Na contramão dos vaticínios dos visionários da praça, a indústria petroquímica russa não só tem crescido como preenchido a contento a brecha surgida com o êxodo do país empreendido por companhias múltis após a guerra da Ucrânia, iniciada há dois anos por Putin, relata artigo postado em 23/10 no site Plastics News. A dependência de matérias-primas do exterior e o redirecionamento ao mercado doméstico de produtos antes exportados, em decorrência das barreiras ao comércio internacional impostas à Rússia, não alteram o pique da petroquímica do país no seu segundo ano seguido de expansão das vendas.
Rastreamento do governo registra que a petroquímica russa atendeu com 10.7 milhões de toneladas de polímeros a demanda interna (destaque para autopeças) em 2023 versus -3.7% em 2022. Para este ano, a projeção centralizada no poder público em Moscou é de salto de 5-6% no suprimento, incluso no cômputo um recuo de 15-20% nas exportações.
O quadro reportado por Plastics News é extensivo ao desempenho da transformação de plásticos russa e supera a performance da média da petroquímica na União Europeia, ressaltada no texto em estagnação de investimentos e declínio nas vendas nos últimos 10 anos. Maior economia da zona do euro, a Alemanha, exemplifica a reportagem, caminha para fechar o ano com queda de 15.3% na produção de polímeros e de 21.9% nas vendas, derrocada extensiva à sua indústria transformadora e atribuída a causas como a severidade da legislação ambiental, preços internos elevados à sombra de sobretaxas antidumping para importações de produtos chineses e, por fim, por uma agrura trazida pela Rússia: o encarecimento da energia no continente sangrando os custos industriais, represália de Putin à oposição da UE ao ataque à Ucrânia, mediante cortes no suprimento de gás natural russo.
Mikhail Kartsevman, presidente da união russa de transformadores de plásticos, afiançou na matéria de Plastics News que seu setor cresce este ano acima do PIB e mais do que qualquer indústria de manufatura no país. Quanto à dependência de matérias-primas importadas, sustenta que, entre cinco a 10 anos, a Rússia atingirá a autossuficiência tecnológica. Além de ocupar o espaço deixado no mercado interno pelas empresas que saíram do país, a petroquímica russa anda sequiosa por diversificar sua presença no comércio exterior, de acesso complicado pelas penalidades aplicadas pela União Europeia e EUA em reação à guerra na Ucrânia. Segundo o artigo postado em Plastics News, um dos raros clientes internacionais é a Turquia, citada como o maior hub europeu de comércio de polímeros da atualidade, graças aos liberados desembarques de materiais russos.