Pouco mais de um ano após ser adquirida pelo paranaense Grupo Zonta, conglomerado empresarial assentado no Paraná e Santa Catarina, a transformadora Cipla passa por reformulação em regra, de modo a azeitar a integração com os negócios de seu controlador. Entre eles, desponta o varejo de alimentos, inspirador de uma diversificação para ampliar os horizontes dessa indústria sexagenária, rebatizada como Cipla Condor. Com sua produção em Joinville (SC) fincada em peças técnicas e utensílios domésticos para os setores automotivo, hospitalar, de construção e reposição, ela está estreando na monoextrusão de sacolas para os supermercados e atacarejos do Grupo Zonta.
O grupo adquiriu a Cipla, em recuperação judicial desde 2019, pela divulgada cifra de R$ 65 milhões em maio de 2023 e comunicando então na mídia receita de R$ 98 milhões em 2022. No início deste ano, a injeção de sangue novo no caixa da empresa começou a dar na vista com as aquisições, em nome da Cipla Condor, das indústrias IBP Plásticos e IBT Moldes por noticiados R$ 30 milhões. O investimento casa com o clássico portfólio de itens para bens duráveis da transformadora, mas seu novo comando quer mais. “Com a compra da Cipla, visávamos abrir mais mercados e conquistar um novo público com produtos até então inexistentes em nosso mostruário”, esclarece Robson Fernandes, CEO da empresa. “A entrada em sacolas plásticas veio do anseio de produzirmos para uso cativo do grupo, pois a Rede Condor é grande consumidora dessa embalagem”.
Noves fora, a Cipla Condor aportou R$ 6 milhões numa estrutura produtiva com potencial para gerar mais de 20 milhões de sacolas impressas mensais. “Os investimentos não param e, aliados à nossa superiodade produtiva, garantem o crescimento da Cipla, sempre norteado por qualidade e preços justos”, acentua Fernandes. A propósito, ele adianta, mais extrusoras e linhas de corte, dobra e solda de sacola estão sendo compradas. “Desse modo, estenderemos nossas embalagens aos demais supermercadistas e desenvolveremos outros produtos”. Fernandes não se pronuncia quando indagado sobre a possibilidade de a Cipla fornecer, por exemplo, rótulos plásticos para a água mineral Ouro Fino, outro negócio do Grupo Zonta.
A capacidade instalada no Brasil para sacola de saída de caixa bate fácil a demanda e, para agravar o descompasso, o consumo tem encolhido devido à rejeição ambiental dos varejistas à embalagem. Não é bem a paisagem dos sonhos para a Cipla produzir com viabilidade econômica as superofertadas sacolas, um segmento de flexíveis commodity e de margens baixas no qual a empresa debuta com escala discreta diante dos maiorais do ramo. Fernandes discorda dessa descrição. “ Existem grandes fabricantes, muito competentes, mas com nossa planta enxuta e com grandes negociações de matéria-prima (PE), estamos com preços muito competitivos para atuar no mercado atual”, rebate o CEO. “Então, quando alguns pensam não valer a pena investir em sacolas, dado o baixo valor agregado, eu garanto que estão completamente enganados, pois, com os benefícios e baixos montantes implantados em sua manufatura, reduzimos em mais de 10% os custos da operação das sacolas”.
Proliferam no mundo leis proibindo o uso de sacolas plásticas descartáveis, como as da Cipla Condor. Projetos de lei nessa direção tramitam há bom tempo no Legislativo e porta-vozes de entidades supermercadistas afirmam em público considerar essas sacolas rumo à extinção. Fernandes atribui essa artilharia contra a embalagem a um erro de análise. “O grande problema das sacolas plásticas não é o material, pois são 100% recicláveis, mas o descarte inadequado”, ele sustenta. “ É um equívoco penalizar um produto recuperável e de reúso possível em diversos segmentos se descartado corretamente. Deveríamos contar com políticas mais voltadas à reciclagem e não com aquelas que proíbem produtos recicláveis”.