poderá ser usada como incremento significativo de oferta de BOPP colombiano e peruano. Dada a agressividade histórica do grupo, isto pode ser o um problema imediato para os transformadores brasileiros de BOPP. Veja só, Colômbia e Peru representam quase 37% do volume entrante de BOPP aqui este ano (em 2023 foi 32% e em 2022 foi 29%). Há uma clara estratégia de ampliação de presença da Oben. O fato da aquisição da Terphane não deve trazer estes números para baixo.
A presença do Grupo Oben por aqui deve catalisar movimentos de fusões e aquisições entre players locais de BOPP?
A fusão ou a aquisição não é mais uma opção na cadeia do plástico, passa a ser uma obrigação, é uma questão de sobrevivência ante um cenário claro de duro aperto na competitividade. Não é somente sobre o BOPP, mas na cadeia toda. O domínio territorial é uma das formas de se proteger. E proteção do quê? A próxima e inevitável mudança será logística e tecnológica.
A cadeia do plástico brasileira tem baixo grau de tecnologia. Não se trata apenas de maquinário. Empresários brasileiros do plástico costumam pensar apenas em tecnologia de produção. Passou da hora de olhar a implementação de tecnologia em todos os setores, além do chão de fábrica. A cadeia continua toda desagregada, é o que chamamos de ‘stop and go’. Não há fluidez. Não há uma cultura de dados, a maioria das empresas em toda a cadeia ainda tem os dados ‘presos’ em sistemas de gestão (ERP) engessados. O principal software utilizado, da pequena indústria à de grande porte, é o Excel manualmente editado.
Outro fator que amplifica este comportamento é a cultura do medo. As últimas quatro décadas foram marcadas por uma espécie de isolamento gerencial. O empresário médio brasileiro da cadeia do plástico tem aversão a contratos e parcerias. Reina a desconfiança. Como resultado, o nível de estoque ao longo da cadeia é excessivo.
Nos últimos 10 anos, ao gerir a distribuidora de BOPET e BOPP Tecnofilme, analisei milhares de balanços da conversão brasileira. A mediana da idade média de estoque (IME) é de 50 dias nos últimos cinco anos. Consideremos que a taxa básica de juros (Selic) deve beirar 14% em 2025. Nesse contexto, manter um estoque de 50 dias e dar prazos de pagamento de 60 dias sem aplicação de juros é suicídio. A margem EBITDA ronda a faixa de 3% em média. A conta não fecha. A última fronteira de custos é a tecnologia e a logística.
Além de obcecado pelo isolamento e desconfiança, o empresário brasileiro parece não compreender o impacto da inteligência artificial (IA) nos negócios. Ainda há quem nunca tenha experimentado nenhuma IA generativa (ChatGPT, Gemini, Claude etc). Num recente relatório de cenário de negócios divulgado pela consultoria S&P Global foi apresentada a questão: Minha empresa investiu em IA nos últimos 12 meses. Mais de um terço (36%) de empresários da Alemanha responderam ‘sim’. Apenas 9% dos brasileiros responderam positivamente. É o Brasil dando o recado de que deve ficar ainda mais para trás no cenário de produtividade global.
A Zona Franca abriga até hoje apenas uma planta de BOPP, da Innova, mas não tem convertedores do filme. Daqui por diante, como avalia a possibilidade de, a curto prazo, BOPP importado passar também por conversão em Manaus, para a embalagem pronta ser depois comercializada no restante do país?
Sou suspeito para falar de Zona Franca. Não gosto do projeto e acredito ter se distanciado da proposta original. Compreendo todo o esforço para levar desenvolvimento à região. Estudos da FGV demonstram que a renda per capita melhorou ao longo dos anos e que o desenvolvimento local está diretamente ligado às quedas de desmatamento. Além disso, a região enfrenta um sistema logístico vulnerável, altamente dependente das vias fluviais. A falta de infraestrutura adequada tem sido um entrave significativo para o transporte eficiente de insumos e produtos. Todavia, na prática, criamos um ‘monstrinho’ no nosso quintal. Por exemplo, a Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins (Adirplast) vem alertando sobre as práticas não convencionais de repasses de resinas importadas na região e a deslealdade na concorrência criada nas demais regiões.
Poderíamos utilizar a Zona Franca como porta de saída dos nossos produtos. Em vez disso, criamos um concorrente em casa. No plano da logística, sabemos dos problemas enfrentados. Afinal,a região é muito distante dos principais polos de desenvolvimento e Sudeste e Sul representam 70% do PIB. Há um malabarismo logístico para tornar o fluxo viável.
Indo direto ao ponto da pergunta, respondo que a possibilidade é positiva. Entretanto, há tanta incerteza quanto ao tema que, talvez, este seja o motivo de ainda não termos convertedores na Zina Franca. O Brasil passou a questionar com mais frequência os incentivos fiscais, dada a nossa condição atual de déficit. Assim como a isenção tarifária é tentadora, as incertezas quanto às mudanças de regras também afastam o investidor. O custo de investimento é muito alto comparado com a falta de certezas de continuidade dos negócios. E digo mais: o empresário brasileiro gasta muita energia tentando encontrar benefícios tributários. O pagamento de contadores e advogados especializados tem custo. Estes valores poderiam estar sendo utilizados nas melhorias tecnológicas e na melhoria de serviços prestados.
A capacidade total (todos os players) brasileira de BOPP ronda a marca de 270.000 t/a e o atual padrão internacional de competitividade no filme hoje começa a partir de 500.000 t/a. Há cerca de 15 anos os players nacionais de BOPP não modernizam seu parque de extrusão e, exceto a unidade da Innova, dependem crucialmente do PP da Braskem, mais caro que a resina dos EUA e Ásia. Como ficam as condições da indústria local de BOPP para enfrentar a disputa com o filme importado que deve piorar em 2025?
Detesto ser desagradável, mas a resposta está na própria pergunta. Quero ampliar a discussão. Infelizmente, temos mania de separar o nosso nicho do resto dos outros nichos. BOPP, assim como BOPET e qualquer outro produto transformado está inserido na indústria de transformação brasileira. Há um cenário macroeconômico vigente e ele afeta, de forma majoritária, boa parte dos nichos. O problema enfrentado pela indústria de BOPP não difere das demais indústrias de transformação. A produtividade brasileira está estagnada há mais de uma década.
Pior ainda, a participação da indústria de transformação no PIB vem caindo ao longo do século. Não sou eu quem diz, são os dados e BOPP está inserido neste macroambiente industrial. Os elementos-chave para a competitividade de um país são sempre os mesmos: capacitação populacional, infraestrutura adequada, modernização e tecnologia. Estamos cada vez mais atrasados em todos os quesitos e o resultado não poderia ser outro.
Voltando à pergunta, as condições da indústria local de BOPP são semelhantes à situação da maioria das empresas brasileiras de transformação: totalmente vulnerável. A Ásia, em especial a China, reuniu ao longo deste século todas as condições de se tornar a indústria do mundo. Eu creio ser mais fácil aceitar o fato do que tentar resistir.
Se essa disputa endurecer conforme o previsto, qual a possibilidade de a cadeia brasileira de BOPP clamar ao governo nos próximos anos por protecionismo contra a concorrência externa? Se isso ocorrer, como ficarão as reclamações do setor transformador contra o aumento para 20% desde outubro das alíquotas de importação de resinas e produtos químicos?
Quem me conhece sabe que tenho verdadeira ojeriza a medidas protecionistas. Elas são o reflexo do atraso e servem como atestado de ineficiência. Medidas protecionistas fazem sentido se estivermos no mesmo pé de igualdade competitiva (capacitação, infraestrutura, modernidade e tecnologia). Não é o caso, faz tempo. Ao impor qualquer medida, seja tarifária ou antidumping, decreta-se ao restante da cadeia produtiva um aumento de preços injustificado. Em outras palavras, para ‘proteger’ uma indústria ineficiente e ‘meia dúzia’ de empregos, tira-se toda a competitividade de uma cadeia. Os demais players recebem uma sentença de pagar mais e, às vezes, por produtos de menor qualidade. No fim das contas, a medida é inflacionária. É a população quem paga mais e, às vezes, por artigos piores.
Dada a alta vulnerabilidade do Brasil à questão inflacionária e consequente aumento das taxas básicas de juros, a indústria nacional pode até pleitear algum protecionismo, mas a lógica não deve permitir, a não ser que o lobby seja forte.
O transformador reclama com razão, ele quer alternativas e liberdade de escolha. Ao estar exposto aos preços globais, ele ganha competitividade. Quantos empregos poderíamos gerar se a indústria de conversão brasileira fosse globalmente competitiva?
Por falta de investimentos da Braskem, a oferta de PP nacional diminui a cada ano e incrementa as importações complementares da resina para suprir a contento a demanda interna geral. Como esse quadro, acrescido ao dólar caro e volátil e clima inibidor para investimentos na capacidade nacional do filme, pode alterar o panorama para BOPP no Brasil em 2025?
Vamos ao cenário macro global que se desenha desde 2022 e fica cada vez mais evidente. O Brasil não é uma ilha e nossas empresas também não são. Se o mercado percebe, somente agora, a questão da super oferta, é porque ela já ocorre há tempos. No plano recente, o mercado interno foi exposto aos dados de divulgação de benefícios fiscais recebidos por empresas nacionais.
Eu tenho uma visão prática. É uma questão de valuation. Se uma empresa necessita de bilhões de reais em incentivos fiscais, pleiteia ainda mais aumentos em taxas de importação e, ao mesmo tempo, ainda recorre a qual é o seu grau de competitividade? Ao verificarmos os valores de negociação na Bolsa, as ações da Braskem estão sendo negociadas a preços muito baixos, próximos aos valores da pandemia. Se deflacionarmos estes valores, a situação é ainda mais crítica, pois R$ 15,00 na pandemia equivalem a R$ 20,00 hoje, deflacionados pelo IPCA.
Sempre peço a meus mentorandos para não ignorarem o mercado financeiro. Acompanhe as negociações de empresas correlacionadas ao seu nicho. O preço que você vê na tela hoje é a expectativa futura de lucros. Empresários brasileiros da geração baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964) têm, com razão, aversão à Bolsa. Porém, as coisas mudaram. É preciso entender que o mercado financeiro valoriza as empresas diariamente e esta valoração está ligada à sua expectativa de desempenho (fluxo de caixa descontado) no curto prazo (3 a 6 meses).
Cenário volátil de câmbio e Selic não são exclusividade deste ano. O Brasil tem um histórico bem volumoso neste quesito. Me surpreendo toda vez que percebo desconhecimento amplo sobre derivativos (contrato a termo de moedas/NDF, opções, swap etc.) da área financeira de transformadores e convertedores para hedge de câmbio e taxa de juros. Talvez a aversão ao mercado financeiro dos baby boomers possa ter contribuído para esta vulnerabilidade atual.
Então, precisamos ser práticos e realistas. Na Argentina, a Dow anunciou este ano o encerramento da sua produção de insumos para poliuretano e a Petroquímica Rio Tercero vai fechar a unidade tolueno diisocianato. Medidas tomadas sob a alegação de rentabilidade insatisfatória devido à superoferta global.
Talvez não gostem do que vou declarar. O jogo está sendo perdido, não faz sentido decretar dificuldades para toda uma cadeia, a ponta final precisa respirar. Se o negócio não é viável, encerre as atividades.