Maior comprador de bens de consumo do mundo, o governo norte-americano insere a sustentabilidade até nas entranhas de suas licitações, a ponto de estipular o banimento de plásticos pós-consumo (para eventos e embalagens) das aquisições da máquina federal até 2027. Mais à frente, 2035 é o final do prazo idealizado para varrer todos os tipos de plásticos descartáveis das atividades governamentais, noticia reportagem no New York Times (NYT). Não será moleza como golear hoje o Corinthians, pois, reconhece o artigo, determinados plásticos de uso único, como os demandados pelo setor médico-hospitalar, carecem de substitutos de eficácia à altura.
A administração Biden apregoou em julho o intento de baixar regulamentações mais severas para enquadrar a cadeia plástica, citada no NYT como responsável por liberar na atmosfera poluentes como gases de efeito estufa. Em essência, a estratégia da Casa Branca visa refrear, mediante o peso e exemplo dado por suas compras cotidianas, o consumo de plásticos descartáveis e, ao mesmo tempo, amparar a criação de mercado para alternativas reutilizáveis, compostáveis e de reciclagem mais simples.
O empenho da Casa Branca em brecar plásticos de uso único, nota a matéria do NYT, espelha o crescente reconhecimento de que o mundo não conseguiu, até hoje, reciclar e gerir devidamente “o dilúvio de sucata plástica”, como descreve o texto. Entre 1950 e 2019, situa o artigo, a produção mundial de plásticos superou a casa de 400 milhões de t/a. Deve quadruplicar até 2050 e 40% do volume total hoje é preenchido por transformados de uso único, apontados pelo NYT como os pivôs da poluição plástica. “Ao tentarem articular tratados globais contra essa poluição, negociadores buscaram medidas para restringir a demanda e produção do material, uma abordagem rejeitada por produtores de petróleo e gás, matérias-primas dos plásticos”, menciona a matéria. A situação nos EUA, onde 12 estados já proíbem sacolas plásticas, é cavernosa. A reportagem assinala que, maior centro econômico e consumidor, o país encabeça a produção mundial de lixo plástico e apenas 9% desses resíduos coletados é reciclado, apesar de décadas de sensibilização da sociedade para a correta destinação. O percentual majoritário do material recolhido segue para incineração, aterros, exportação ou desova no meio ambiente, completa a reportagem.