A cadeira cativa do Brasil entre os grandes mercados mundiais de água mineral, refrigerantes e cosméticos e a torcida pela entrada em vigor de lei obrigando uso de plástico reciclado em artefatos transformados decerto pesaram para convencer o Capital Circulate, fundo privado de Singapura de cabeça feita pela circularidade, a desembarcar em PET reciclado bottle to bottle (BTB) no país. Mídias como o portal Sustainable Plastics informam que a porta de entrada é um investimento em conjunto com a gestora financeira brasileira eB Capital, acionista majoritária das recicladoras Green PCR e Global PET. A transação alarga a presença do investidor múlti no nicho nacional de PET BTB, até então limitado à subsidiária da petroquímica tailandesa Indorama à frente de unidade de reciclagem em Minas Gerais.
O aporte de recursos da Capital Circulate também afeta o pódio dos recicladores de PET grau alimentício no país. Afinal, foi noticiado que um efeito da participação do parceiro da eB Capital será a unificação da Global PET e Green PCR na recém- criada companhia Cirklo. A junção de forças, conforme foi assegurado à mídia, dará forma à maior recicladora independente de PET BTB do Brasil, reduto dominado por seis indústrias e até então liderado pela corporação Valgroup, como assinalou a Plásticos em Revista em 2023 Irineu Barbosa Junior, sócio minoritário e co-fundador da Global PET. Estimativas dele e da eB Capital situam em 30.000 t/a a capacidade da Green PCR em Campinas (SP) e em 3.500 t/mês a da unidade-sede da Global PET em São Carlos (SP) e em 6.000 t/mês a da filial no polo industrial químico de Guaiúba (CE), ativada este ano. A eB Capital embolsou o controle majoritário da Green PCR em 2022 e, no ano seguinte, foia vez da Global PET.
De acordo com os dados colhidos pelo site Sustainable Plastics, ambas as indústrias somam condições para reciclar mais de quatro bilhões de garrafas PET ao ano. No release, é assegurado que a Cirklo investirá na expansão do parque industrial da Cirklo e é citada a meta de, durante a próxima década, desviar para reciclagem a destinação em aterros da ordem de 1.3 milhão de toneladas de resíduos pós-consumo de PET.
Pelos cálculos de Irineu Barbosa, a capacidade brasileira de PET BTB rondava 175.000 t/a em 2023. Deve saltar para 305.000 no ano que vem, quando deverá responder por 35-40% do PET consumido no país, ele completa. O release da entrada em campo do fundo de Singapura atesta que PET mobilizou 38% da produção brasileira de 1.1 milhão de plásticos reciclados pós-consumo em 2022.
Em outra tacada no pano verde na América do Sul, informa o artigo no site Sustainable Plastics, o fundo Capital Circulate comprou em julho último a recicladora colombiana de flexíveis Polyrec.